Quebre a Cabeça

Rafael TosatiGrande parte dos jogadores de torneios, em especial, jogadores de micro e low games, tem inúmeras dificuldades ao jogar pós-flop.

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Normalmente, eles não conseguem raciocinar uma mão de forma analítica, ou não entendem o desenrolar de uma mão com base nas ações tomadas.

O que vamos estudar agora é uma maneira simplista de percorrer uma mão de Hold’em, de modo a limitar o range do vilão e conseguir entender quão grande ou ínfimo é o valor da sua mão em decorrência das ações adotadas.

Pois bem, para conseguirmos fazer uma leitura apurada, é interessante e apropriado seguirmos um passo a passo que gosto de comparar com um quebra cabeça. Vamos a partir de agora delimitar diversos ranges para nossos adversários com base em circunstâncias momentâneas e na postura que eles adotarem em cada parte de uma mão (pré-flop, flop, turn, river). O que vocês devem entender por hora é que aspectos como posição, stacks, tamanhos de apostas, imagens, momento do torneio e premiação disputada, terão grande colaboração na nossa delimitação de range. Nosso passo a passo vai se dar da seguinte maneira.

I) PRÉ-FLOP – Aqui vamos com base na posição, nos stacks, nas imagens e no momento do torneio, delimitar um range genérico para nosso adversário. Por exemplo: Sempre que ele for um jogar tight, abrindo do UTG, podemos excluir desse range mãos como K3o, J7o, 73o e outras mãos tão marginais como essas, assim começamos a delimitar um range de Ax, Q9+, K8+, 22+. Porém, esse mesmo jogador tem 25bbs, por isso podemos restringir ainda mais seu range em A8s+, QJs+, KJs+, 66+. Por fim, se acreditarmos que nosso adversário de alguma maneira possa estar pressionado pela premiação ou momento do torneio, podemos restringir seu range um pouco mais, algo como AT+, QJs+, KJs+, 77+.

II) FLOP – Nesse segundo ponto começamos a delimitação mais complexa, que é o pós-flop. Inicialmente devemos observar o board e nos colocar no lugar do vilão, tentando entender qual seria a ação mais sensata. Um board como A27r é um que mais de 90% do range do nosso adversário vai dar c-bet, e algumas vezes check behind com KK, QQ, JJ, TT, 99, 88, bem como vai fazer muitas vezes com improváveis 7 (aqui é nossa margem de erro, temos que nos precaver para as vezes em que o vilão mostrar mãos que nunca imaginaríamos no seu range). Inicialmente pré-flop, delimitamos um range de AT, QJs+, KJs+, 77+, agora se o vilão c-betar no flop A27r, seu range já começa a ficar restrito, em Ax e 22, 77e blefe, já que muitas vezes os 88 – KK darão check behind.

III) TURN – O turn a meu ver é o momento mais importante de uma mão. Ele pode comprometer os stacks com o pote, ou pode fazer com que o river seja mais barato do que seria caso esteja esperando um showdown sem investir muito. No turn é que vamos conseguir delimitar melhor o range do vilão com base na ação tomada, para chegarmos no river e estreitarmos ainda mais esse range.

IV) RIVER – Esse é o ponto em que devemos parar e entender onde estamos realmente, qual o real valor da nossa mão, quão forte ou fraca é a mão do vilão, e procurar o verdadeiro sentido das ações adotadas pelo nosso adversário.

Com o seguinte exemplo vai ficar mais fácil de compreendermos esse raciocínio passo a passo. http://www.pokerhand.org/?6555775

Vamos analisar passo a passo da primeira mão e ver os pontos onde devemos nos atentar para fazer uma leitura mais precisa.

 

MÃO 1 – TT

Primeiramente, devemos entender a estrutura da mesa e do torneio. É um MTT $22 do PokerStars, estando 15 jogadores restantes, com premiação de aproximadamente $5.000,00 para o 1°. Nesse momento são 5 jogadores na mesa, e temos as seguintes anotações dos adversários:

FistPumpYeah – (21BB’s) Games: 4,283   ABI: $13.28   ROI: 31.3%   Profit: $19,029
LordGregoire – (113BB’s) Games: 26,196   ABI: $24.25   ROI: 31.7%   Profit: $215,673
Pahejo – (40BB’s) Games: 236   ABI: $18.39   ROI: 76.6%   Profit: $3,562
kleineaart – (59BB’s) Games: 5,610   ABI: $13.11

Entre 4 adversários, 3 são regulares e vencedores, 1 deles não temos informações completas, porém a princípio já podemos destacar o “LordGregoire” como o melhor entre eles, já que possui +$200k de lucro.

PRÉ-FLOP – Como podemos perceber, a mão chega em gap até o button e abrimos raise para 20k. O sb fold e o “LordGregoire” paga estando no BB. Nesse ponto já devemos começar a delimitar o range de flat call OOP do nosso adversário. Primeiramente, excluo as mãos extremamente marginais, como 73o, 52o, T3o e afins, já que nosso adversário é um jogador bom. Ainda temos um range amplo como Ax+, K4s+, Q7s+, 22+, por conta do nosso adversário estar bem deep e pelo investimento ser menor, já que ele está no Big Blind. Penso que na maioria das vezes não veremos nesse range AK, AQs, TT, JJ e QQ, já que normalmente ele daria 3bet pré-flop. Mas ainda assim, deixo uma margem de erro, acreditando que poucas vezes ele pode resolver pagar também essas mãos, bem como AA, KK criando uma armadilha.

