Discussao sobre paternidade e diferentes maneiras de educar os filhos

[dougrodrigues]

Porra, muito produtivo esse tipo de discussão.

Tenho 2 filhinhas, 2 e 4 anos. Sem dúvida uma das melhores experiências da minha vida, a paternidade.

é animal ver a diferença de personalidade das duas, perceber como cada ser humano é único desde bebezinho.

Uma das coisas mais importantes na criação de filhos é a coerência dos pais, porque no final das contas eles vão aprender por observação de quem os pais são e não pelo que eles falam e tentam ensinar. Crianças são extremamente observadoras e curiosas, prestam atenção em tudo e vão absorvendo o que veem.
Isso é muito foda, porque te impulsiona a ser uma pessoa melhor, porque o que de fato eles vão aprender é o que eles observam em vc, na sua forma de agir, de se portar e tal e não no que vc tenta ensinar e contradiz quem vc é de fato no dia a dia. Filhos captam a sua essência.

-Qual a melhor maneira de impor limites? Que tipo de castigo aplicar? Bater ta fora de cogitacao ou ajuda de alguma forma?
Sempre converso antes, explico as regras e as consequências (ficar de castigo, perder privilégios, etc, dependendo do que se trata o assunto). Eu nunca bato, minha esposa dá umas palmadas quando acha necessário, apesar de discordar para mim isso não é o fim do mundo.
O mais importante é manter a palavra, se disse que vai ficar de castigo se desobedecer, tem que cumprir, de preferência imediatamente. A criança tem que saber que vc fala a verdade e cumpre os combinados, isso gera uma puta segurança nela.


-Ser realista e explicar sempre as coisas como elas sao ou deixar a crianca viver a fantasia dela durante a infancia?
A fantasia, o lúdico faz parte do processo de desenvolvimento da criança. Eu desconstruo as fantasias apenas quando ela demanda a verdade de mim, no tempo dela, tipo minha filha com 3 anos quis saber se papai noel que dava os presentes para ela, eu respondi a verdade, que papai noel era uma brincadeira e quem dava os presentes era o papai dela mesmo, mas isso porque ela tava demandando a verdade, no geral eu sempre entro nas fantasias dela.

-Como lidar com o resto da familia se intrometendo em tudo (educacao, alimentacao, etc)?
Eu acho isso extremamente prejudicial, para os pais e para os filhos, no geral todo mundo tem que aprender que a responsabilidade e o direito das tomadas de decições são dos pais e tem que ser respeitadas.

-Colocar a crianca em uma rotina rigida ou ser mais flexivel?
Equilíbrio. Rotina é muito bom, mas flexibilidade tb é, rs.

-Limitar o uso de eletronicos (TV, celular, tablet, videogame, etc) pra tentar fazer a crianca brincar mais no mundo real?
Sem xiitismo, mas de preferência colocar o máximo possível a criança para brincar no mundo real, com outras crianças reais de brincadeiras reais, rs, para ver se ela se torna uma pessoa real e não um ser virtual.

Mas tipo, não adianta os pais demandarem isso da criança se eles mesmos ficam o tempo inteiro no celular, computador, televisão, etc. Tem que ter coerência.

Para mim coerência é a palavra chave na criação de filhos.

[ekalil]

Abri o tópico é acabei não comentando.

A gente vive uma situação bem diferente do que a maioria dos casais.

Primeiro que moramos fora, longe de qualquer família, então sou só eu e minha esposa pra tudo. Eu sei fazer tudo o que ele precisa e acho isso bem legal. Provavelmente se estivesse no Brasil ia ter tanta gente pra ajudar que eu não ia fazer mta coisa.

Segundo que minha esposa ainda não pode trabalhar aqui, então ela pode se dedicar bem mais a ele.

Eu, particularmente, tenho pavor de família se metendo na criação das crianças. Praticamente todos os meus primos que tiveram filhos sofreram uma influência gigante dos avós, que mas vezes fazem mais o papel de mãe que a própria mãe.

