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andremcosta
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JoseIrineu
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andremcosta
Uma pergunta simples, o que vocês chamam de mercado?
Porque mercado pode ser toda a população brasileira, pode ser todo o setor produtivo. Pode ser o mercado de trabalho.
Falar simplesmente em mercado é muito genérico e da margem pra um ódio de algo que nem se sabe o que é.
Dentro da concepção de mercado de vocês, até que ponto os interesses do mercado são diferentes do interesse de quem deseja emprego?
Vou tentar explicar parte da má vontade com o mercado financeiro.
Caíram de pau na Genro quando ela disse que o dinheiro investido na bolsa era inútil. Ok que ela não soube se expressar, mas a criticaram dizendo que cada real colocado na bolsa é um investimento na empresa. Isso não é verdade, o único dinheiro que entra pra empresa é na ipo, depois ela apenas paga o mercado com dividendos para os donos da ação, que em muitas vezes já não é o inicial, pq esse já vendeu suas ações.
A questão é que o mercado, passado a ipo, e a ipo é apenas uma fração muito pequena das transações, porra tem nego que fica rico com outro quebrando, é bem obv que o cenário do mercado é muito mais um gambling, do que algo que gera valor pra alguém.
Os interesses do mercado não tem relação nenhuma com gerar emprego, tem apenas com lucro, se eu puder colocar um dinheiro lá e retirar mais do que eu coloquei é o que importa. Isso é uma discussão mais ampla que é o debate sobre o lucro como finalidade e ele tem seu maior efeito na bolsa, mas uma empresa que visa lucro como finalidade não pode fornecer o melhor produto aos seus consumidores.
A questão moral é, lucrar ou oferecer o melhor produto/serviço possível. Tem gente que acha ok lucrar e tem gente que acha que não é moral ter lucro como finalidade.
Eu acho essa visão bem atrasada.
A bovespa deve ter um valor de mercado de R$ 2,5 trilhões. É chute, não sei o valor de hoje, mas andou nessa faixa parte do ano. O giro financeiro de 150 bilhões por mês. Acho essa troca de controle bem razoável. Da perto de 5%. Isso é muito comum porque as pessoas tendem a mudar de posição com alguma regularidade.
A maioria das pessoas que operam em bolsa, e não estou falando de muleque que quer ficar rico com invencionice, mas fundos de pensão e grandes investidores em geral, opera por fundamentos. Eles tem participação em um empresa que esperam que tenha lucros futuros que justifiquem o valor presente de uma ação. Essa lógica que você tem na cabeça de um monte de gente comprando e vendendo feito louco pra lucrar em cima de variações de curtíssimo prazo é bem minoritário. Tanto é que a imensa maioria dos day traders tem prejuízo por conta da corretagem.
As variações as vezes aparentemente inexplicáveis nada tem a ver com simplesmente querer ganhar dinheiro fácil, mas relação com os fundamentos.
Se a petrobrás perde valor é porque os investidores acreditam que o lucro futuro dela será baixo. Qualquer pessoa minimamente inteligente, e você não pode pressupor que todo rico seja burro, compraria tudo que pudesse em ações da petrobrás se acreditasse que o governo levaria a empresa a sério. Ninguém derruba o preço simplesmente por especulação mesquinha. As pessoas acreditam que o governo vai fazer a empresa dar mais prejuízo, e aceitam vender por menos, ou se oferecem a pagar menos.
Isso vale para outros setores. Se alguém acreditar que a economia vai andar muito mal, é de se presumir que os lucros de uma varejista caiam. E por conta disso o preço cai. Ninguém vai ser burro de vender uma ação por menos do que ele vale se tiver crença de que ela vai dar lucros.
Quanto a questão do lucro é difícil discutir. Ninguém abre um negócio sem lucros. Por mais feio que você ache ter lucro como finalidade primeira, nenhum negócio consegue se perpetuar sem lucros. Ter lucro é o que permite contratar mais funcionários. E considerando que a maioria da renda brasileira é salário e não lucro, sempre que um empresário lucrar, isso significa que alguém estará recebendo um valor bem superior na forma de salários.
Quanto a oferecer o melhor serviço possível, o mercado americano mostra isso muito bem, e contraria bastante sua visão. Eles precisam oferecer o melhor serviço possível porque são competitivos. No Brasil, os setores que são protegidos pelo governo não tem concorrência e não precisam oferecer nada. A política pública faz o produto estrangeiro chegar custando o dobro, então tudo que o empresário brasileiro precisa é oferecer algo com pouco mais de metade da qualidade ou pouco menos que o dobro do preço.