Eh polemico, mas provavelmente uma das formas mais faceis de explicar o que eh o pais e o que eh a periferia de SP.
Porque polemico?
Dar um disco de rap pro Papa eh polemico, nao?
Sei la, na minha visão é std no contexto. Esse papa é cosmopolita e "progressista", sinceramente eu acho um presente interessante pra ele conhecer mais da realidade da periferia de SP. Se fosse um papa conservador, ai eu acho que até poderia ser polemico.. Mas com o chico, achei std.
Entao, mas o CD eh polemico por si so. Dar isso pro pai ou pra namorada ja eh algo polemico. Nao tem como dizer que eh std dar de presente pro papa, ne? Imagino os comentarios que isso deve estar gerando.
Tirando o pessoal que odeia os militares, o que os demais acham desse modelo?
Como é que fica a democracia em cenários como esse? Assumindo que esses percentuais seriam o resultado de um eventual plebiscito, qual a forma ideal de lidar com isso?
To falando de situações onde a população apóia algo de forma majoritária (tipo esse exemplo, maioridade penal, proibição do aborto, etc).
Ignorar a vontade da população, meio que admitindo que o povo é donkey e não sabe o que está falando?
Eu nunca entendi direito aquela frase de que democracia não é a ditadura da maioria.
Na verdade meu questionamento é bem básico mesmo. A gente elege um cara pra ele te representar. Ao mesmo tempo que ele, teoricamente, tem mais conhecimento para tomar as decisões, ele tá lá pra defender as mesmas coisas que vc defende, não?
Em outras palavras, o legislativo deveria a grosso modo refletIr a opinião do povo, mas isso não acontece (ainda bem!). Alguém pode explicar mais tecnicamente como deve ser o modelo?
"
Postado originalmente por Kleber
Esse assunto é bem complexo mesmo, eu já até te contei aquele conto das sereias. Basicamente, em tempos de "consciência" o povo faz a melhor Constituição possível, sabendo que em períodos de instabilidade ele mesmo vai querer desrespeitar ela.
Mas ai ele vai e coloca algumas cláusulas pétreas de respeito aos direitos humanos, limitações de reforma na constituição etc... Pra impedir que num momento de menos claridade mental o povo tome decisões ruins. Como na raiva por algum crime bizarro aceitar pena de morte, p.ex.
O outro lado da moeda é que isso pode gerar uma ditadura de uma geração pela outra. Tipo, nossa CF é de 88, eu por exemplo nem era nascido e sou regido por ela, pelo que as pessoas daquela época achavam que devia ser cláusula pétrea (e que eu até concordo, por acaso).
Outra resposta mais simples seria que você elege um Congresso pra ele decidir e não vc. Mas isso hj é uma resposta ruim pq o CN é tão conservador quanto a sociedade.
Quanto "ditadura da maioria": Nossa CF é plural, manda respeitar os direitos das minorias tb. Então vc n pode simplesmente botar tudo em plebiscito e pronto. Acho que se isso acontecesse nós seriamos uma república evangélica ou católica lol. O próprio conceito de democracia abarca liberdade religiosa, de expressão etc... Que muitas vezes seriam incompatíveis com o que a maioria quer.
Alguns comentarios:
- Tempos de consciência e períodos de instabilidade sao coisas bem subjetivas. Eu entendo a ideia e entendo a analogia com a historia da sereia, mas no mundo real isso eh mto mais complexo. Eu nao consigo garantir que em 88 tinhamos mais consciencia que agora.
- Como vc mesmo falou, as coisas mudam. A constituicao americana, por ex, eh a mesma desde sempre, como vc provavelmente sabe. Mta gente diz que isso eh uma das razoes do sucesso americano, pq se as regras ja estao estabelecidas ha mto tempo, existe menos instabilidade. Por outro lado, corre-se o risco de fazer uma constituicao ruim e ficar preso naquilo. Pelo pouco que sei, a constituicao americana eh mto mais curta que a brasileira, certo?
- No final das contas a democracia eh um engodo. Provavelmente eh o melhor sistema que ja criamos, mas mesmo assim ta longe de ser o que se vende. A propria Grecia mostrou isso recentemente qdo fez um plebiscito pra decidir algo bem especifico e foi contra a vontade do povo uma semana depois.