Tem uma diferença bem grande tb entre o Brasil e os EUA que começa desde a gestação. Aqui so se faz uns 3 ultrassons na gravidez toda e parto normal é a regra. So fazer cesarea se tiver algum problema.

No dia parto eu tava do lado, literalmente participando da parada, num quarto comum, com roupa comum.

A experiência de levar ao pediatra tb é diferente. No Brasil o médico é um meio que faz tudo, invadindo várias outras áreas. Aqui o pediatra faz so o básico e se tem algum problema encaminha pra um especialista. No geral é bom, mas as vezes enche o saco pq vc quer resolver tudo numa consulta so e não resolve as vezes.

Uma coisa que a gente tenta fazer tb é não mudar completamente a nossa vida por causa da criança. A gente continua saindo jantar, indo na casa de amigos, etc. Levamos as paradinhas dele (comida, brinquedos, carrinho, etc) e gg. Não importa se tá frio, calor, chovendo. Ele sempre vai junto.

Conforme for lembrando de mais coisas vou postando aqui. Ser pai é foda demais. Se vc estiver no momento certo da vida com certeza é uma das coisas mais gratificantes que existem.

[Alvinho]

ekalil, é esse o livro? http://www.amazon.com/Bringing-Up-B%...0394577&sr=1-1

[Heartbreaker]

A gente continua saindo jantar, indo na casa de amigos, etc. Levamos as paradinhas dele (comida, brinquedos, carrinho, etc) e gg. Não importa se tá frio, calor, chovendo. Ele sempre vai junto.

Teria outra alternativa? Vocês teriam como deixar o Nicholas com alguém? Confiariam em babysitters?

[ekalil]

ekalil, é esse o livro? Bringing Up Bébé: One American Mother Discovers the Wisdom of French Parenting: Pamela Druckerman: 9781594203336: Amazon.com: Books

Sim. Btw, o livro parece ser bom, mas minha mulher não curtiu uma parada que fala no começo, que criança tem que comer quatro vezes ao dia desde sempre, pra já se acostumar e tal. Ela não concorda com isso.

[ekalil]

A gente continua saindo jantar, indo na casa de amigos, etc. Levamos as paradinhas dele (comida, brinquedos, carrinho, etc) e gg. Não importa se tá frio, calor, chovendo. Ele sempre vai junto.

Teria outra alternativa? Vocês teriam como deixar o Nicholas com alguém? Confiariam em babysitters?

Ah, mta gente simplesmente não vai né. Tipo para de fazer as coisas por causa do filho. Ou deixa com alguém da família.

A gente nunca deixou com babá. As primeiras vezes deve ser meio difícil, mas acho que não tem problema não.

[Floyd]

Eu sempre fico pensando se caso eu tenha filho eu não vou acabar sendo muito rígido e caindo naquele caso de querer que o filho realize as coisas que os pais não fizeram/tiveram.

Eu e meus irmãos sempre fomos muito preguiçosos e ao mesmo tempo impulsivos do tipo querer fazer aula de violão e largar depois de 3 meses, fazer aula de natação, desenho, etc e ir largando tudo fácil.

Hoje em dia eu fico pensando como teria sido útil ter feito pelo menos 1 esporte por mais tempo, ter completado o curso de inglês, ter aprendido um instrumento musical direito, etc. Mas ao mesmo tempo eu penso também se eu fosse forçado a aprender violão quando eu quis largar será que eu poderia ter ficado com raiva e acabar odiando música?

Como você lidam/vão lidar com esse equilíbrio de dar liberdade pra criança escolher o que fazer e ao mesmo tempo não deixar ela desistir fácil das coisas?

[Picinin]

Boa, Kalil! Além de abrir o tópico teve a manha de direcionar a discussão.

