Renato ‘donalld’ Pejon Fala Sobre o Poker nas Fronteiras do Brasil

Renato PejonRenato “donalld” Pejon é usuário antigo do Fórum MaisEV e uma das principais demonstrações de como o poker alcançou todos os cantos do Brasil.

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Morador de Rio Branco, capital do Acre, ele foi o responsável direto por levar o jogo até sua cidade, e há pouco tempo abriu o primeiro clube de poker da região. Aqui, ele conta um pouco sobre como foi sua jornada.

Como você conheceu o poker?

Não lembro o ano exato, mas foi quando passava o WPT no SBT, a gente sempre juntava os amigos pra assistir no fim de semana. Todo fim de semana era sagrado, juntar os amigos pra ver o WPT, adoravamos ver Ivey, Gus Hansen e tal.

Foi engraçado até nessa época, a gente jogava com feijão, uns macarrões, por que não tinha ficha, não existia lugar que vendesse ficha na cidade.

Como isso começou a ficar sério?

Jogando com dinheiro, foi na casa do meu pai, ele e os amigos deles sempre gostaram de jogos de baralho, e apostas, eles jogavam cacheta direto, sempre apostando, mas começaram a zoar o jogo, sempre tinha alguém que descartava carta pro outro bater e dividir o dinheiro, e outros catrupes que não sei bem, como não sei as regras do jogo.

Aí um belo dia, aparece um vizinho do meu pai, e ensinou o pessoal lá a jogar poker, e foi até engraçado, que eles tinham umas regras muito loucas no poker, tipo par na mão valia mais do que par na mesa, por exemplo: se eu tivesse 44 na mão, e o cara com AK, o board fosse tipo A27QQ, o cara do 44 levava, porque o par na mão valia mais que par normal.

Aí eu fui lá na casa do meu pai jogar, e vi essas regras loucas, e decidi ensinar eles direitinho, já que eu como um bom nerd, já havia lido várias coisas na internet sobre poker.

Aí começamos toda terça-feira a fazer uma mesinha na casa do meu pai, geralmente dava umas 8 a 10 pessoas. Com o tempo, sempre alguém levava um amigo, pra aprender a jogar, ver o jogo e começou a crescer, sempre ia amigo de alguém, amigo de amigo, e etc., e cidade pequena sabe como é, começou se espalhar rápido.

Em uns 2 anos, o que era uma mesinha de amigos, começou a ser sagrado pra muita gente, TODA terça-feira, dava 3 mesas na casa do meu pai, tinha janta, churrasco, cerveja e tal. Durante esse tempo, a gente foi comprando coisas, fichas, baralhos novos, mesas, sempre sem fins lucrativos, tirávamos 2 reais de cada pote toda vez, até juntar uma quantia X, pra pagar a janta, cerveja. E fazíamos sempre isso, precisava de baralho novo? Então hoje era dia de juntar X reais, e etc.

Com esse tanto de gente semanalmente na casa do meu pai, ele começou perder privacidade. Toda terça eram 30 pessoas na casa dele, muitas vezes pessoas que não conhecíamos muito bem e aí decidimos montar um clube, com o objetivo apenas de tirar o jogo da casa do meu pai, e termos um lugar legal pra jogar. Eu expliquei direitinho pro meu pai, como funcionavam os clubes nos outros lugares do Brasil, como era a questão da legalidade de um clube, do jogo.

Mas nesse ponto você já conhecia bastante do mundo do poker. Já era semi profissional, jogando BSOP e outros eventos.

Sim. Na verdade só joguei dois BSOP, um no Rio em 2009 quando ganhei um satélite, e o BSOP Million em 2011, pois passagem daqui pra qualquer lugar é muito caro e inviável, então viajar SÓ pra jogar o torneio, fica difícil.

Agora, durante esses anos em que eu jogava o nosso home game, eu já estudava bastante o jogo, me cadastrei no MaisEV no final de 2007.

Eu sempre fui competitivo demais antes do poker, joguei Counter Strike muitos anos, e sempre eu gostava de me dedicar ao máximo a essas coisas. Durante esse tempo, eu sempre estudei o jogo, assinei diversas escolas de vídeos e tal.

