O INÍCIO
1- Filho de uma empregada doméstica e de um carpinteiro, tive uma infância humilde porém digna. Catava ferro velhos , vendia picolé e era uma criança precoce e de gostos estranhos por meio onde vivia. Numa comunidade nos moldes de uma favela.
Na rua onde eu nasci era necessário cobrir os sapatos com plásticos para se chegar até o ponto de ônibus e ir a escola.
Lia muito e tudo. Esgotei os livros da pequena biblioteca da escola pública onde estudava, escrevia, participava de concursos literários e com 12, 13 anos queria participar da polícia, militar em partido.
Além disso comecei frequentar a igreja do meu bairro, enfim fui uma criança e adolescente totalmente exemplar, estudioso, bom filho e já desde muito novo bastante trabalhador.
2- Vida muito simples, mas com base familiar sólida. Segui lendo e sonhando. Até que um dia revoltado por não ter acesso a escola de qualidade no 2º grau, movido por algo maior escrevi um texto que enviei por carta a muitas pessoas.
Escrito na máquina de escrever o texto despertou interesse de duas pessoas.
Uma delas foi o então prefeito do RJ Cesar Maia e a outra foi o Dr Ronald Levinsonh, proprietário da 2ª maior rede de ensino da cidade que me concedeu uma bolsa integral de estudos que foi
2º grau até a faculdade de Direito.
3-Tempos depois, quando iniciei a faculdade, procurei novamente o Cesar Maia, que não exercia mandato na época e ele me indicou para trabalhar no gabinete de uma parlamentar liga da ele a dep Solange Amaral.
Não era nomeado, trabalhava como estagiário mas para mim, não importava. Aos 19 anos entrar na Assembléia Legislativa, conviver com a tomada de decisões
me fascinava. E não pelas "franjas do poder" como bem dizia Carlos Lacerda, mas sim pelo poder de transformação da política. Por começar a conviver com essa
ciência (?) fascinante que até então só conhecia em teoria.
Conquistei a confiança de todos e tive a oportunidade de ter acompanhado, in loco, uma campanha majoritária ao governo de 2002 ao lado da candidata, me fez aprender mais do que qualquer universidade. Nesse período já como assessor especial convivia com várias autoridades e personalidades pública Aliás neste período abandonei a faculdade de Direito no 8º para me dedicar exclusivamente às eleições.(um dos maiores, entre meus muitos erros)
No decorrer desse processo,evoluindo cada vez mais fui nomeado subprefeito de Jacarepaguá, região com 500.000 habitantes, justamente por ter um perfil técnico, era um dos poucos que não era da cota política de nenhum parlamentar e tive uma atuação bastante reconhecida na região, sendo inclusive um dos primeiros a denunciar as milícias armadas que infestavam a região.
Desenvolvi e ajudei a desenvolver vários projetos sociais, um dels foi o responsável por resgatar e descobrir Bárbara Leôncio , a atleta símbolo da candidatura do RJ as olimpíadas. Amenina que foi apresentada ao lado do Lula como prova do que o esporte poderia fazer pelo Brasil
4- Entretanto, paralelamente a isso tudo, minha vida pessoal se desenvolvia. Nunca havia tido vícios. Não bebia, não fumava e mesmo estando na política e recebendo propostas, pude manter a minha correção, valores e princípios.
Membro da igreja Batista cheguei a cursar um seminário mas me decepcionei com o caminho mercantilista que a igreja estava tomando no Brasil.
A vida familiar era equilibrada, embora não ausente de tragédias. Perdi meu irmão num acidente de carro na esquina
de casa e no mesmo período em que evoluia rumo ao meu sonhos, meu pai foi diagnosticado com HIV, já em suas manifestações terminais. Milagrosamente, minha mãe não havia contraído o vírus e meu pai hoje é um homem clinicamente curado.
O OVO DA SERPENTE
Entretanto essas não foram nem de longe as maiores tragédias de minha vida. A minha destruição começou de forma ingênua.
Um dia, a convite de uma namorada entrei num bingo na Tijuca. Era pra ser uma visita inocente. Mas foi como se tivesse tomado cocaína na veia. Fiquei alucinado e me viciei instantaneamente em jogo. Até então sequer jogava em loterias.
Naquele dia, quando cheguei em casa chegava a “tremer” de ansiedade para entrar num bingo no dia seguinte. Fiz do jogo o meu “psicanalista” onde eu despejava toda a minha tensão e tristezas pela perda do meu irmão e pela situação do meu pai, até então a beira da morte.
OS PRIMEIROS ERROS
Na subprefeitura, entrei para cobrir um buraco, pela saída do atual prefeito Eduardo Paes e seu grupo político, e acabei ficando por 3 anos. Infelizmente minha instabilidade emocional para aguentar as pressões do cargo, as contradições da política na prática, à época, aliada a falta de experiência, de assessoria, e principalmente de um orientador, me fez tomar a imatura e desastrosa decisão de sair.
Isso mesmo, larguei um cargo com 8 asssessores, motorista, celular e um ótimo s´´alário por não aguentar a pressão. (Cometi outro enorme erro)
Resolvi então montar uma empresa e tentei trilhar a vida por outros caminhos.
Destruído financeiramente, consegui tardiamente largar o vício do jogo.
O fechamento dos bingos contribuiu bastante para que isso acontecesse.
O EMPREENDEDORISMO E ABISMO
7- No que se refere ao trabalho, a empresa evoluia. Colocava produtos em bancas e conquistava muitos clientes.
Entretanto, sem crédito na praça e precisando financiar este crescimento, comecei a aceitar a oferta de algumas pessoas próximas que passaram a me emprestar dinheiro.
Dividia o lucro com essas pessoas. E chegava a pagar no início 11% ao mês. Como a cada mês elas decidiam se queriam ou não continuar participando, o sistema acabava gerando juros compostos.
Mesmo assim o negócio crescia.Já que estava no início e não tinha tantas despesas fixas. Passei então a formalizá-lo e a fazer tudo dentro da lei. Fiz contratos em cartório e a média dos rendimentos pagos passou a ser de 6% ao mês, embora algumas pessoas recebessem 8%. Juros simples, a partir daí, mais ainda assim exorbitantes.
Não era propriamente uma pirâmide, pois com muito trabalho conseguia pagar essa remuneração leonina. Mas nada sobrava para reinvestir e eu ficava sempre dependente de mais capital para evoluir.
Também não havia procura por investidores, nem incentivo para que as pessoas os trouxessem, mais eles começaram a aparecer espontaneamente.
Todos eram da família, ou pessoas muito próximas.Eu pagava religiosamente em dia, embora cada dia fosse mais sacrificante fazê-lo.
Pessoalmente havia me tornado um escravo. De nada usufruia. Tudo era reinvestido no negócio. Acordava as 4h e ia dormir meia noite.
A necessidade de gerar capital para alimentar essa roda viva, foi movendo o crescimento da empresa. Era como se eu estivesse montado num tigre. Se parasse ele me engoliria.
Cheguei a ter produtos em mais de 800 pontos de venda, distribuir brinquedos e utilidades como atacadista, ter 02 quiosques em terminais rodoviários e um restaurante. Além de participar de feiras e eventos como a Providência com stands enormes.
Quem conhece economia , deve ter uma noção de como vai acabar essa história.
AVISO: TÓPICO ANTIGO
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