Eu tenho um filho de 1 ano e 1 mês, mas já tinha 6 sobrinhos antes do meu filho nascer, sempre curti criança e a molecada sempre me curtiu, então facilitou um pouco.

Eu sempre fui meio desencanado com criação de filho porque eu tenho a filosofia de que, já que nossos avós criaram aquela porrada de filhos numa época em que se tinha muito menos recurso, criar meu filho não seria nenhum bicho de sete cabeças.

Agora eu to no celular, mas amanhã eu respondo os tópicos do op.

[Picinin]

Respondendo às perguntas do OP?

-Qual a melhor maneira de impor limites? Que tipo de castigo aplicar? Bater ta fora de cogitacao ou ajuda de alguma forma?

Eu acho que pra impor limites é fundamental ser coerente. Se não pode fazer uma coisa, não pode e pronto,não tem exceção. Mas em compensação eu só proíbo meu filho de fazer o que realmente é perigoso pra ele ou prejudica alguém. Criança já tem tanta limitação que eu não vou ficar proibindo de brincar na sujeira pra não sujar roupa, de pegar a pedra que ele achou no chão, coisas desse tipo.

Sobre castigo, a ideia é privar de coisas que ele gosta. Ainda não dá pra aplicar muito porque meu filho ainda é pequeno, mas eu já esboço us castigos desse tipo quando ele faz pirraça ou insiste em fazer o que eu proibi. Apesar de achar que um tapa na bunda não faz mal, eu não me vejo punindo meu filho com castigo físico.

-Ser realista e explicar sempre as coisas como elas sao ou deixar a crianca viver a fantasia dela durante a infancia?

Eu acho que as duas coisas não se excluem, tem hora e lugar pra fantasia e pra realidade. Na hora de ensinar a se comportar, eu acho que tem que ser realista e mostrar que existem limites, que as outras pessoas importam tanto quanto ele. Mas na hora de brincar, pode deixar a fantasia correr solta.

-Como lidar com o resto da familia se intrometendo em tudo (educacao, alimentacao, etc)?

Minha mulher fica meio puta com isso. Pra mim, entra num ouvido e sai no outro. Minha mãe e minha sogra ficava meio horrorizadas porque meu filho sempre dormiu sozinho (exceto pela crise da separação dos pais, que a maioria das crianças passa lá pelo oitavo mês). Quando eu contei que eu deixei ele chorar no berço por meia hora logo depois dessa fase da angústia da separação, para reaprender a dormir sozinho, elas meio que horrorizaram. Mas como ele dorme a noite toda desde os 2 meses e meio, e hoje ele já vai pro berço e pede pra dormir quando tá com sono, acho que elas perceberam quem tava certo, hehehe.

Colocar a crianca em uma rotina rigida ou ser mais flexivel?

Eu não sou fã de rotina, mas pra criança é imprescindível. E por rotina eu falo em ter hora pra comer e pra dormir. Assim como o kako, eu não concordo muito com essa onda de o menino acorda, toma café, aí tem aula disso, aula daquilo, depois vai pra escola, chega em casa morto e dorme. Nós já somos obrigatoriamente sufocados pelos compromissos quando crescemos, deixa a criança ter tempo pra brincar e fazer o que ela quiser. Até porque eu não acho que ficar estimulando demais vai fazer a criança se desenvolver melhor, tem que dar espaço pra ela aguçar sua curiosidade, descobrir o mundo por si própria.

Mas pra dormir e comer é fundamental.Primeiro pra ela aprender que não pode ter o que quer na hora que quer. Segundo pra permitir que os pais também tenham tempo para si. Senão a criança sufoca o casamento e vai acabar sobrando pra ela depois. E principalmente porque isso melhora o bem estar da criança. Menino que faz o que quer na hora que quer normalmente fica nervoso e irritadiço. A criança não tem noção que ela precisa de tantas horas de sono por dia, que ela não pode comer uma bobagem no primeiro sinal de fome, senão não vai conseguir se alimentar direito.