- A democracia em si garante o direito das minorias, entao o casamento gay deveria ser legal. Mas se 80% da populacao eh contra isso, a vontade do povo nao esta sendo cumprida. Isso nao eh uma contradicao?
-Talvez eu esteja donkando hard aqui ou sendo mto superficial, mas da a impressao de que o povo nunca eh representado. A principal diferenca entre uma ditadura e uma republica dividida em 3 poderes eh que no 2o caso diminui bastante a chance de decisoes extremistas serem aprovadas e faz com que as mudancas sejam feitas de forma bem mais gradual. O que provavelmente eh melhor na maior parte das vezes, mas nem sempre.
Você precisa ler é um bom Curso de Direito Constitucional, se um dia tiver tempo. Pelo menos a parte inicial. "Democracia" não é o ponto principal, e sim "Estado de Direito"
O ponto principal de um Estado de direito democrático não é a representatividade, mas um núcleo de direitos e garantias.
É fundamental a consolidação de alguns direitos como absolutos, independente de vontade de maioria. A consolidação desses direitos é mais importante que a representatividade. Imagine que 99% da população decida que apoia o extermínio de determinado grupo étnico. Você tem alguma dúvida de que a única escolha civilizada aceitável é classificar essa vontade de maioria como absurda e ignorá-la? Não por ignorar a população simplesmente, mas porque existem direitos chamados indisponíveis, e um deles é a vida. A existência desses direitos indisponíveis é pré-requisito para a existência de um Estado de Direito.
A aparente contradição mora no fato que você acha que "representatividade" é a palavra-chave, quando há um consenso entre todo mundo que estuda o assunto que a garantia de direito básicos é absurdamente mais importante. Como eu posso viver tranquilamente como minoria em um país que pode a qualquer momento acabar com meus direitos por uma escolha de maioria? A Alamanha nazista representa o caso prático disso. Desrespeito à propriedade e extermínio etnico por uma escolha de maioria representativa.
Tirando o pessoal que odeia os militares, o que os demais acham desse modelo?
Como é que fica a democracia em cenários como esse? Assumindo que esses percentuais seriam o resultado de um eventual plebiscito, qual a forma ideal de lidar com isso?
To falando de situações onde a população apóia algo de forma majoritária (tipo esse exemplo, maioridade penal, proibição do aborto, etc).
Ignorar a vontade da população, meio que admitindo que o povo é donkey e não sabe o que está falando?
Eu nunca entendi direito aquela frase de que democracia não é a ditadura da maioria.
Na verdade meu questionamento é bem básico mesmo. A gente elege um cara pra ele te representar. Ao mesmo tempo que ele, teoricamente, tem mais conhecimento para tomar as decisões, ele tá lá pra defender as mesmas coisas que vc defende, não?
Em outras palavras, o legislativo deveria a grosso modo refletIr a opinião do povo, mas isso não acontece (ainda bem!). Alguém pode explicar mais tecnicamente como deve ser o modelo?
"
Postado originalmente por Kleber
Esse assunto é bem complexo mesmo, eu já até te contei aquele conto das sereias. Basicamente, em tempos de "consciência" o povo faz a melhor Constituição possível, sabendo que em períodos de instabilidade ele mesmo vai querer desrespeitar ela.
Mas ai ele vai e coloca algumas cláusulas pétreas de respeito aos direitos humanos, limitações de reforma na constituição etc... Pra impedir que num momento de menos claridade mental o povo tome decisões ruins. Como na raiva por algum crime bizarro aceitar pena de morte, p.ex.
O outro lado da moeda é que isso pode gerar uma ditadura de uma geração pela outra. Tipo, nossa CF é de 88, eu por exemplo nem era nascido e sou regido por ela, pelo que as pessoas daquela época achavam que devia ser cláusula pétrea (e que eu até concordo, por acaso).
Outra resposta mais simples seria que você elege um Congresso pra ele decidir e não vc. Mas isso hj é uma resposta ruim pq o CN é tão conservador quanto a sociedade.
