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Picinin
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DiegoSestito
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Picinin
Respeitar a inteligência alheia é não repetir acriticamente um conceito político-ideológico de arte que exclui, por exemplo, o renascentismo como se fosse verdade absoluta, só porque vem de uma "autoridade" acadêmica
Era isso aqui que você queria que eu contra argumentasse?
Você acusa a pessoa de repetir acriticamente um conceito "politico-ideológico" baseado em discurso de autoridade. Mas a tua defesa principal da "arte pela estética" foi citar "de Aristóteles a Kant". Eu não excluo o renascentismo como verdade (pelo menos as partes que são fatos mesmo, porque tem coisas dentro do renascimento que são conceitos "politico-idelogicos" e portanto, tem que ter cuidado para não repetir acriticamente). Não acho, como citado pelo Spinoza, que a arte é definida pelo choque ou algo do tipo..
Seu resumo da seu "argumento" no outro tópico:
"
Resumindo, os principais elementos que caracterizam a arte, IMO, são: a expressão de um sentimento, por meios sensoriais, com o uso de um arsenal técnico."
Pela sua definição, tudo é arte. Toda ação humana expressa um sentimento, e "arsenal técnico" é tão abstrato que não caracteriza uma limitação. Se eu mijar em um vazo sanitário, utilizando minha mão para segurar meu pênis e desenhar no vazo com mijo, estou utilizando uma técnica para expressar um sentimento e portanto seria "Arte" segundo a sua definição. No fim, utilizar técnica para expressar sentimento é o que a gente faz ~16h (o resto a gente dorme) por dia. Se você quis dizer que arte é expressar sentimento por um conjunto arbitrário de técnicas pré determinadas... Ai é rage quit da minha parte.
A discussão que a gente tinha era sobre existir ou não uma forma objetiva de separar o que é arte do que não é. Eu pedi um conjunto de critérios objetivos, você não deu nenhum.. E ainda fez uma comparação absurda com carros, que tem valor utilitário e especificações materiais que fazem diferença na nossa percepção física de forma bastante uniforme. Ou seja, uma Ferrari sempre vai ser mais rápida e mais confortável que um Uno. Uma música pode ser mais rápida, ter arranjos mais bonitos e simplesmente ser superior tecnicamente a outra, isso não classifica ela como automaticamente superior a outra reprodução artística que empregue menor técnica, e pela sua própria definição. A expressão do sentimento é a outra variável, e ela é completamente subjetiva. A forma como você percebe o sentimento em uma música, é completamente diferente da que eu vejo. Na realidade, a forma como eu "sentia" a música ano passado, não é a mesma que eu sinto hoje.
É óbvio que não era pra criticar esse post e você sabe disso.
E não, eu não usei nem Kant nem Aristóteles como argumento de autoridade. Até porque, no post que eu cito os dois, eu sequer defino arte e muito menos tento impor minha definição. Meu post era direcionado ao Spinoza que, como todo mundo sabe, leva qualquer discussão pro campo da filosofia. Por isso eu o lembrei que a estética é um ramo milenar da filosofia, e que, de Kant a Aristóteles, muita gente se debruçou sobre o problema e chegou a uma conclusão completamente diferente da dele.
E, se da minha definição você tirou que tudo é arte, você está precisando de um dicionário. Técnica é perícia, habilidade específica. Quando você segura o pau pra mijar, não precisa de nenhuma perícia ou habilidade específica. Qualquer pessoa sem treinamento é capaz de fazê-lo. E pra tocar um instrumento, fazer uma pintura a óleo, ou esculpir um pedaço de mármore, existem uma série de técnicas que devem ser aprendidas e dominadas. E é evidente que isso não é "um conjunto arbitrário de técnicas pré determinadas", é um conjunto de técnicas que te permite alcançar determinados resultados. A Yoko Ono gritando desafinada não é um exemplo de uso de técnica, simplesmente porque ela não precisou de ter nenhum controle vocal ou musical específico pra fazer aquilo (provavelmente ela não consegue nem repetir aquilo). O cara que caga numa latinha não precisa de nenhuma perícia ou habilidade específica pra fazer aquilo. E por aí vai.
Eu já cansei de te dar critérios objetivos, especificamente pra música. Mas, obviamente, os critérios vão variar de arte pra arte. Nas artes plásticas, vão ser o uso correto de proporções, luzes e sombras, ou whatever (eu não entendo nada disso). Na música, avaliação da complexidade harmônica, melódica, ou rítmica. Não precisa nem argumentar muito pra falar que Bach é superior à Tati Quebra-Barraco. Uma música não tem nem um acorde, a outra tem harmonias complexas pra caralho, compostas pra dezenas de instrumentos. Uma tem trocentas variações rítmicas, a outra fica só num 2x2 ou 4x4.