Por falar em comer, comida é uma parte importante da minha cultura, então meu filho almoça no cadeirão dele na mesa junto com o resto da família. O jantar é sozinho por causa do horário, mas mesmo assim é sentado na cadeira e não em frente a televisão. Há uns 15 dias fizemos a primeira viagem com ele e o moleque já tava tentando, e conseguindo, comer sozinho com o garfo, o que eu acho muito doido. Além disso, na hora que nós jantávamos, ele ficava na cadeirinha dele beliscando uma batata frita ou algo do tipo, sem dar trabalho. E eu tenho quase certeza que ele não faria isso se comesse todo dia em frente à TV.

Além disse ele nunca comeu uma papinha pronta, todas eu mesmo fazia. Hoje ela já come praticamente o que nós comemos, com um eventual legume/verdura extra que cozinhamos pra ele. Mas eu não tenho essa noia de não poder comer industrializado, ou doce. Eu ofereço a ele praticamente tudo o que eu como. Em festa de aniversário ele se entope de salgadinho, no fim de semana ele prova uma sobremesa. Como lá em casa praticamente não existe industrializado ou doce, isso acaba sendo natural. Eu acho paia pai que proíbe menino de comer determinadas coisas, dá uma puta só de criança que vai pra aniversário de amiguinho e fica vendo todo mundo comendo bobagem e ele lá, chupando dedo. Acho que tem que ter a rotina, mas pode dar uma escapada de vez em quando, senão é sacanagem.

-Limitar o uso de eletronicos (TV, celular, tablet, videogame, etc) pra tentar fazer a crianca brincar mais no mundo real?

Algum limite tem que ter porque essa porra é viciante. Mas o mais importante, IMO, é mostrar pra criança que o mundo lá fora pode ser mais divertido que no videogame.

Meu pai tem uma fazendinha e, quando eu era moleque, o filho do caseiro era meu melhor amigo. Eu acordava cedo e sumia, parava pra almoçar, e só voltava quando já tava escurecendo. Cortava árvore pra fazer uma "casa", ia pro mato pegar bambu pra fazer vara de pescar e pipa, pegava uma enxada e ia catar minhoca pra pescar, essas coisas. Eu vejo meus sobrinhos lá e eles só ficam na piscina (que não existia na minha época) ou dentro de casa com celular/tablet/videogame. Não passam mais de meia hora fora das imediações da casa. Aí na semana santa eu peguei eles uma manhã, e levei pra dar rolé numa mata lá perto. Ficamos umas duas horas andando,abrindo picada no mato, eu mostrando as plantas e os lugares. Até hoje eles me lembram do passeio. Ou seja, se você mostrar o tanto que o mundo real é legal, e o tanto que dá pra se divertir outdoor, não vai precisar limitar tanto o uso de eletrônicos.

[Picinin]

ekalil, é esse o livro? Bringing Up Bébé: One American Mother Discovers the Wisdom of French Parenting: Pamela Druckerman: 9781594203336: Amazon.com: Books

Sim. Btw, o livro parece ser bom, mas minha mulher não curtiu uma parada que fala no começo, que criança tem que comer quatro vezes ao dia desde sempre, pra já se acostumar e tal. Ela não concorda com isso.

Ela é nutricionista, né? Então isso deve ir contra o que ela aprendeu na faculdade, mas os franceses são mestres em contrariar tudo o que dizem os nutricionistas e nutrólogos. Quem é da área certamente já cansou de ouvir sobre o "paradoxo francês". Os franceses comem poucas refeições ao dia, têm uma dieta rica em gorduras saturadas e altamente calórica, e ainda assim são magros, e têm índices baixos de doenças coronarianas e demais doenças ligadas à dieta. Em compensação, os americanos são paranoicos com dietas, contam calorias, leem todo estudo novo sobre o tema, e são obesos com altos índices de doenças ligadas à dieta.