Você é feliz em seu emprego?

[The Old Team]

Dos 14-18 anos trabalhei em coisas bem distintas, sou de uma família com poucos recursos mas que sempre batalhou muito para que nada faltasse. Nesse período trabalhei em uma padaria e depois disso na zona rural da minha cidade, trabalho pesado mas muito gratificante por sinal, a única coisa ruim era o tédio, mas achava bacana trabalhar lá.

(18-25) Fui do EB, consegui me tornar sargento temporário ralando muito. Era instrutor no período básico e cuidava de alguns paióis de munição, nunca me senti verdadeiramente feliz lá dentro e nunca me esforcei para seguir na carreira.

(25-26) Trabalhei em uma empresa que trabalhava prioritariamente com vendas para órgãos públicos. Esse foi o único trabalho que me sentia feliz plenamente, mesmo ganhando uma miséria, fazia a cotação dos produtos e também dava lances nos pregões eletrônicos, não havia monotonia e cada dia era uma disputa diferente, animal mesmo. Meu chefe depois de um tempo começou a dizer que os dois brothers que trabalhavam comigo e eu estávamos fazendo cotações abaixo da margem permitida para ganharmos comissão, acusando-nos de sermos os responsáveis pelo baixo lucro da empresa. Ficamos indignados com as acusações que não foram poucas e pedimos demissão (meses depois fiquei sabendo que ele descobriu que a cunhada dele, que trabalhava no financeiro, estava roubando muito dinheiro).

(27-29) Como nós gostávamos muito de trabalhar com licitações, resolvemos abrir uma empresa e ver no que daria, eu era o único que tinha uma grana e resolvi apostar para ver se conseguíamos viver o sonho. Ficamos quase seis meses sem vender praticamente nada e a grana já estava acabando. Fizemos uma venda para uma prefeitura e, na ânsia de vender algo, não estudamos bem a dotação orçamentária, nos ferramos, fui receber a grana só dois anos depois disso. Nesse meio tempo tive uma depressão sick, emagreci quase 20 quilos, minha mãe achou que eu iria morrer heueuehueh, fiquei muito mal mesmo. Nessa época meu pai passou por uma fase sick também, não pôde me ajudar em nada.

(29-30) Resolvi que tinha que mudar, saí caminhando sem rumo batendo em todas as empresas disposto a pegar qualquer trabalho. Cheguei em uma ferragem e o dono viu que eu estava na m... mesmo, me ofereceu um trabalho lá, o mais pesado que tinha, dei call na hora. Trabalhava de seg-sáb em um ritmo muito puxado mas minha depressão sumiu, chegava feliz em casa sempre por ter algo pra fazer na vida, era muito gratificante.

(30-32) Um dia, depois do expediente, tava voltando do trabalho no bagaço, todo sujo de ralar o dia inteiro embalando areia e brita em sacos avulsos para venda, passei pelo meu sogro, que já tinha me convidado pra trabalhar com ele. Ele já havia me convidado antes, mas nunca quis misturar as coisas. Acabei aceitando pq não tinha nenhuma perspectiva de crescimento na ferragem e já estava mais do que na hora de dar um rumo real na minha vida.

Nesses dois anos fiz alguns cursos, estou ganhando +/-3k mensais, com o salário da minha mulher dá para termos um padrão bem legal de vida. Comecei a estudar para concursos tendo uma rotina diária muito sick quase sem tempo pra diversão, apenas estudando e trabalhando muito. Estudei pra caramba nesses dois anos e não consegui passar em nada até março desse ano. Até aí as coisas não estavam muito boas, minhas comissões caíram muito e meu estudo não estava dando resultados satisfatórios. Estávamos vindo para o trabalho no fusquinha da minha mulher, um xodó o carrinho. Do nada o motor começou a pegar fogo, bem no centro da cidade, passamos uma puta vergonha, nossa situação ficou ainda pior.

Resumo da ópera, depois desse dia comecei a trabalhar e estudar ainda mais, três semanas depois consegui minha primeira aprovação, graças também ao meu amigo @Dellbono que me ajudou com um recurso na minha redação. Ganhei 20K de comissão em dois meses e vou conseguir comprar meu primeiro carro zero, praticamente à vista. Estou só esperando minha primeira nomeação para o serviço público federal e continuo estudando pois vêm outros concursos melhores por aí. Isso só aconteceu pq mantive a fé em Deus e nas minhas capacidades, nunca deixei de acreditar que eu conseguiria.

Não sou 100% feliz com meu trabalho mas nunca esqueço de agradecer diariamente por ele, acredito que eu consiga alcançar essa plenitude em breve e, se não conseguir, continuarei tentando.

