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Picinin
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JoseIrineu
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JoseIrineu
Lol demagogia simplista...
Eu já discuti isso com um monte de gente aqui, inclusive você, e a sua argumentação não foi muito diferente de "Lol demagogia simplista", ou "só quem é da quebrada é que sabe". Fazer o quê? Ser maniqueísta dá menos trabalho...
Me explica seu ponto, vc acha que quem nasce na periferia tem que se foder mesmo? E aonde estou sendo maniqueísta?
Meu ponto é que existe um puta preconceito e quem nasce na periferia tem uma vida completamente diferente da classe média, mas tipo é muito diferente mesmo, não da pra comparar.
É óbvio que eu não acho que quem nasce na periferia tem que se foder. O maniqueísmo tá também aí. Se alguém critica algum ponto do ideário esquerdista, o primeiro pensamento é que esse alguém é um canalha que não se importa com os outros.
O maniqueísmo que eu falei tá no vídeo que vocês postaram (e não no seu post @
rocksfeller). O cara começa a contar passagens desconexas da sua vida, tipo falar que ele era zoado de vagabundo porque queria ser MC, como se isso tivesse alguma coisa a ver com ser pobre, e não com escolher uma profissão fora do mainstream; eu passei pela mesma coisa porque era cabeludo de calça rasgada que queria ser metaleiro, meu pai ouviu as mesmas bobagens que o pai dele. E, no final, ainda me solta essa de que "a certeza na quebrada é que você não vai ser nada".
Esse discurso é a versão oposta do "o cara é pobre porque não corre atrás". Ambos são reducionismos toscos que estão longe da verdade. É perfeitamente possível ascender socialmente e todos nós conhecemos inúmeros exemplos nesse sentido, que não são exceções pontuais.
Eu diria que metade da classe média (não essa classe média expandida, mas as classes média-média e média-alta) ascendeu socialmente nas últimas duas gerações. Mas isso obviamente não depende apenas do esforço e competência do sujeito, tem uma grande dose de sorte. Sorte de ter nascido numa família estruturada, sorte de estar no lugar certo na hora certa, sorte de ter a oportunidade de conhecer pessoas que te ajudarão a mudar de vida, sorte na loteria genética, e por aí vai.
O problema é que esse discurso de que
"a certeza na quebrada é que você não vai ser nada" é perigoso. É um discurso fatalista, que tira esperança e autoestima de quem nasceu na quebrada. É muito parecido com o discurso fatalista que as religiões usa(va)m pra manter o status quo. Você nasceu assim e não será capaz de mudar o seu destino.
Quanto à meritocracia, é o que eu falei nos posts anteriores. Ela é uma forma de seleção que é benéfica pra sociedade como um todo. Não tem nada de errado em escolher o cara mais competente, independente do background, pra ser o neurocirurgião, o juiz, o professor universitário. O problema tá em negar aos menos competentes os direitos universais. O cara que só vai conseguir fazer um trabalho manual braçal merece receber um salário suficiente pra sustentar sua família, merece morar num lugar urbanizado com água, luz e esgoto, merece ter uma escola decente pros filhos. IMO, é o único jeito de promover desenvolvimento social. Cota, ProUni, servem muito mais pra maquiar estatística do que pra trazer uma solução definitiva.