Quanto "ditadura da maioria": Nossa CF é plural, manda respeitar os direitos das minorias tb. Então vc n pode simplesmente botar tudo em plebiscito e pronto. Acho que se isso acontecesse nós seriamos uma república evangélica ou católica lol. O próprio conceito de democracia abarca liberdade religiosa, de expressão etc... Que muitas vezes seriam incompatíveis com o que a maioria quer.
Alguns comentarios:
- Tempos de consciência e períodos de instabilidade sao coisas bem subjetivas. Eu entendo a ideia e entendo a analogia com a historia da sereia, mas no mundo real isso eh mto mais complexo. Eu nao consigo garantir que em 88 tinhamos mais consciencia que agora.
- Como vc mesmo falou, as coisas mudam. A constituicao americana, por ex, eh a mesma desde sempre, como vc provavelmente sabe. Mta gente diz que isso eh uma das razoes do sucesso americano, pq se as regras ja estao estabelecidas ha mto tempo, existe menos instabilidade. Por outro lado, corre-se o risco de fazer uma constituicao ruim e ficar preso naquilo. Pelo pouco que sei, a constituicao americana eh mto mais curta que a brasileira, certo?
- No final das contas a democracia eh um engodo. Provavelmente eh o melhor sistema que ja criamos, mas mesmo assim ta longe de ser o que se vende. A propria Grecia mostrou isso recentemente qdo fez um plebiscito pra decidir algo bem especifico e foi contra a vontade do povo uma semana depois.
- A democracia em si garante o direito das minorias, entao o casamento gay deveria ser legal. Mas se 80% da populacao eh contra isso, a vontade do povo nao esta sendo cumprida. Isso nao eh uma contradicao?
-Talvez eu esteja donkando hard aqui ou sendo mto superficial, mas da a impressao de que o povo nunca eh representado. A principal diferenca entre uma ditadura e uma republica dividida em 3 poderes eh que no 2o caso diminui bastante a chance de decisoes extremistas serem aprovadas e faz com que as mudancas sejam feitas de forma bem mais gradual. O que provavelmente eh melhor na maior parte das vezes, mas nem sempre.
Você precisa ler é um bom Curso de Direito Constitucional, se um dia tiver tempo. Pelo menos a parte inicial. "Democracia" não é o ponto principal, e sim "Estado de Direito"
O ponto principal de um Estado de direito democrático não é a representatividade, mas um núcleo de direitos e garantias.
É fundamental a consolidação de alguns direitos como absolutos, independente de vontade de maioria. A consolidação desses direitos é mais importante que a representatividade. Imagine que 99% da população decida que apoia o extermínio de determinado grupo étnico. Você tem alguma dúvida de que a única escolha civilizada aceitável é classificar essa vontade de maioria como absurda e ignorá-la? Não por ignorar a população simplesmente, mas porque existem direitos chamados indisponíveis, e um deles é a vida. A existência desses direitos indisponíveis é pré-requisito para a existência de um Estado de Direito.
A aparente contradição mora no fato que você acha que "representatividade" é a palavra-chave, quando há um consenso entre todo mundo que estuda o assunto que a garantia de direito básicos é absurdamente mais importante. Como eu posso viver tranquilamente como minoria em um país que pode a qualquer momento acabar com meus direitos por uma escolha de maioria? A Alamanha nazista representa o caso prático disso. Desrespeito à propriedade e extermínio etnico por uma escolha de maioria representativa.
Coincidentemente alguém postou um curso de direito constitucional no face.
Tirando o pessoal que odeia os militares, o que os demais acham desse modelo?
Como é que fica a democracia em cenários como esse? Assumindo que esses percentuais seriam o resultado de um eventual plebiscito, qual a forma ideal de lidar com isso?
To falando de situações onde a população apóia algo de forma majoritária (tipo esse exemplo, maioridade penal, proibição do aborto, etc).
Ignorar a vontade da população, meio que admitindo que o povo é donkey e não sabe o que está falando?
Eu nunca entendi direito aquela frase de que democracia não é a ditadura da maioria.
Na verdade meu questionamento é bem básico mesmo. A gente elege um cara pra ele te representar. Ao mesmo tempo que ele, teoricamente, tem mais conhecimento para tomar as decisões, ele tá lá pra defender as mesmas coisas que vc defende, não?
