Confira a Exclusiva Com Schummi, Gerente de Eventos do PokerStars

Julian Marcel Karasinski, o “Schummi”, é atualmente o gerente de eventos do PokerStars no Brasil, mas também é um respeitado diretor de torneios

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, já tendo atuado em diversos grandes eventos, principalmente no sul do país.

Com experiência dentro e fora dos panos o blumenauense, de 36 anos de idade, conversou com o MaisEV durante o BPT Florianópolis sobre os bastidores do Brasil Poker Tour e também compartilhou um pouco de sua bagagem como diretor de torneios.

Para começar, fale um pouco para a gente sobre a função de gerente de eventos.

Isso é uma coisa que o PokerStars agora está fazendo no mundo todo. Está colocando um gerente de eventos para cuidar de cada tour. E como o BPT iniciou este ano, eles precisavam de um gerente de eventos para comandar todo o tour no Brasil. No Brasil, tudo sobre o BPT passa por mim, não somente as decisões finais, mas os orçamentos, a escolha dos locais onde serão as etapas, os relatórios sobre as etapas realizadas, a parte de assessoria de imprensa, toda a cobertura que a gente faz do evento, não só para o PokerStars como para a mídia em geral.

Qual é o papel que o BPT pode exercer, ou já exerce, para uma transformação da cultura de torneios ao vivo no Brasil, considerando que estão fazendo torneios mais longos, com cinco dias de duração, além questão tributária, com a cobrança de imposto na fonte?

O que a gente tenta sempre apresentar – e isso é uma premissa do PokerStars – é qualidade. É lógico que é na quantidade que a gente vai ter o nosso retorno, ,mas a qualidade do evento é primordial. Assim, queremos fazer torneios nos quais o jogador sabe a hora que vai terminar o dia, que o jogo não vai se arrastar por toda madrugada. Para gente também é mais fácil fazer um torneio mais concentrado durante o dia, quando está todo mundo de bom humor, todo mundo trabalhando, todo mundo no pique. Além dos jogadores, temos que pensar que mais de 80 pessoas trabalham em um evento como esse, além dos bloggers e de toda a mídia especializada. E tentamos fazer de modo que não fique muito cansativo para todos.

Outra coisa: a estrutura do torneio tem que ser boa. A gente não pode simplesmente dar algumas fichas para os jogadores e fazer um turbo com blinds de 20 minutos. Ninguém vai gostar disso, querendo ou não vai ter muita gente caindo cedo… O negócio é é o pessoal saber que no final do dia a média vai estar em 25, 30 big blinds. Em Floripa, no final doss dias iniciais, a média estava em 40 big blinds. Foi um torneio muito bom de jogar. No dia 1A por exemplo, somente 11 pessoas caíram. Mesmo tendo um field relativamente pequeno, o torneio mostrou muita qualidade. Eu vi gente que ficou com apenas cinco big blinds e no final do dia já estava na cola do chip leader.

Com relação à carga tributária, todos os eventos esportivos no Brasil têm dedução do imposto de renda na fonte. Nós não temos como mudar isso, isso é a lei do Brasil. Antes de entrar no país, o PokerStars demorou quase dois anos estudando o país, para a relaização de seus evento ao vivo de forma a não acarretar problemas futuros para a gente.

E quanto aos impostos? Nós sabemos a cobrança faz com que muitos jogadores deixem de vir ao torneio.

Pode ter gente que reclama dos impostos, mas se eles forem para Las Vegas eles serão taxados em 30% na fonte. Se forem para Europa, com excessão de algum paraíso fiscal, eles também serão taxados na fonte. E isso mostra que o PokerStars veio para o Brasil também para ajudar nosso esporte a ser mais legal. Se a gente está mostrando para o governo que pagamos impostos, recolhendo R$200 mil, R$300 mil por etapa, o governo vai olhar pra gente com outros olhos.

Reclamar dos impostos é uma cultura brasileira. Então nós temos que mudar essa cultura, pois não se trata de um torneio de R$30, R$50 que a gente joga toda semana. Isso é um evento grande. Isso é um evento de porte internacional. Essa mídia que temos aqui não é só do Brasil, e sim de toda a América Latina. O evento aparece no mundo todo. Seria, inclusive, injusto com nossos clientes de todo o mundo se fizéssemos algo em desacordo com a lei. Assim, sempre tentamos fazer tudo corretamente, de acordo com a lei. Se perdemos um pouco em quantidade nesse primeiro momento, ganhamos em qualidade e ainda investimos na formação cultural dos jogadores.

