Postado originalmente por
sopro
0. mas torram mais de um bi por ano com renúncia fiscal,em boa parte das vezes pra projetos culturais questionáveis.
Falso. A verba é da educação.
O dinheiro torrado nos projetos culturais questionáveis não influenciam nada na gestão do museu nacional ou de outros que estão relacionados com universidades.
1. Como vc mesmo apontou, existe um teto e um % definido para as áreas. Além do PIB, vc precisa considerar inflação. R$100 hoje não faz o mesmo que 5 anos atrás e provavelmente não fará daqui 5 anos. Sem o teto poderia-se gastar acima do % mínimo pra área sem problemas. Prioridades né, se o país precisa frear os gastos, deveria-se cortar ou segurar coisas como as emendas parlamentares pros vizinhos ou esses aumentos do STF que vão ter efeito cascata, por exemplo.
2. Quanto a média do OCDE e etc é preciso destrinchar cada caso. Temos por exemplo o EUA que arrecada muito mais que o Brasil gastando só 0,6% a menos que nós - apenas em educação de base*, já que as universidades privadas são fundações, comunitárias ou empresas.
(* assumindo que estou certo sobre a afirmação, mas é uma suposição baseado no que conheço de lá)
A cifra sobe exatamente por causa dos bolos que eu falei. Tudo que é repassado pra universidade entra como "ensino superior".
Tanto cortam na educação que pra respeitar o teto orçamentário e os 6% já começaram a cortar/suspender bolsas de pesquisa e repasses pra grupos/centros. O próximo passo deve ser o estrutural/patrimônio - que já não é grande coisa.
Quanto ao pagar mensalidade ou não e etc, é outro assunto.
3. "
que replica as imbecilidades de Adorno et caterva porque não está interessada na história, mas na formação do "novo homem", em criar "cidadão conscientes",em combater hegemonia cultural."
Falso. Tanto Adorno (Escola de Frankfurt) quanto os mais recentes acreditam na história do homem estar atrelada a sua cultura, ao seu conhecimento da identidade. Por isso que no próprio museu nacional existiam artefatos de tribos indígenas extintas e coisas da família real. O que eles combatem no sentido mais prático é a imposição cultural, aquele lance colonizador vs colonizado. Em tempos atuais seria a gente deixar de lado o que temos em troca de cultuar a identidade do EUA ou nos assumirmos como "povo europeu" porque Portugal colonizou, aí cuspir em todo o resto. A hegemonia cultural tem a ver com classes, garantir que a população mais pobre tenha sua identidade tão conservada quanto os ricos, além de coisas mais práticas como museus terem entrada franca ou social é um pouco disso, enfim, a conversa já vai pra outro tema que não é pertinente ao assunto.
"
Aí nossa política cultural tá mais focada em dar dinheiro, via renúncia fiscal, aos "artistas" que ninguém quer ver porque sua "arte" é politizada."
Falso também. Existem editais específicos de fundo perdido, de renúncia fiscal e o sistema de fluxo contínuo com renúncia fiscal. Os específicos na imensa maioria das vezes vão beneficiar coisas relacionadas aos negros, índios e etc. Os que envolvem renúncia fiscal naturalmente dependem de empresas e a submissão vem delas, mas há um filtro na aprovação de projetos. Não é um sistema perfeito, ao contrário, mas é ele que ainda permite que o chorinho não esteja extinto, que orquestras sinfônicas não desapareçam, preservação folclórica indígena, que peças de teatro consigam ir para o interior do Brasil com preço baixo ou gratuito, oficinas de artesanato pra pessoas em venerabilidade social, apresentações musicais gratuitas de artistas que normalmente o bilhete custam 10%+ do salário mínimo e por aí vai.
"E, pelo que eu vi, a UFRJ nunca teve o museu como uma de suas prioridades."
Fica difícil falar de fora sobre a gestão do museu, a bomba estourou agora, poderia ter sido anos antes ou anos depois. A questão é que o repasse caiu drasticamente no novo governo, talvez com o repasse completo o museu teria tido alguma hipótese. Sem o repasse não existia o talvez, era só questão de tempo. Brincaram com a sorte e ela saiu bem cara.
"Em suma, não me parece que o incêndio seja fruto apenas de negligência do governo X ou Y, e muito menos da falta de investimento em educação."
Concordo que seja um problema crônico e não exclusivo, mas quem tá no poder é a única figura no momento que pode ou não fazer algo.
Sobre a UFRJ:
A situação orçamentária é considerada crítica pela direção da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Para este ano, o orçamento é 6,7% menor do que no ano passado. O reitor da UFRJ, Roberto Leher, destaca que, no ano passado, muitas contas foram pagas somente até o mês de setembro, o que deslocou para o orçamento de 2017 o pagamento das despesas não pagas.
Nos últimos três anos, o quadro de pessoal terceirizado foi reduzido pela metade, e contratos com permissionários foram revisados. A universidade lançou uma campanha com a meta de reduzir em 25% as despesas com energia elétrica.
A UFRJ diz que, desde 2014, a falta de recursos afeta gravemente o funcionamento da universidade. “Nos últimos anos, a UFRJ vem sofrendo cortes crescentes, significativos e rigorosos, em seu orçamento, os quais comprometem sua capacidade de funcionamento e suas possibilidades de oferecer o melhor acolhimento aos alunos que chegam à universidade pelas novas vagas geradas no processo de expansão e pelas cotas criadas para democratizar o acesso e a garantia das ações afirmativas”, diz a universidade, em nota.
"É fruto da forma completamente equivocada, IMO, com que educação e cultura são vistas e tratadas no país, inclusive e principalmente por quem é do meio."
Fala isso baseado em que(m)?