Em outras palavras, o legislativo deveria a grosso modo refletIr a opinião do povo, mas isso não acontece (ainda bem!). Alguém pode explicar mais tecnicamente como deve ser o modelo?
"
Postado originalmente por Kleber
Esse assunto é bem complexo mesmo, eu já até te contei aquele conto das sereias. Basicamente, em tempos de "consciência" o povo faz a melhor Constituição possível, sabendo que em períodos de instabilidade ele mesmo vai querer desrespeitar ela.
Mas ai ele vai e coloca algumas cláusulas pétreas de respeito aos direitos humanos, limitações de reforma na constituição etc... Pra impedir que num momento de menos claridade mental o povo tome decisões ruins. Como na raiva por algum crime bizarro aceitar pena de morte, p.ex.
O outro lado da moeda é que isso pode gerar uma ditadura de uma geração pela outra. Tipo, nossa CF é de 88, eu por exemplo nem era nascido e sou regido por ela, pelo que as pessoas daquela época achavam que devia ser cláusula pétrea (e que eu até concordo, por acaso).
Outra resposta mais simples seria que você elege um Congresso pra ele decidir e não vc. Mas isso hj é uma resposta ruim pq o CN é tão conservador quanto a sociedade.
Quanto "ditadura da maioria": Nossa CF é plural, manda respeitar os direitos das minorias tb. Então vc n pode simplesmente botar tudo em plebiscito e pronto. Acho que se isso acontecesse nós seriamos uma república evangélica ou católica lol. O próprio conceito de democracia abarca liberdade religiosa, de expressão etc... Que muitas vezes seriam incompatíveis com o que a maioria quer.
Alguns comentarios:
- Tempos de consciência e períodos de instabilidade sao coisas bem subjetivas. Eu entendo a ideia e entendo a analogia com a historia da sereia, mas no mundo real isso eh mto mais complexo. Eu nao consigo garantir que em 88 tinhamos mais consciencia que agora.
- Como vc mesmo falou, as coisas mudam. A constituicao americana, por ex, eh a mesma desde sempre, como vc provavelmente sabe. Mta gente diz que isso eh uma das razoes do sucesso americano, pq se as regras ja estao estabelecidas ha mto tempo, existe menos instabilidade. Por outro lado, corre-se o risco de fazer uma constituicao ruim e ficar preso naquilo. Pelo pouco que sei, a constituicao americana eh mto mais curta que a brasileira, certo?
- No final das contas a democracia eh um engodo. Provavelmente eh o melhor sistema que ja criamos, mas mesmo assim ta longe de ser o que se vende. A propria Grecia mostrou isso recentemente qdo fez um plebiscito pra decidir algo bem especifico e foi contra a vontade do povo uma semana depois.
- A democracia em si garante o direito das minorias, entao o casamento gay deveria ser legal. Mas se 80% da populacao eh contra isso, a vontade do povo nao esta sendo cumprida. Isso nao eh uma contradicao?
-Talvez eu esteja donkando hard aqui ou sendo mto superficial, mas da a impressao de que o povo nunca eh representado. A principal diferenca entre uma ditadura e uma republica dividida em 3 poderes eh que no 2o caso diminui bastante a chance de decisoes extremistas serem aprovadas e faz com que as mudancas sejam feitas de forma bem mais gradual. O que provavelmente eh melhor na maior parte das vezes, mas nem sempre.
Você precisa ler é um bom Curso de Direito Constitucional, se um dia tiver tempo. Pelo menos a parte inicial. "Democracia" não é o ponto principal, e sim "Estado de Direito"
O ponto principal de um Estado de direito democrático não é a representatividade, mas um núcleo de direitos e garantias.
É fundamental a consolidação de alguns direitos como absolutos, independente de vontade de maioria. A consolidação desses direitos é mais importante que a representatividade. Imagine que 99% da população decida que apoia o extermínio de determinado grupo étnico. Você tem alguma dúvida de que a única escolha civilizada aceitável é classificar essa vontade de maioria como absurda e ignorá-la? Não por ignorar a população simplesmente, mas porque existem direitos chamados indisponíveis, e um deles é a vida. A existência desses direitos indisponíveis é pré-requisito para a existência de um Estado de Direito.
