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Tópico: [LITERATURA] - O que você anda lendo?

  1. #121
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    Livros que eu mais gostei de ler, apenas de literatura, pelo que eu me lembro, e sem ordem de classificação :

    Crime e Castigo, Irmãos Karamozovi e O Idiota do Dostoiévski. Grande autor, que inseriu psicologia na literatura, e quase tudo que escreveu é genial. Sortudo quem nunca leu esse cara e quer começar a conhecê-lo.

    Ana Karênina do Tolstoi. Leitura obrigatória, a frase inicial já indica o estilo do autor: “As famílias felizes são todas iguais. As infelizes são infelizes cada uma a sua maneira”. Um personagem que me marcou muito, e procurei até imitar, quando eu era mais jovem, é o Kostia Levin, o alter ego de Tolstoi, na minha opinião, personagem inicialmente secundário, socialmente desajustado e questionador, sempre em busca das razões primordiais da vida, tem pensamentos morais e sociais muito bonitos. Esse livro, com certeza, me fez pensar bastante.

    As Vinhas da Ira e À leste do Éden de John Steinbeck, um grande escritor americano, buscou explicar a transição daquela sociedade patriarcal americana, magistralmente ilustrada no grande romance de Margareth Mitchell, E O Vento Levou..., típica de meados do século XIX, para a sociedade de massas do entreguerras do século XX. Apesar das obras do Steinbeck possuírem fortes mensagens de críticas sociais, elas invariavelmente tratam do Indivíduo, da Família, em meio a um ambiente socialmente devastador. Steinbeck possui um estilo literário muito charmoso.

    Antologia Poética, de Carlos D. de Andrade. No próximo post, eu colocarei poemas que eu grifei aqui no sumário como especiais.

    (Bom fiquei com preguiça de escrever mais, num próximo post eu complemento essa lista).
    santiago, Preacher and zombie like this.
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  2. #122
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    Citação Postado originalmente por Picinin Ver Post
    Citação Postado originalmente por Fonteles Ver Post
    Citação Postado originalmente por Andre Castro Ver Post
    Porra, um monte de gente já me indicou O Tempo e o Vento, e eu li esses dias Incidente em Antares e gostei bastante. Foda que puta que pariu, é muito grande, dá preguiça começar. E eu leio bem devagar, tem um tempão que to nas Crônicas de Gelo e Fogo e agora que vou acabar o quinto livro....

    Que por sinal, imho a série toda deveria chamar Game of Thrones e não A Song of Ice and Fire. E que coisa ridícula traduzirem pra Guerra dos Tronos, Jogo dos Tronos além de mais fiel ao original é um título 1000 vezes mais interessante.
    Eu também leio um pouco mais devagar, mas eu gosto de ler assim. Gosto de ler com dicionário ao meu lado, para anotar o significado das palavras desconhecidas (e das plantas né, todo livro tem um monte de planta, flor, árvore, vegetal, relva diferente, daqui a pouco a gente vira mestre em botânica, e se não é em botânica, é em geologia, em objetos náuticos etc) e gosto, também, de visualizar no google o que as expressões aparentam. Faço anotações no livro. E só grifo com lápis E RÉGUA.

    Enfim, leitura boa é leitura demorada e cuidadosa.

    Sobre O Tempo e o Vento, o problema para mim não é nem o tamanho, particularmente eu prefiro livros volumosos, mas sim isto aqui:

    https://www.saraiva.com.br/o-tempo-e...osIaAgv-8P8HAQ

    Já gasto mensalmente um monte com livros profissionais e técnicos, fica complicado encarar mais esse tanto. Mas, eu vou pegar mesmo assim. Já me decidi.
    Que isso, nem quando preciso estudar eu grifo e faço anotações, não consigo me imaginar fazendo isso com literatura.
    Os meus bittencourts, aury lopes, didiers, di pietros, etc quase dobraram de tamanho de tanto post it que eu coloquei. Mas os meus grifos e anotações são realizados de acordo com o princípio da economia: realce apenas aquilo que é essencial.

