Hoje, o principal exemplo é a Khan Academy, plataforma de educação digital nascida das aulas de matemática que o americano Salman Khan dava à prima pelo YouTube. Após atrair a atenção (e milhões de dólares em doações) de gente como Bill Gates e Carlos Slim, Khan montou uma tecnologia que ensina matemática, ciências e economia, entre outras áreas, com aulas gravadas e exercícios na tela do computador. Conforme o aluno vai acertando ou errando, a tecnologia identifica as áreas que ele domina e o que ele precisa estudar mais. A dificuldade dos exercícios é determinada pelo conhecimento do aluno, e não pelo ritmo de aprendizado da classe. Por isso, mesmo dentro de uma mesma sala de aula, a Kahn Academy mostra diferentes exercícios para diferentes alunos. Para professores, a tecnologia compila um relatório com as notas e o desempenho de cada aluno.
Em 2012, a Fundação Lemann fechou acordo com a Khan Academy para traduzir e aplicar a tecnologia em escolas públicas pelo Brasil. Há dois anos, eram 210 alunos na periferia de São Paulo com aulas apenas de matemática. Hoje, são mais de 70 mil, nos estados de São Paulo, Paraná, Ceará, Bahia, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Os colégios que aderiram contam com carrinhos com laptops que percorrem as salas onde a Khan será usada em aula. Quem compra o hardware é a escola. A fundação banca a plataforma, a formação do professor e o acompanhamento. “Hoje tem fila de escola” esperando para participar, diz Mizne. Aberta para o público em geral no começo do ano, a Khan Academy em português já atraiu mais de 700 mil usuários. Após a Khan, a Fundação Lemann foi atrás de outros projetos com escala. Em agosto de 2013, traduziu para o português dois cursos da plataforma Coursera, que agrega material de universidades como Stanford e Princeton. Com tradutores voluntários, mais 26 cursos estarão em português em setembro. Também em setembro, deve lançar o Programaê!, plataforma para ensino de programação a jovens usando conteúdos do site americano Codeacademy, da própria Khan Academy e do projeto Scratch, criado pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) para crianças. Em novembro, fechou acordo com o Google para produzir um canal de conteúdo educacional para o ensino médio no YouTube chamado YouTube Edu.