A aparente contradição mora no fato que você acha que "representatividade" é a palavra-chave, quando há um consenso entre todo mundo que estuda o assunto que a garantia de direito básicos é absurdamente mais importante. Como eu posso viver tranquilamente como minoria em um país que pode a qualquer momento acabar com meus direitos por uma escolha de maioria? A Alamanha nazista representa o caso prático disso. Desrespeito à propriedade e extermínio etnico por uma escolha de maioria representativa.
Em primeiro lugar, a chance de eu ler algo sobre direito beira a zero.......mas valeu pela explicacao.
Na verdade eu tinha uma certa nocao disso que vc falou, embora talvez nao tenha ficado claro nos meus outros posts. Eu acho isso relativamente facil de resolver quando falamos de direitos basicos. O exemplo que vc usou, de exterminio de uma etnia especifica, eh claramente um desrespeito a direitos basicos, entao fica facil entender que mesmo que 99% da populacao queira isso, nao pode acontecer.
O problema eh qdo migramos pra coisas que podem ser ou nao direitos basicos. Como o Kleber falou, cada um vai ter uma definicao do que esta contido ai. Pra uma feminista, o aborto eh um direito basico, enquanto pra um cara pro-vida, nao eh. Da pra fazer uma lista de coisas desse tipo imo.
Fora isso, quando saimos dos direitos basicos vamos ter uma porrada de coisas que sao mto mais close.
Tirando o pessoal que odeia os militares, o que os demais acham desse modelo?
Como é que fica a democracia em cenários como esse? Assumindo que esses percentuais seriam o resultado de um eventual plebiscito, qual a forma ideal de lidar com isso?
To falando de situações onde a população apóia algo de forma majoritária (tipo esse exemplo, maioridade penal, proibição do aborto, etc).
Ignorar a vontade da população, meio que admitindo que o povo é donkey e não sabe o que está falando?
Eu nunca entendi direito aquela frase de que democracia não é a ditadura da maioria.
Na verdade meu questionamento é bem básico mesmo. A gente elege um cara pra ele te representar. Ao mesmo tempo que ele, teoricamente, tem mais conhecimento para tomar as decisões, ele tá lá pra defender as mesmas coisas que vc defende, não?
Em outras palavras, o legislativo deveria a grosso modo refletIr a opinião do povo, mas isso não acontece (ainda bem!). Alguém pode explicar mais tecnicamente como deve ser o modelo?
"
Postado originalmente por Kleber
Esse assunto é bem complexo mesmo, eu já até te contei aquele conto das sereias. Basicamente, em tempos de "consciência" o povo faz a melhor Constituição possível, sabendo que em períodos de instabilidade ele mesmo vai querer desrespeitar ela.
Mas ai ele vai e coloca algumas cláusulas pétreas de respeito aos direitos humanos, limitações de reforma na constituição etc... Pra impedir que num momento de menos claridade mental o povo tome decisões ruins. Como na raiva por algum crime bizarro aceitar pena de morte, p.ex.
O outro lado da moeda é que isso pode gerar uma ditadura de uma geração pela outra. Tipo, nossa CF é de 88, eu por exemplo nem era nascido e sou regido por ela, pelo que as pessoas daquela época achavam que devia ser cláusula pétrea (e que eu até concordo, por acaso).
Outra resposta mais simples seria que você elege um Congresso pra ele decidir e não vc. Mas isso hj é uma resposta ruim pq o CN é tão conservador quanto a sociedade.
Quanto "ditadura da maioria": Nossa CF é plural, manda respeitar os direitos das minorias tb. Então vc n pode simplesmente botar tudo em plebiscito e pronto. Acho que se isso acontecesse nós seriamos uma república evangélica ou católica lol. O próprio conceito de democracia abarca liberdade religiosa, de expressão etc... Que muitas vezes seriam incompatíveis com o que a maioria quer.
Alguns comentarios:
- Tempos de consciência e períodos de instabilidade sao coisas bem subjetivas. Eu entendo a ideia e entendo a analogia com a historia da sereia, mas no mundo real isso eh mto mais complexo. Eu nao consigo garantir que em 88 tinhamos mais consciencia que agora.