Com a qualidade que oferecemos nos torneios do PokerStars, acreditamos que aos poucos esses que reclamam dos impostos irão esquecer esse fato. Também devemos lembrar que nem todos os participantes são tributados. Existe uma faixa de isenção, e isso é previsto na lei. No BPT Floripa, apenas os dez primeiros colocados pagaram impostos, por exemplo. Do 11º ao 32º, ninguém pagou imposto. Nos eventos paralelos, na maioria deles, apenas o campeão precisou pagar o imposto.

Com relação a expectativa do field, na preparação do evento, vocês já levam em consideração essa resistência que muitos têm com relação aos impostos?

Com relação a expectativa de field sim, com relação a preparação do evento não. A gente vai fazer o evento com a mesma qualidade sempre, seja para 50 pessoas ou 600 pessoas. O que vai mudar apenas é a quantidade de pessoas trabalhando no evento, e não a qualidade, que vai ser sempre no padrão PokerStars.

Quantas pessoas a produção de um evento como esse costuma envolver?

Hoje o PokerStars tem, trabalhando para o BPT, cerca de 30, 35 funcionários, além do pessoal da Overbet e seus funcionários, a equipe dos dealers, floors, etc. Na etapa de Floripa, por exemplo, foram 35 dealers trabalhando em 26 mesas. E todos recebem também uma ajuda de custo para se deslocarem para a cidade do evento. No Brasil nós não temos cassinos e para se encontrar bons dealers é difícil. Se a gente quiser hoje, por exemplo, fazer uma etapa mais para o norte do país teremos que levar praticamente todos os dealers. Lógico que há cidades naquela região que tem bons dealers, mas não são todas.

Por isso, o custo da equipe de dealers corresponde a uma boa parte do orçamento de nossos eventos. Mas eles também estão entre os que mais trabalham. São os primeiros a chegar e os últimos a sair.

Aproveitando a deixa, vocês têm a intenção de realizar, no futuro, etapas na região norte-nordeste do país e sair um pouco do eixo sul-sudeste?

O PokerStars quer fazer seus eventos em cidades turísticas, principalmente naquelas de grande porte. Nós gostamos de fazer nossos eventos em resorts, em hotéis que nos dão a tranquilidade de que nossos jogadores não ficarão sem nada para fazer, por exemplo. Obviamente, já cogitamos fazer uma etapa no norte-nordeste, mas tudo vai depender de nosso cronograma para 2012, que ainda não saiu. Mas as reuniões já estão sendo feitas para programar toda a 2ª temporada do BPT.

Agora falando do Schummi diretor de torneios, qual foi a decisão mais difícil de sua carreira?

A decisão mais difícil acontece sempre quando o dealer não prestou atenção ao que estava ocorrendo, pois o diretor de torneios é apenas uma pessoa, ele não é onipresente. Então o representante do diretor na mesa é o dealer. E se ele não acompanhou o acontecimento e dois ou três jogadores começam a discutir, principalmente em situações que envolvem um all-in, fica muito difícil para o diretor de torneios.

Me lembro de uma decisão muito difícil. Um jogador, que estava em all-in, sussurrou suas cartas para o jogador ao seu lado, que não estava mais na mão. E um oponente do outro lado da mesa, para onde o dealer estava olhando, pois estava contando as fichas dele, viu a conversa e acusou os dois de collusion. Naquela ocasião nós conseguimos recuperar o vídeo da mesa e vimos que, apesar do jogador ter dito suas cartas, não ouve uma resposta do jogador a quem ele sussurrou. Logicamente, o jogador que contou as cartas foi penalizado na mão seguinte.

Enfim, as decisões são difíceis quando a premissa do poker é quebrada, ou seja, a de que ele é um esporte individual. A partir do momento em que essa premissa é quebrada, é horrível para o diretor de torneios conseguir controlar. A questão das “falinhas” é muito ruim, assim como quando um jogador pergunta, faz aquela “entrevista” com o adversário. Pode até fazer a pergunta, mas a partir do momento que o outro responder, saimos da premissa que o poker é individual e os dois são penalizados ao término da mão.