    Em alta literatura, e em livros mais densos, a gente sofre muito com palavras e expressões desconhecidas, né. É óbvio que eu não paro para usar o dicionário e o google (pelo menos não muito) quando eu leio Allan Poe, Agatha Christie, Raymond Chandler, Game of Thrones, etc. Mas vai pegar um Victor Hugo (Na obra os trabalhadores do mar, em cada página tinha umas 5 palavras e expressões que eu precisei consultar o dicionário ou o google), Moby Dick (infinitas técnicas e classificações sobre a pesca de baleias), Ulisses, etc. Daí não dá para não ter esse apoio. Além disso, eu gosto de ficar meditando um pouco sobre os temas, e volte e meia eu faço alguma anotação.

    Edit: eu gosto de escrever o significado de cada palavra desconhecida no próprio livro. E sempre grifo as passagens que me marcam.
    Última edição por Fonteles; 14-06-2017 às 11:41.
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  3. #123
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    John steinbeck acho que li ratos e homens. N lembro se era dele nem se o título era esse.
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  4. #124
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    Cantiga de enganar
    por Carlos Drummond de Andrade


    O mundo não vale o mundo,
    meu bem,
    Eu plantei um pé-de-sono,
    brotaram vinte roseiras.
    Se me cortei nelas todas
    e se todas se tingiram
    de um vago sangue jorrado
    ao capricho dos espinhos,
    não foi culpa de ninguém.
    O mundo,
    meu bem,
    não vale
    a pena, e a face serena
    vale a face torturada.
    Há muito aprendi a rir,
    de quê, de mim? ou de nada?
    O mundo, valer não vale.
    Tal como sombra no vale,
    a vida baixa...e se sobe
    algum som desse declive,
    não é grito de pastor
    convocando seu rebanho.
    Não é flauta, não é canto
    de amoroso desencanto.
    Não é suspiro de grilo,
    voz noturna de nascentes,
    não é mãe chamando filho,
    não é silvo de serpentes
    esquecidas de morder
    como abstratas ao luar.
    Não é choro de criança
    para um homem se formar.
    Tampouco a respiração
    de soldados e enfermos,
    de meninos internados
    ou de freiras em clausura.
    Não são grupos submergidos
    nas geleiras do entressono
    e que deixem desprender-se,
    menos que simples palavra,
    menos que folha no outono,
    a partícula sonora
    que a vida contém, e a morte
    contém, o mero registro
    de energia concentrada.
    Não é nem isto nem nada.
    É som que precede a música,
    sobrante dos desencontros
    e dos encontros fortuitos,
    dos malencontros e das
    miragens que se condensam
    ou que se dissolvem noutras
    absurdas figurações.
    O mundo não tem sentido.
    O mundo e suas canções
    de timbre mais comovido
    estão calados, e a fala
    que de uma para outra sala
    ouvimos em certo instante
    é silêncio que faz eco
    e que volta a ser silêncio
    no negrume circundante.
    Silêncio: que quer dizer?
    Que diz a boca do mundo?
    Meu bem, o mundo é fechado,
    se não for antes vazio.
    O mundo é talvez: e é só.
    Talvez nem seja talvez.
    O mundo não vale a pena,
    mas a pena não existe.
    Meu bem, façamos de conta
    de sofrer e de olvidar,
    de lembrar e de fruir,
    do escolher nossas lembranças
    e revertê-las, acaso
    se lembrem demais em nós.
    Façamos, meu bem, de conta
    - mas a conta não existe -
    que é tudo como se fosse,
    ou que, se fora, não era.
    Meu bem, usemos palavras.
    Façamos mundos: idéias.
    Deixemos o mundo aos outros,
    já que o querem gastar.
    Meu bem, sejamos fortíssimos
    - mas a força não existe -
    e na mais pura mentira
    do mundo que se desmente,
    recortemos nossa imagem,
    mais ilusória que tudo,
    pois haverá maior falso
    que imaginar-se alguém vivo,
    como se um sonho pudesse
    dar-nos o gosto do sonho?
    Mas o sonho não existe.
    Meu bem, assim acordados,
    assim lúcidos, severos,
    ou assim abandonados,
    deixando-nos à deriva
    levar na palma do tempo
    - mas o tempo não existe -,
    sejamos como se fôramos
    num mundo que fosse: o Mundo.
    Última edição por Fonteles; 14-06-2017 às 17:29.
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  5. #125
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    Minha maior decepção com a literatura jurídica aconteceu ontem, ao ver que Pontes de Miranda era plagiador.
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  6. #126
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    ?? descreva o ocorrido... @Kleber
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  7. #127
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    Citação Postado originalmente por vtxpr Ver Post
    ?? descreva o ocorrido... @Kleber
    http://www.verbojuridico.com.br/blog..._disputa_e.pdf
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  8. #128
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    Citação Postado originalmente por Kleber Ver Post
    Citação Postado originalmente por vtxpr Ver Post
    ?? descreva o ocorrido... @Kleber
    http://www.verbojuridico.com.br/blog..._disputa_e.pdf
    PQP isso daí dá um documentário legal hein!? Ou no mínimo uma crônica na Piauí.

