Postado originalmente por
Fonteles
@
Picinin,
Concordo contigo que a gente deveria inserir em nosso sistema o recall americano.
"Mandato não é cheque em branco, o representante eleito é um representante, não o titular do direito." Essa frase, apesar de verdadeira em si mesma, pode ser utilizada como um engodo. A maioria parlamentar pode inventar que o presidente cometeu um crime de responsabilidade, desrespeitando-se os mais comezinhos corolários do devido processo legal substantivo, e ficar por isso mesmo, ninguém questionar nada, e, assim, depor um presidente de modo ilegítimo.
Eu acho que o afastamento da Dilma abre um precedente perigoso para o futuro de nossa República. Não afastaram ela porque ela cometeu um crime, mas sim porque ela era impopular, porque era uma administradora irregular e tudo o mais. Agora, imagine um partido pequeno no poder, tipo o PSC do Bolsonaro, ou o PSOL do Freixo. Se esse partido não tiver apoio parlamentar, poderá sofrer o risco de cair. E isso só contribui para que as práticas fisiológicas de nossa política continuem a ser uma realidade infeliz de nosso sistema político.
E não faz muito sentido vc mencionar o parlamentarismo, imo e com todo o respeito, pois nesse sistema sim o presidente eleito que não consegue apoio parlamentar é destituído. Já no presidencialismo isso não acontece, pelo menos formalmente né, porque o precedente de 2016 aproximou, nesse sentido, ambos os sistemas de governo, infelizmente.