Talal Shakerchi chama os baús do PokerStars de “caixões” e disse que o PSPC mais pareceu um torneio de US$ 10 mil.
Para os desavisados é difícil definir o britânico Talal Shakerchi. Talal fez carreira no mundo corporativo e, em 1998, fundou a sua firma de investimentos, a Meditor Capital Management, onde fez fortuna como CEO da companhia. Entretanto, ao jogar seu nome no Google, grande parte dos resultados ligam seu nome ao poker. Isso porquê Talal é um dos grandes frequentadores dos principais high rollers e super high rollers ao redor do mundo.
Mas ao contrário de vários magnatas asiáticos ou do tiozão rico do clube da sua cidade, que usa o dinheiro conquistado fora do poker para alimentar o jogo como um hobby, Talal é lucrativo. O Hendon Mob o lista com US$ 7,1 milhões em ganhos em torneios ao vivo, a quarta maior soma no concorrido ranking britânico. E Talal não faz bonito só nos torneios ao vivo. No online, pilotando a conta “raidalot”, ele tem três títulos do SCOOP, entre vários outros resultados, com destaque para a conquista do Main Event High da série, em 2016, que valeu US$ 1,4 milhão.
Além de tudo isso, Talal também se destaca por ser um assíduo participante de comunidades de poker online, onde é um ferrenho crítico do PokerStars.
Então como definir Talal Shakerchi? Talal é alguém que joga muito, contra os melhores, e que entende o mercado (como um todo e do jogo) como poucos, e por isso é sempre bom ouvir o que alguém com essa experiência tem a dizer.
Em entrevista a Michael Gentile, do Pokerfuse, Talal falou sobre o PSPC, a diferença do torneio para outros high rollers de $25K e sobre a iniciativa do PokerStars.
Como você compara o nível de competição do PSPC em relação a outros eventos high roller que você participa?
É muito diferente. Geralmente, nesses high rollers, você encontra o mesmo grupinho de 100 jogadores ou coisa do tipo. Todo mundo conhece todo mundo e é jogado de forma bem diferente, o jogo é muito mais agressivo. O PSPC pareceu mais um torneio com buy-in de US$ 10.000, especialmente na bolha.
Qual o seu pensamento em relação ao PSPC e ao sucesso do PokerStars (ou falta de) para retomar contato com a comunidade de poker com este evento?
Se você levar em conta apenas este evento, acho boa a iniciativa. Fizeram um bom trabalho e sempre fui muito crítico a muitas mudanças no PokerStars desde que a Amaya assumiu, mas acho que este evento é a primeira grande coisa positiva que eles realizam. Todos, PokerStars e jogadores, saem ganhadores.
O evento criou um buzz, uma espécie de Mini Moneymaker Effect. Utilizaram os Platinum Pass muito estrategicamente e distribuíram através de canais, essencialmente fora do poker, o que atrai mais pessoas a este universo.
Se eles vão devolver parte dos lucros de volta ao jogo, é uma boa forma de fazê-lo.
O que você gostaria que o PokerStars fizesse mais e que áreas você acha que eles precisam melhorar a fim de voltar a ter o respeito da comunidade como tinham?
O básico. Eles cobram muito rake. Simplesmente mataram o rakeback com estes “baús”, que eu chamo de “caixões”, e tornaram muito difícil um jogador subir de nível sem perder muito dinheiro.
Além disso, tornaram o jogo muito mais “gambling”, com mais turbos. Também mexeram na distribuição do prizepool. Nos eventos Knockout e nos da EPT, ampliaram tanto o prizepool que chegam a pagar 15% ou 18% dos jogadores.
A bolha é muito importante em um torneio, a diferença entre não ficar ITM e chegar na primeira faixa deveria ser pelo menos o dobro do buy-in. É ótimo para eles, que apenas redistribuem o dinheiro, que volta a circular pelo sistema e segue voltando ao bolso deles em forma de rake. Mas não é bom para o poker e, para mim, não é entretenimento.
Confira a entrevista completa (em inglês).
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Publicado com autorização do autor.
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