Postado originalmente por
andremcosta
O governo FHC não era totalmente neoliberal como pregam, longe disso, mas não era keynesiano. Nem o governo Lula foi keynesiano até 2008.
O grande problema é que não temos os pressupostos keynesianos no mundo de hoje. A visão keynesiana se refere a um mundo com excesso de estoques, deflação, demanda baixa e capacidade produtiva ociosa. Não temos esse ambiente hoje. Temos gargalos monstruosos de oferta e investimento baixo. Incentivar demanda só tem algum sentido quando você pode acompanhar essa demanda com uma oferta que aumente a produção de serviços. Crescimento econômico é basicamente isso: maior produção de bens e serviços. Não tem nenhum sentido vc tentar aumentar a demanda por esses bens e serviços se é totalmente incapaz de produzi-los. Isso gera somente inflação.
É óbvio tudo isso, e tenho vergonha do Mantega por não perceber. Ele incentiva a demanda, o PIB fica estagnado e a inflação sobe. E isso vai continuar acontecendo até ele entender que precisamos criar condições para que o país consiga produzir esses bens que são demandados.
O que tínhamos até 2008 era um neoliberalismo parcial. Lula e FHC cumpriam algo como 4 dos 10 itens do consenso de Washington. Se olhar o que é cumprido de forma tímida, algo como 6-7 de 10.
Alguns são fundamentais, como controle fiscal, que é talvez o elemento macroeconômico mais importante e infelizmente está esquecido. O outro é taxa de juros de mercado, algo que o FHC seguiu um pouco mais. Câmbio de mercado é relativamente seguida por todo mundo desde o governo FHC. Há intervenções, mas a flutuação existe é ninguém força a barra excessivamente pra segurar.
Abertura pra investimento externo existiu em todos, ainda que de forma tímida.
Alguns são consensuais, como integração ao comércio mundial, que apesar de tímida, tem se ampliado em todos os governos.
No fim das contas, se olhar os itens de consenso de Washington sem preconceitos ideológicos, quase todas são medidas importantes se tomadas de forma critica, não imposta de fora, e exigindo contrapartidas.