Postado originalmente por
Airton_Neto
Eu já admiti a derrota. Cheguei a um ponto em que a ciência de minhas limitações racionais me deixaram em uma inércia perante as questões espirituais. Ateu desde criança, durante muitos anos me envolvi nessas provocações. Hoje de nada me fascina discussões sobre vida além da morte, Deuses ou coisas afins. Acredito (possivelmente enganado por mim mesmo) que minha indiferença quanto a isso é a mesma indiferença do universo quanto a mim. Quando eu morrer, acabou tudo. Acabou razão, acabou mundo, acabou eu, acabou os outros.
Não sei se adotei alguma espécie de materialismo, ainda que eu deteste os "ismos", mas apenas as questões da vida cotidiana, das emoções dos homens, de suas relações, de sua corporeidade, sociabilidade e de sua história me trazem alegria, curiosidade. A vida per se. Poesia, arte, tudo que corresponda a esse mundo, o mundo que percebo e vivo, é o que realmente me importa e me provoca. O além daquilo que consigo perceber pelos sentidos não me interessa no momento (sem apelar para alguma radicalismo fenomenológico), muito menos o além daquilo que não pode ser alcançado por minhas especulações filosóficas.
Porém falo unicamente de mim.
Dito isso, encerro essas migalhas ditas por mim com esses dois poemas do Mário Quintana:
"OS DEGRAUS"
Não desças os degraus do sonho
Para não despertar os monstros.
Não subas aos sótãos - onde
Os deuses, por trás das suas máscaras,
Ocultam o próprio enigma.
Não desças, não subas, fica.
O mistério está é na tua vida!
E é um sonho louco este nosso mundo...
"O OUTRO MUNDO"
Por favor, deixa o outro Mundo em paz! O mistério está aqui.
o/