- Como vc mesmo falou, as coisas mudam. A constituicao americana, por ex, eh a mesma desde sempre, como vc provavelmente sabe. Mta gente diz que isso eh uma das razoes do sucesso americano, pq se as regras ja estao estabelecidas ha mto tempo, existe menos instabilidade. Por outro lado, corre-se o risco de fazer uma constituicao ruim e ficar preso naquilo. Pelo pouco que sei, a constituicao americana eh mto mais curta que a brasileira, certo?
- No final das contas a democracia eh um engodo. Provavelmente eh o melhor sistema que ja criamos, mas mesmo assim ta longe de ser o que se vende. A propria Grecia mostrou isso recentemente qdo fez um plebiscito pra decidir algo bem especifico e foi contra a vontade do povo uma semana depois.
- A democracia em si garante o direito das minorias, entao o casamento gay deveria ser legal. Mas se 80% da populacao eh contra isso, a vontade do povo nao esta sendo cumprida. Isso nao eh uma contradicao?
-Talvez eu esteja donkando hard aqui ou sendo mto superficial, mas da a impressao de que o povo nunca eh representado. A principal diferenca entre uma ditadura e uma republica dividida em 3 poderes eh que no 2o caso diminui bastante a chance de decisoes extremistas serem aprovadas e faz com que as mudancas sejam feitas de forma bem mais gradual. O que provavelmente eh melhor na maior parte das vezes, mas nem sempre.
Você precisa ler é um bom Curso de Direito Constitucional, se um dia tiver tempo. Pelo menos a parte inicial. "Democracia" não é o ponto principal, e sim "Estado de Direito"
O ponto principal de um Estado de direito democrático não é a representatividade, mas um núcleo de direitos e garantias.
É fundamental a consolidação de alguns direitos como absolutos, independente de vontade de maioria. A consolidação desses direitos é mais importante que a representatividade. Imagine que 99% da população decida que apoia o extermínio de determinado grupo étnico. Você tem alguma dúvida de que a única escolha civilizada aceitável é classificar essa vontade de maioria como absurda e ignorá-la? Não por ignorar a população simplesmente, mas porque existem direitos chamados indisponíveis, e um deles é a vida. A existência desses direitos indisponíveis é pré-requisito para a existência de um Estado de Direito.
A aparente contradição mora no fato que você acha que "representatividade" é a palavra-chave, quando há um consenso entre todo mundo que estuda o assunto que a garantia de direito básicos é absurdamente mais importante. Como eu posso viver tranquilamente como minoria em um país que pode a qualquer momento acabar com meus direitos por uma escolha de maioria? A Alamanha nazista representa o caso prático disso. Desrespeito à propriedade e extermínio etnico por uma escolha de maioria representativa.
Em primeiro lugar, a chance de eu ler algo sobre direito beira a zero.......mas valeu pela explicacao.
Na verdade eu tinha uma certa nocao disso que vc falou, embora talvez nao tenha ficado claro nos meus outros posts. Eu acho isso relativamente facil de resolver quando falamos de direitos basicos. O exemplo que vc usou, de exterminio de uma etnia especifica, eh claramente um desrespeito a direitos basicos, entao fica facil entender que mesmo que 99% da populacao queira isso, nao pode acontecer.
O problema eh qdo migramos pra coisas que podem ser ou nao direitos basicos. Como o Kleber falou, cada um vai ter uma definicao do que esta contido ai. Pra uma feminista, o aborto eh um direito basico, enquanto pra um cara pro-vida, nao eh. Da pra fazer uma lista de coisas desse tipo imo.
Fora isso, quando saimos dos direitos basicos vamos ter uma porrada de coisas que sao mto mais close.
Sim.
Uma emenda à constituição exige 60% da Câmara e do Senado pra ser aprovada. Isso faz com que seja muito difícil aprovar uma emenda que não se aproxime de consenso, pois uma maioria simples não consegue aprovar nada.
Alem disso, tem a regra que acusam o Cunha de ter desrespeitado, que é só permitir a apreciação de uma PEC uma vez a cada exercício.