    Caso seja verdadeiro
    reflete bem a intelligentsia jurídica nacional.
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  9. #129
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    A Flor e a Náusea

    Preso à minha classe e a algumas roupas,
    vou de branco pela rua cinzenta.
    Melancolias, mercadorias, espreitam-me.
    Devo seguir até o enjôo?
    Posso, sem armas, revoltar-me?

    Olhos sujos no relógio da torre:
    Não, o tempo não chegou de completa justiça.
    O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.
    O tempo pobre, o poeta pobre
    fundem-se no mesmo impasse.

    Em vão me tento explicar, os muros são surdos.
    Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
    O sol consola os doentes e não os renova.
    As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.

    Vomitar este tédio sobre a cidade.
    Quarenta anos e nenhum problema
    resolvido, sequer colocado.
    Nenhuma carta escrita nem recebida.
    Todos os homens voltam para casa.
    Estão menos livres mas levam jornais
    e soletram o mundo, sabendo que o perdem.

    Crimes da terra, como perdoá-los?
    Tomei parte em muitos, outros escondi.
    Alguns achei belos, foram publicados.
    Crimes suaves, que ajudam a viver.
    Ração diária de erro, distribuída em casa.
    Os ferozes padeiros do mal.
    Os ferozes leiteiros do mal.

    Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.
    Ao menino de 1918 chamavam anarquista.
    Porém meu ódio é o melhor de mim.
    Com ele me salvo
    e dou a poucos uma esperança mínima.

    Uma flor nasceu na rua!
    Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
    Uma flor ainda desbotada
    ilude a polícia, rompe o asfalto.
    Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
    garanto que uma flor nasceu.

    Sua cor não se percebe.
    Suas pétalas não se abrem.
    Seu nome não está nos livros.
    É feia. Mas é realmente uma flor.

    Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
    e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
    Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
    Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
    É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.



    Última edição por Fonteles; 16-06-2017 às 11:59.
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  10. #130
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    Procura da Poesia

    Não faças versos sobre acontecimentos.
    Não há criação nem morte perante a poesia.
    Diante dela, a vida é um sol estático,
    não aquece nem ilumina.
    As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.
    Não faças poesia com o corpo,
    esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.

    Tua gota de bile, tua careta de gozo ou dor no escuro
    são indiferentes.
    Não me reveles teus sentimentos,
    que se prevalecem de equívoco e tentam a longa viagem.
    O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.

    Não cantes tua cidade, deixa-a em paz.
    O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas.
    Não é música ouvida de passagem, rumor do mar nas ruas junto à linha de espuma.

    O canto não é a natureza
    nem os homens em sociedade.
    Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam.
    A poesia (não tires poesia das coisas)
    elide sujeito e objeto.

    Não dramatizes, não invoques,
    não indagues. Não percas tempo em mentir.
    Não te aborreças.
    Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,
    vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família
    desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.

    Não recomponhas
    tua sepultada e merencória infância.
    Não osciles entre o espelho e a
    memória em dissipação.
    Que se dissipou, não era poesia.
    Que se partiu, cristal não era.

    Penetra surdamente no reino das palavras.
    Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
    Estão paralisados, mas não há desespero,
    há calma e frescura na superfície intata.
    Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.

    Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
    Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam.
    Espera que cada um se realize e consume
    com seu poder de palavra
    e seu poder de silêncio.
    Não forces o poema a desprender-se do limbo.
    Não colhas no chão o poema que se perdeu.
    Não adules o poema. Aceita-o
    como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
    no espaço.

    Chega mais perto e contempla as palavras.
    Cada uma
    tem mil faces secretas sob a face neutra
    e te pergunta, sem interesse pela resposta,
    pobre ou terrível que lhe deres:
    Trouxeste a chave?

    Repara:
    ermas de melodia e conceito
    elas se refugiaram na noite, as palavras.
    Ainda úmidas e impregnadas de sono,
    rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.
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