FLOP – [5h Jh Jc] LordGregoire check. Inicialmente, após o check do vilão devemos analisar o board e entender se temos valor com nossa mão ou não. No board 5h Jh Jc, sem sombra de dúvidas temos valor. Vamos extrair de 66, 77, 88, 99, A5s, K5s, e diversos flush draws. Por VALOR, vamos c-betar. Optamos por 19,879 e o vilão dá raise para 39,758. Novamente devemos parar e refletir para conseguirmos responder a seguinte pergunta: Com quais mãos ele vai dar raise no flop? Devemos ter a noção de que tendo 66 – 99, A5s, K5s o LordGregoire vai dar check/call 90% das vezes e jogar o valor da sua mão, já que o board está dobrado no J. Então, quando ele aumenta podemos excluir 66 – 99 e A5s, K5s do seu range. Nesse ponto o range dele fica limitado a AIRS (mãos que não acertaram nada e estão tentando levar o pote com o raise), FD (flushdraws, como QhKh, Ah8h, ou coisas próximas disso), REAIS VALORES (AJ, KJ, JTs, JQs e 55), e por fim, porém em uma quantidade menor de vezes, TRAPS (AA, KK, QQ).

Assim, com TT, ainda estamos ganhando de grande parte do range dele, estamos vencendo AIRS e FD, e perdendo para os J, 55, AA, KK, QQ, portanto, sem dúvidas, nossa mão ainda pode estar vencendo grande parte do range do LordGregoire, por isso optamos pelo call.

TURN – Ac. Pote = 130,766 e temos 306,152 de stacks efetivos. LordGregoire aposta 52,306k, quase 1/3 do pote. Agora vamos interpretar o que essa aposta significa. Ele pode apostar primeiramente com seus valores, J, 55, FD em A que agora é valor. Mas ele vai dar check na maioria das vezes com QQ, KK, então podemos tirar do range dele essas duas mãos. O range do vilão fica basicamente J, 55, FD, e airs. Por outro lado o A é uma ótima mão para ele continuar em blefes, sempre que estiver em air, por ser uma carta que pode fazer diversos vilões foldarem, 99, TT, QQ, KK, mãos que poderiam jogar como estou jogando. Acreditando que muito air vai jogar dessa forma, optamos pelo call mais uma vez para podermos analisar o river, já que nossa mão ainda tem algum tipo de valor.

TURN E BETSIZE – Outro ponto interessante dessa analise no turn é o bet size (tamanho da aposta) que nosso adversário fez, 1/3 do pote. Normalmente jogadores bons, como é o caso dele, pensam em um valor no turn que vai criar um pote no river onde ele não precise dar overbet para estar all-in. Por exemplo, quando ele apostou 52,306, se pagarmos o pote vai ficar com 235,378 no river e ficaríamos com 250k de stack. Ou seja, se ele nos colocasse em all-in seria bem over. Um jogador que tem 200k de profit sabe disso e sendo assim, provavelmente sempre que ele tivesse grande valor, sua betsize seria algo em torno de 65 – 80k, assim não perderia valor nenhum river, podendo nos colocar em all-in tranquilamente. Esse é outro ponto onde podemos restringir ainda mais o range do LordGregoire, tirando um pouco dos seus valores.

RIVER – 7h. Pote = 235,378. LordGregoire check. Quando ele dá check nesse board completando o flush, quase sempre devemos tirar o flush do range dele. Nós passamos a ideia de mid valor, ele sabe que muitas vezes vamos dar check behind com esses valores médios e isso faz com que quase sempre o range dele seja fraco, muitos airs, ou mega valores AJ, 55 que nos colocou em FD e optou por check/raise river. Pensando nisso, não temos valor de aposta no river, já que grande parte do range dele é air que abortou o move, e mega valores que estamos perdendo, então check behind se torna a ação mais sensata e lucrativa.

 

Seguindo o passo a passo, montando esse quebra-cabeças:

1 – Delimitar range PRÉ-FLOP com embasamento nos stacks, posições, imagens, momento do torneio e prize disputado.

2 – Analisar FLOP, TURN e RIVER, entendendo o valor da nossa mão, e percebendo qual a intenção do nosso adversário com suas ações.

Isso vai fazer com que nossa leitura de mãos fique um pouco mais simplista, de maneira que vamos conseguir sair de situações complexas e embaraçosas. Um conselho para melhorarem muito o pós-flop é jogar inúmeras mãos em HU cash ou HU SNG deepstack. Isso sem dúvidas vai forçar vocês a pensar analiticamente sobre mãos pós-flop e perceberem tendências e linhas comuns adotadas por diferentes vilões que pensam no level 1.

Com a segunda mão vamos fazer uma promoção. Observem a mão, entendam o passo a passo, e descrevam, pré-flop, flop, turn e river, porque resolvi tomar as ações que tomei, expliquem meu raciocínio, por fim, façam uma descrição SUSCINTA e OBJETIVA. A melhor resposta, que será julgada por mim, vai ganhar um review escrito e uma aula para discutirmos esse review. Grande abraço e boa sorte.

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