Logo, se não conseguir 60% hoje, só pode votar de novo ano que vem.
Esses instrumentos são feitos justamente pra garantir que maiorias circunstanciais não se consigam impor.
Agora, certas coisas precisam ser discutidas por especialistas também, é preciso aperfeiçoar. O objetivo de um parlamentar não é ficar fazendo enquete de eleitor. Se você vai discutir militarização de escola, deve ouvir especialistas favoráveis e contrários e entender as implicações, e depois tomar uma decisão. Pegar UMA escola que estava destruída e funcionou, mostrar um vídeo sobre ela e fazer uma enquente com o povo pra saber se ele apóia militarizar TODO o ensino básico é tudo que eu não quero que meu representante no congresso faça.
No dia 22 de dezembro de 2014, o Ministério da Educação e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), divulgaram o resultado do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) referente a 2013. O exame foi criado pelo Inep em 1998, com o objetivo de avaliar o desempenho do estudante ao fim da escolaridade básica. Os alunos concludentes do Ensino Médio são submetidos a provas objetivas, por áreas do conhecimento, além de uma redação.
Em 2013, 14.715 escolas participaram do exame. Dentro do Sistema Colégio Militar do Brasil (SCMB), 02 (dois) Colégios Militares constam da lista das cem melhores do país, entre escolas da rede pública e privada: Juiz de Fora e Belo Horizonte.
No âmbito das escolas públicas, os Colégio Militares de Juiz de Fora, Belo Horizonte, Porto Alegre e Salvador apresentaram média geral entre as 20 melhores do país.
Os Colégios Militares de Curitiba, Campo Grande, Fortaleza, Brasília e Manaus obtiveram o 1º lugar dentre as escolas públicas de seus estados.
Mais uma vez, os Colégios Militares destacaram-se em nível nacional e nos seus estados, comprovando a excelência na educação básica.
Parabéns aos corpos docentes, discentes e demais integrantes que compõem o Sistema Colégio Militar do Brasil.
Mas o esquerdinha vai preferir colocar o filho numa escola + ou - assim: com aulas de Capoeira, sociologia, artesanato, grafite, berimbau, gênero sexual...
Eu concordo que o problema seja a eficiência, essa tinha sido minha conclusão, principalmente por causa da burocracia.
Eu só não acho que o Brasil gaste muito, pelo menos nos dados que eu postei, o Brasil (24.8%) ta no grupo dos países que tem um gasto "médio". Bem longe de elefantes estatais como Dinamarca 43%, França 47% e Israel 39%.
Outro ponto é que a iniciativa privada também parece que sofre com essa falta de eficiência, porque também existem países que não gastam muito e mesmo assim são uma bosta.
E LOL, wtf Lituânia gastando 109% do PIB.
Mas você tá tentando separar duas coisas que estão totalmente ligadas. Ninguém reclama que o Estado brasileiro é ruim só porque gasta muito, as pessoas reclamam porque o Estado gasta muito e entrega pouco. As pessoas reclamam quando pagam uma porrada de imposto e mesmo assim tem que colocar o filho em escola particular, tem que ir em hospital particular, as cidades são um lixo, etc.
Não adianta analisar num vácuo, quando o povo fala que o Estado deveria gastar menos, na verdade tá falando "Pra entregar essa merda que eles entregam, eu preferia pagar menos imposto e pagar as coisas do meu próprio bolso, como já venho fazendo".
Eu acho um modelo muito ruim esse de colégio militar e jamais queria ver um filho estudando numa merda dessa, apesar de os resultados acadêmicos serem sim melhores do que nos colégios comuns, e ser uma solução razoável numa situação extrema tipo a desse colégio de Manaus. Agora, pra olhar esses dados do penúltimo post do major que mostram o desempenho dos colégios militares no ENEM, tem que lembrar de uma coisa fundamental: os colégios militares filtram os alunos, existe uma prova seletiva em que só aluno bom entra pra estudar nesses colégios, então é óbvio que o nível vai ser muito mais alto, assim como na UFMG, com todos seus defeitos, o nível é bem mais alto que numa fumec, mesmo a UFMG sendo recheado de professor e de aluno medíocre.