[Urbach]

Vou marcar algumas pessoas que acho que de forma distintas, podem contribuir de uma forma legal para o andamento do tópico. Seja pela experiência de vida ou por ter passado por negócios e atividades diferentes (do comércio a start ups e o próprio maisev).
@$argento.com @Gauss @Vinicius @PeloWaite @RRiccio @Apokalyptic @SatoriBR @Dellbono se puderem contar um pouco da história de vocês seria legal.

[Caipira]

Congratz pela história e todo esforço @The Old Team

Pode apostar que vem coisa melhor por ai.

Btw, passou em concurso pra que cargo?

[JoseIrineu]

No final das contas o que importa é auto conhecimento isso é a melhor ferramenta pra descobrir o que te satisfaz. Quanto mais vc se conhece, mais você caminha na direção de se realizar.

Quando eu paro pra analisar minha vida, eu vejo que os momentos em que eu mais fui infeliz foram os que na minha rotina em que eu tinha a obrigação de acordar cedo, desde a escola, os anos que eu repeti foram por falta pq estudava de manhã. Enquanto eu estudava a tarde, eu era excelente aluno, passava pra manhã e me fodia.

Sobre conforto que foi muito citado aqui, o nível de conforto depende muito mais do seu projeto de vida. Alguém que está em um emprego que não te satisfaz, vai se sentir um desconforto maior do que quem tem metas. Tipo eu estou morando em casa agora é uma casa boa, mas com o foco que eu estou agora, eu moraria em uma casa bem menor, caso precisasse.

Esses dias ouvi uma história de um casal que tinha uma renda de 12k mensal, eles moravam na zl e trabalhavam na vila olimpia, pra quem não é de sp, isso é garantia de que vc vai passar no minimo 3 horas no transito entre inda e vinda, vai pegar todo dia a avenida com mais transito de sp que é a radial leste é um nível de desconforto extremo pra mim. Mas esse casal tinha um plano de viver de renda e estavam guardando 9k/mes então foi sussa aguentar esse desconforto, eles trabalharam 4 anos e hoje não trabalham mais.

Ou seja é sussa vc passar por um período de privação de conforto se vc tem uma meta bem definida.

Acho que a pior coisa é se matar em um trabalho que vc não gosta, sem uma meta definida. A maioria das pessoas que eu conheço que fazem isso, acabam não guardando dinheiro, pq se permitem gastar dinheiro demais, tipo trabalho que nem um filha da puta, não vou me negar nada.

Muito das minhas decisões foram baseado em coisas que eu não queria pra minha vida, eu observo demais as pessoas e vendo meus pais, meus tios, pais dos meus amigos eu notei uma tendência grande de chegar aos 60 anos sem amigos, com a vida social centrada na vida dos filhos, infelizes mesmo, com a cognição diminuída, sem nenhuma paixão na vida, sem ter interesse em nada. Essas pessoas são EXTREMAMENTE julgadoras, criticam a vida de todo mundo.

Do que eu observei, todas essas pessoas fugiram da missão de se auto conhecer e trocaram algum sonho por conforto financeiro achando que iam achar a felicidade.

Por outro lado conheço uma minoria de pessoas que chegaram aos 60 anos felizes, com vida social, com o intelecto firme, com projetos e sonhos ainda, alguns são ricos, outros pobres, mas todos são felizes. O que essas pessoas tem em comum, é que todas elas são autênticas e não tiveram medo de arriscar quando acharam necessário, não só no trabalho, mas na vida amorosa tb ou em qualquer situação.

O mundo precisa de pessoas que saibam correr riscos e que principalmente estejam dispostas a correr risco. Nego tem desculpa pra tudo, pra tudo mesmo, filho, mulher, dinheiro, mãe, pai, amigo, tudo é desculpa pra não correr atrás do que gosta.

Resumindo é se conheça e quando se conhecer, aceite quem vc é e se permita ser grande. Ser grande não tem necessariamente com fazer arte, ou ser jogador de poker, vc pode ser grande sendo marceneiro, carteiro, a questão é saber o que alimenta sua alma.

Uma pessoa infeliz é a pior coisa do mundo, pq ela vai fazer todos ao seu lado infelizes, então pra mim é meio que uma obrigação buscar realização, pq só desse jeito vc torna o mundo ao seu redor melhor.

Pessoas realizadas, procuram um jeito de melhorar as coisas.

Pessoas infelizes estão sempre reclamando de tudo, mas não fazem nada pra melhorar.

