Poucas verdades são tão absolutas no mundo do poker quanto dizer que Stu Ungar foi o melhor jogador que já existiu. Por isso, é até irônico que o melhor jogador de todos os tempos seja o tema de um filme tão ruim.
O Jogador: A História de Stu Ungar (High Roller: The Stu Ungar Story, também creditado como Stuey), é o único trabalho do péssimo diretor/produtor/roteirista/editor A.W. Vidmer. Uma das poucas coisas boas no filme é o ator principal, pois a escolha de Michael Imperioli – que talvez você conheça como Christopher Moltisanti, da premiada série Família Soprano – foi perfeita, já que Imperioli tem ampla experiência em interpretar degenerados viciados em cocaína.
Mas as escolhas boas de Vidmer terminam por aí. Ele decide começar o filme utilizando um dos piores clichês de Hollywood, com o personagem principal no momento de sua morte, contando a história de sua vida (ops, alerta de spoiler!)
O roteiro até acerta em apresentar a personalidade de Stu Ungar e os pontos chave de sua vida, mas erra em retornar a todo momento para o fatídico quarto de hotel onde ele seria encontrado morto. Pouco vimos da habilidade de Stu, mas conhecemos de sobra a arrogância que veio com ela. Ainda assim, pudemos acompanhar sua breve carreira nos torneios de poker No-Limit Hold’em e sua conturbada vida familiar – ainda mais atribulada no filme, já que Vidmer decide substituir diversas figuras reais da vida de Stu Ungar por personagens fictícios, como sua esposa Madeline por uma mulher chamada Angela e sua filha Stefania por uma Nicole.
O filme até mesmo tenta adentrar, mesmo que brevemente, no mundo dos jogadores de poker, mostrando um lendário blefe executado por Jack “Treetop” Strauss, que chegou a dividir sua casa com Stu Ungar. Mas até nisso Vidmer falha vigorosamente, já que decidiu substituir Strauss por um personagem fictício chamado D.J.
Outra substituição bizarra é do conhecido jogador Billy Baxter, detentor de 7 braceletes da WSOP. Foi Baldwin quem pagou o buy-in do Main Event de 1997 de Stu Ungar, que acabou vencendo e conquistando seu 3º bracelete. No filme, ele foi bizarramente trocado por um personagem chamado “Mr. Leo”, interpretado por Pat Morita (nosso querido Sr. Miyagi), que no filme é jogador e proprietário de um cassino em Las Vegas. Se o objetivo do diretor com estas “liberdades criativas” em uma biografia era de tornar a história mais densa, com personagens mais interessantes, ele falhou miseravalmente, pois seus novos personagens são rasos e superficiais.
O Jogador: A História de Stu Ungar mal vale como um passatempo. Se quiser assistir um bom filme de poker, fique com Cartas na Mesa (Rounders) ou A Mesa do Diabo (The Cincinatti Kid). Mas se você realmente quiser conhecer a excelente história de Stu Ungar, é melhor assistir o documentário da ESPN One of a Kind: The Rise and Fall of Stu Ungar.
Ou você pode assistir Stuey defendendo seu título da WSOP na mesa final do Main Event de 1981, no vídeo abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=gJrJKUXK4wg
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