Devido aos inúmeros compromissos do BPT Florianópolis você não pode participar da última reunião da ADTP – Associação de Diretores de Torneios de Poker. Já deu tempo de se interar do resultado desse encontro?

Eu cheguei a conversar com o “DC” (Devanir Campos) e ele não lembrava que tínhamos o BPT marcado para a data da reunião da ADTP. Até houveram algumas tentativas de mudanças na data, mas como muitos diretores de torneios, de várias cidades do país já tinham voos e hotéis marcados, eles decidiram manter a reunião, mas já sabendo que vão fazer outra ainda esse ano. Eu queria ter estado lá. Queria que minha equipe estivesse lá. Pra gente se interar melhor com as regras utilizadas pela ADTP.

O PokerStars hoje não utiliza as regras específicas de um terceiro, e sim as regras da GPTL – Global Poker Tour Limited. Mas 90 a 95% das regras são as mesmas. Aonde pode ter uma diferença ou outra é na questão da conduta dos jogadores. Mas com relação as regras do jogo em si, é praticamente a mesma coisa. O que vai mudar entre um torneio e outro é, por exemplo, que em um pode usar dispositivos eletrônicos na mesa, e no outro não. Em um torneio pode se falar ao telefone dentro do salão e no outro não.

Entre as mudanças contempladas na última reunião da ADTP está a que se refere ao pedido de showdown.

Segunda as regras da GPTL, não existe pedido de showdown primeiro e showdown segundo. Showdown é showdown, ou seja, com ambos mostrando as cartas. Lógico, se uma pessoa der muck, por exemplo, após um check-check no river quando o outro jogador mostrou suas cartas, ele está no direito dele. Só que todos os demais da mesa também estão no direito de pedir pra ver aquelas cartas. Até aí sem problemas. Mas uma questão que sempre emperra é a de quem vai mostrar primeiro? Então nós temos uma regra – que na verdade é mais um aviso –  de quem fez a última ação, ou seja, quem apostou antes do check-check, seja no flop ou no turn, mostra primeiro. Mas, independente disso, o showdown é para ambos, sempre para amabos. Nos meus torneios, eu gosto de orientar os jogadores para, nessa situações, sempre mostrarem suas cartas. Eu sei, as cartas são suas e você tem o direito de escondê-las. Mas para o melhor desenvolvimento do jogo, é melhor mostrar. Assim você evita, por exemplo, se irritar com alguém pedindo pra ver. Mostre suas cartas, a mão acabou e vamos para a próxima. Quando estou jogando, sempre mostro minhas cartas. Mesmo porque eles sempre sabem que estou blefando mesmo… (risos).

E quanto as declarações condicionais como, por exemplo, aquelas declarações assim: “se você aumentar eu vou all-in”. Segunda a nova determinação da ADTP,  provavelmente a partir de agora o jogador que fizer isso terá que ir all-in. O que acha dessa decisão?

Bem, essa situação é muito difícil de controlar, mas acho uma decisão correta. Por que se um jogador atravessa uma aposta, ele pode estar ameçando mesmo sem saber que o outro está na mão. Mas acho que essa regra será algo muito difícil de colocar na cabeça dos jogadores. No nosso torneio, em uma situção dessas, o jogador que ameaçou é penalizado, pois você não pode induzir, dessa maneira, a acão de alguém. Ou seja, se você disser para uma pessoa que se ela aumentar você irá de all-in e ela de fato aumentar, você induziu esse movimento. E saímos da premissa de jogo individual. O poker é um jogo individual. Assim, sempre orientamos os jogadores de nossos torneios a não conversar na mesa durante a mão.

No BPT, se algum jogador ameaçar ir all-in ele será penalizado com a obrigatoriedade da ação, conforme a orientação da ADTP ou será punido de outra forma?

Isso é o que precisaremos ver como ficará a partir de agora. No BPT o jogador nunca é punido com a obrigatoriedade da ação. A penalidade é sempre dada ao final da mão, nunca durante. Assim, apenas após a mão terminar é que o diretor irá definir a penalidade dada.

Mas, como diretor de torneios, nunca gosto de ter que penalizar alguém. A gente não está aqui para fazer isso. A gente está aqui para fazer que o torneio seja o melhor possível, dentro das regras.

Por Danilo Telles e Alexandre Ferreira

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