[The Old Team]

Congratz pela história e todo esforço @The Old Team

Pode apostar que vem coisa melhor por ai.

Btw, passou em concurso pra que cargo?

Não quero abrir ainda pq não fui nomeado, mas a remuneração é parecida com o que ganho hoje. Quando sair minha nomeação vou fazer um tópico de agradecimento ao @Dellbono e falo o cargo. Como minha remuneração é variável vou optar pela estabilidade, tenho certeza que runnei hot nesses últimos meses aqui na empresa e não vou trocar o certo pelo duvidoso. Valeu pelo apoio man!

[kako]

O topico ta gigante e eu nem sei se continua o mesmo assunto, mas quero deixar aqui um texto que eu achei brilhante:

Os problemas de seguir o mantra

“Faça o que você ama” pode parecer inofensivo e precioso, mas em última instância é individualista ao ponto do narcisismo. Ao nos manter focados em nós mesmos e na nossa felicidade individual, a lógica do DWYL nos distrai das condições de trabalho dos outros enquanto valida as nossas próprias escolhas e nos exime das obrigações com todos os que labutam, amando ou não. Pense na grande variedade de trabalho que permitiu a Jobs passar apenas um dia como CEO: a comida colhida nos campos, transportada por longas distâncias. Os produtos da sua empresa montados, empacotados, colocados em contâineres. A publicidade da Apple pensada, roteirizada, atuada, filmada. Processos encaminhados. Com a maior parte das elites ocupadas em seus trabalhos apaixonantes, não é de se surpreender que as condições de trabalho de seus subordinados (salários abismais, preço alto de creches, etc) mal são percebidas como problemas políticos? Ao ignorar a maior parte dos empregos e reclassificar o resto como amor, o “DWYL” pode ser a mais elegante ideologia anti-trabalhadores que apareceu.

[sopro]

bom, vou falar sobre o tema então... coloquei em spoiler pra ficar "escondido" de quem não se interessa pelo tema e/ou minha opinião

".
até uns 15 anos eu odiava sair com meus pais, não por eles em si, mas achava chato... preferia ficar na rua com a molecada ou em casa na tv/videogame

depois disso eu comecei a não me importar muito com isso e até ia, continuava achando chato, mas ia porque meu pai curtia muito isso e qualquer spot com a família (pai, mãe, irmã) reunida ele dizia que aquilo era massa, que todo esforço dele era pra esses momentos

mas também comecei a valorizar muito mais as amizades... até aí eu tinha poucos amigos e muitos colegas, passei a ter mais amigos do que colegas, pelo menos considerando-os

aí veio a decisão de mudar de estado pra fazer faculdade e foi uma coisa que pensei muito, ficar longe dos amigos (nem pensei nos pais), que seria uma merda e tal... até rolou um papo com um grande amigo na época, que disse que não mudaria pra longe por causa dos amigos, mas entendia minha decisão

então me mudei, mantive contato online com a maioria e junto com isso comecei a consumir muita leitura, acho que foi o período da vida que mais li livros, de faculdade ou não

com o tempo o contato online foi ficando mais escasso, mas toda férias que eu tava na cidade era como se eu nunca tivesse saído
até que rolou um spot esquisito, e fiz um exercício de reflexão, que eu corria muito atrás dessas amizades e talvez nem todas fossem recíprocas

dito e feito, os amigos foram diminuindo, que talvez nem fossem amigos, mas o que ficaram fortaleceu demais com a distância... deixei de ser amigo de amigo que eu tinha há 15 anos+ e me tornei mais amigo de alguns que faziam só uns poucos anos quando me mudei

eu quase foldei mudar de estado, que era e foi uma coisa boa pra mim, por causa de amigos... coisa que eu JAMAIS faria hoje, foldar qualquer oportunidade nice por causa de amigo

hoje tenho muitos colegas, seja a cidade que eu estiver tenho pelo menos uns 10 pra sair, tomar uma breja, assistir futebol... mas amigos mesmo, de botar na reta, é a fase que menos tenho - mas talvez a fase em que tenha mais confiança neles

digo que não foldaria porque quem "sobrou", sobrou porque é de verdade... tô ligado que se ficarmos 1 ano sem nos falarmos, quando encontrar vai ser como sempre foi

no cotidiano você tendo um colega mais chegado para espairecer e um amigo pra trocar ideia (online ou não), fica fácil contornar a ausência dos outros - não que não sejam importantes, mas fiquei muito sábado em casa em campinas, seria hipocrisia pensar o contrário agora

aqui no sul eu tenho um amigo, que vejo com pouca frequência porque tá em outra cidade... mas nos falamos direto, assim como falo direto com os amigos que ficaram em sp
se vou sair pra uma festa ou falar besteira, chamo algum desses colegas
se eu preciso trocar uma ideia mais seria, facebook/skype/whatsapp

sobre os pais, a distância me fez valorizar eles ainda mais... se antes eu achava chato e depois indiferente, hoje tento fico o máximo de dias nas férias em casa (literalmente, no sofá com um deles) e topo qualquer spot de sair... supermercado, boteco, farmácia, tento passar o máximo de horas com meus velhos e sempre que possível com meus tios

mal o post gigante e meio confuso :P "