Minha carreira no online, nunca passou do standard, eu sempre usei o poker online pra aprender e aperfeiçoar o jogo, e nunca foi minha intenção viver do poker online. Já no live, eu sempre me destaquei aqui, e com o tempo, eu estava ganhando bastante dinheiro.

O poker era uma vez por semana apenas, e eu já conseguia pagar boa parte das minhas contas, com o dinheiro do jogo. Tem também a parada do ranking, que no nosso caso, é um pouco diferente dos rankings que vejo por aí.

Começou em 2009 o ranking, toda terça a gente tirava 5 reais do BI do cash de todo mundo, e ia juntando, sempre anotando, quanto o cara comprava e quanto ele saia, e toda semana atualizando os lucros e prejuízos dos jogadores. Era uma coisa manual, anotando no caderninho e etc.

Em 2010, ajeitamos o ranking, um dos jogadores é programador, e fez um ranking online pra gente, aí as informações eram postadas toda semana. Eu fui campeão em 2010, 2011, e hoje, estou na briga pela liderança, tentando manter a diferença que estou do 2º lugar.

E em que momento nessa historia você decidiu abrir o clube?

Quando vi que o poker estava crescendo absurdamente aqui no estado, sempre tinha um conhecido que jogava na casa de alguém, outro conhecido que jogava com amigos, e principalmente da galera que jogava com a gente, estávamos precisando de alguma coisa mais profissional, com mesas “oficiais”, dealers, uma estrutura.

Eu acho que estamos em uma época bem parecida, com a de São Paulo naquela época de 2003, 2004 e tal, em que estavam aparecendo os primeiros torneios regionais, os primeiros clubes.

Inclusive, conversando com profissionais do live, como José Irineu e Guilherme Cheveau, eu vejo que o nível hoje do nosso estado, também está como a “época de ouro” do poker, muita gente ainda aprendendo, pessoal começando estudar o jogo agora.

Um dos “a-ha moments” que tive pra começar a trabalhar com o poker aqui no estado, foi em uma reunião que eu fui em São Paulo, que era de afiliados do Full Tilt nos estados. Fui convidado pelo Breda, e o chefe (pra variar) era o Igor Federal.

Conversando com ele, expliquei como era o poker aqui no estado na época (2009, eu acho), e ele falou que eu estava com a “sorte grande”, que eu estava pegando o começo do poker, assim como ele fez em São Paulo, e disse pra eu aproveitar, que o negócio ia crescer de uma forma que eu iria me impressionar, e pra eu correr, pois o mercado em tudo, tem lugar pra 2: O Primeiro, e o Melhor. Ele falou: “O primeiro, você já é, agora trabalha pra ser o melhor também, e você vai ver o que vai acontecer em uns 5 anos”.

O cara é visionário demais, tudo que ele falou está acontecendo, a parada está crescendo, o pessoal está tomando gosto pelo jogo, querendo participar de BSOP e etc.

Fale um pouco sobre sua carreira como semi profissional.

Eu trabalho com meu pai, temos algumas lojas de cosméticos aqui no estado, e minha principal renda vem disso. Moro com minha mulher e minha filha, e quem é pai sabe que não é nada fácil sustentar casa, família.

O MaisEV e o poker online me trouxeram 99% de todo conhecimento que tenho sobre poker, desde os princípios de iniciantes, odds, outs e etc., até toda informação que tive pra abrir o clube hoje.

Como nunca tive tempo pra ser um grinder como muitos no fórum, eu não tinha como seguir uma carreira de jogador online, pois isso demanda muito tempo de grind, e eu trabalho período integral, e sou Pai/Marido no período em que estou em casa.

Minha mulher sempre foi “acostumada” com meus vícios, na época era CS, depois vídeo game, jogos online. Mas o poker, diferente desses outros, era um jogo em que a rentabilidade era muito boa.

No começo, o dinheiro que eu ganhava, conseguia encher o tanque do carro uma vez por semana, isso já ajudava no final do mês com as contas a pagar. Com algum tempo, eu já conseguia encher o tanque, e ir 1 ou 2 vezes no mercado fazer as compras de casa. E assim foi.