[moisa]

Hoje eu li uma frase foda do Theodore Roosevelt que não conhecia. Meio frase de almanaque, mas me identifiquei e acho que se encaixa na realidade de alguns depoimentos por aqui.

"É muito melhor arriscar coisas grandiosas, alcançar triunfos e glórias, mesmo expondo-se a derrota, do que formar fila com os pobres de espírito que nem gozam muito nem sofrem muito, porque vivem nessa penumbra cinzenta que não conhece vitória nem derrota."

[rocksfeller]

O topico ta gigante e eu nem sei se continua o mesmo assunto, mas quero deixar aqui um texto que eu achei brilhante:

Os problemas de seguir o mantra

“Faça o que você ama” pode parecer inofensivo e precioso, mas em última instância é individualista ao ponto do narcisismo. Ao nos manter focados em nós mesmos e na nossa felicidade individual, a lógica do DWYL nos distrai das condições de trabalho dos outros enquanto valida as nossas próprias escolhas e nos exime das obrigações com todos os que labutam, amando ou não. Pense na grande variedade de trabalho que permitiu a Jobs passar apenas um dia como CEO: a comida colhida nos campos, transportada por longas distâncias. Os produtos da sua empresa montados, empacotados, colocados em contâineres. A publicidade da Apple pensada, roteirizada, atuada, filmada. Processos encaminhados. Com a maior parte das elites ocupadas em seus trabalhos apaixonantes, não é de se surpreender que as condições de trabalho de seus subordinados (salários abismais, preço alto de creches, etc) mal são percebidas como problemas políticos? Ao ignorar a maior parte dos empregos e reclassificar o resto como amor, o “DWYL” pode ser a mais elegante ideologia anti-trabalhadores que apareceu.

Concordo só com o final onde diz que não existe receita de bolo e que a "vida plena" pode ser alcançada por mais de um caminho.

O restante achei um pouco puxado. Todo mundo sabe que aquele trabalho dos sonhos (tipo do: o que vc faria se dinheiro não existisse) é meio utópico. Mas imo, o problema é que as pessoas acham que aquele trabalho que foi imposto (seja pela família, círculo social, mídia, whatever) é o único caminho que se tem na vida.

Outra questão é que quando falamos em buscar um trabalho que lhe traga mais satisfação, estamos falando pra pessoas que já tem o básico (alimentação, segurança, estudo básico, etc). Como um amigo que postou uma pirâmide ali atrás. De forma geral o discurso serve pra todos, mas nem todos tem o discernimento para entender o ponto.

Dê uma olhada no vídeo que postei ali atrás:
http://www.maisev.com/forum/off-topi...ml#post1986308

Ele aborda o mesmo assunto com outro ponto de vista.

[fdamas2]

Eu tenho 26 anos tenho uma franquia de batata recheada em SP, to há 1 ano tentando fazer alguma coisa com isso aqui mas ta dificil haha nunca tirei 1 centavo, e agora to tentando vender e não to conseguindo dahoraavida.. Fiz faculdade de comercio exterior porque com 17 anos estava estagiando na area, e agora não sei muito bem o que fazer. Penso em tentar concurso publico, porque sinceramente detesto comercio exterior, é uma boa area, salarios são legais, mas é muito stress tambem e isso é o maior motivo pra não querer voltar. Massss tenho uma filha de 4 anos, e não posso mais esperar, quero dar uma boa vida a ela, já estou ficando "velho".

Nunca fui muito ligado a ter muito dinheiro, roupas e etc., Hoje em dia, tendo uma filha, é bem complicado isso de tomar uma decisão pensando só em si e o que vier pra sua familia é consequencia. Penso em tudo que posso fazer quando vender a loja, mas tudo demanda tempo para concretizar, e com chances de falhar como foi aqui.
Então penso muito em voltar ao comercio exterior mesmo não gostando... mas seria por ela, pra dar uma boa educação e conseguir aproveitar a infância dela, fazer viagens e etc..

Vo viver de NL5! é o jeito.