As duas viagens que fiz em família de férias, em 2011 e 2012, foram praticamente 100% com o dinheiro do poker live, pois no final do ano tinha a premiação do campeão do ranking.

Hoje, eu jogo geralmente 3 vezes na semana (embora tenha poker todo dia, eu tenho uma família pra dar atenção), e isso me ajuda muito a pagar as contas, comprar algumas coisas mais legais. Quando tenho algum raro mês down no poker live, é sempre um mês apertado pois não sobra muito pra gastar.

Então diferente de muitos jogadores, você não precisou ganhar dinheiro para convencer sua família.

Minha mulher e filhas me dão um apoio excelente no jogo, é até chato elas terem que ficar sem mim em casa três dias na semana,

Eu saio umas 19:00 e só volta na madrugada, e toda vez que eu vou sair, além da mulher, minha filha de 5 anos vem correndo, me dá um abraço e fala “GL papai (ela fala gê éle mesmo), ganha muito dimdim”. Não tem coisa melhor que isso pra impulsionar o joguinho.

Como está o nível dos jogadores do Acre?

Esse ano de já estão aparecendo alguns regulares, um pessoal começando a ler livros e artigos. Inclusive, já tem um amigo meu que largou o emprego, e está apenas grindando live.

E você acha que ainda demora a ter representantes do estado nos grandes torneios do país?

Isso aí eu acho que só vai começar mesmo em mais uns anos. Primeiro porque vai demorar até aparecer mais profissionais. Como falei, tem apenas um jogador que virou profissional, e ainda vai demorar a começar rodar circuitos nacionais.

Muita gente nem sabia da existência do BSOP, me perguntam sempre como são os torneios em outros estados e quando explico o tamanho da parada, eles ficam boquiabertos.

Pra representar o Acre, a gente está fazendo um ranking de uns torneios, separando uma grana do prize pra pagar um pacote pro BSOP Million em novembro. Faremos isso em todas as edições desse torneio.

Então o crescimento do poker no Brasil chegou bem tarde aí?

Sim, com certeza, assim como quase tudo acontece aqui em Rio Branco, é quase sempre depois de outros estados. Aqui tudo chega tarde. Moda de roupa, alguns modelos de carros, e várias outras coisas.

Até a um ano atrás, até filmes de cinema chegavam bem depois da estréia no resto do país.

O forte do jogo aí ainda é Texas Hold’em ou também já mudou para o Omaha?

Hold’em com certeza, começamos com PLO a incríveis 4 semanas, acredita? A gente está fazendo igual a um jogo que meu pai viu mês passado em Balneário Camboriú: a cada rodada da mesa de Hold’em, faz uma mão de Omaha.

Está todo mundo aprendendo o jogo, semana passada mesmo, ganhei um pote grande, contra um cara que achou que tinha sequencia, ele tinha 33AK e o board era 4567x.

Nem mesmo os dealers (que falta aqui, é difícil conseguir) sabem falar quem ganhou direito

Falando nos dealers, como foi pra organizar e montar o clube, muito difícil pela distância dos grandes centros?

As mesas a gente mesmo fabricou, meu pai adora desenhar projetos mesmo não tendo nenhuma faculdade, e pegou algumas medidas na internet, e desenhou as mesas junto com um funcionário nosso da loja, que mexe com carpintaria, eles foram montando as mesas, comprando, serrando, e a mesa ficou muito boa.

As cadeiras, meu pai comprou em uma viagem a SP, e mandou entregar aqui por transportadora. Baralho, ficha e etc., a internet é o melhor caminho, óbvio. Agora, dealers, meu Deus.

Começou com alguns jogadores, que decidiram virar dealer, pra ajudar, e ganhar caixinha. No comecinho do clube, não tínhamos dealers fixos, eram jogadores que não estavam a fim de jogar e iam de dealer. Com o tempo, a gente foi pegando pessoas que queriam trabalhar, e alguns não sabiam nem pra onde corria o jogo, mal sabiam embaralhar.

Tivemos que ter muita paciência com isso, e com o tempo foram aprendendo. Hoje, temos quatro dealers, um é ex-jogador, os outros três treinamos do zero. Se tiver alguém que queira virar dealer e ganhar bem, manda uma mensagem privada pra mim no fórum por que a oferta é boa!

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