Tópico da macumba. Umbanda, Candomblé e afins.

[duglaa]

Cara, uma vez rolou uma sessão de umbanda lá em casa (minha mãe era praticante) e eu fui me "consultar", "conversar" (não sei como chamar) com o Exu Tranca Ruas. Ele me disse que eu era filho dele, me colocou sua capa e fez umas "rezas" (tb não sei como chamar). O que isso significa? Quem é o Tranca Ruas? Qual a importância dele pra Umbanda? Ser filho dele é privilégio, castigo ou nem um nem outro?

Abs

O Exu Tranca Ruas é um dos guardiões mais poderosos da Umbanda. Ser considerado filho dele é um privilégio, e um sinal de que ninguém mexe contigo, pois não vai querer se meter com ele.

Luigi, mesmo que eu não siga a religião (atualmente eu tenho frequentado centro Kardecista) ele me protege? Como funciona isso? Clicking buttons aqui, isso quer mais ou menos dizer que eu tenho o corpo fechado? Se puder, me fala mais que eu fiquei curioso... Valeu!

EDIT: se eu quiser ir a um terreiro falar com ele é fácil? Como faz?

[Sabujo]

Muitas pessoas influente da nossa sociedade, frequentam ou são adepto as religiões afro. Basicamente deve existir um ponto em comum nisso.

Acredito que a Bahia, por toda sua tradição deve ter os "maiores" centros, "gurus" dessa crença. Já ouvi alguns relatos que no Maranhão seria o maior, em termo de poder. Desculpe pela minha ignorância, mas esses seriam os principais centros?

Existe congressos, seminários, encontros para debater sobre a religião?

Você falou sobre pessoas influentes na sociedade que são adeptas das religiões afro e lembrei do Fernando Collor de Melo. É conhecida a história de que ele sempre consultava uma mãe de santo antes de tomar várias decisões. Ela era uma espécie de guru pra ele.
Ela por vezes escolhia até a roupa que ele deveria usar em determinadas situações e diz-se que trabalhos eram feitos na casa dela.
Achei aqui a matéria que fala sobre isso. Pela descrição era algo parecido com Candomblé:
Fantástico - Rosane Collor revela que ex-presidente fazia rituais de magia negra na Casa da Dinda

Sobre a Bahia ter os maiores centros, eu imagino que lá estejam os mais tradicionais. Mas pelo que sei, o lugar onde tem o maior número é no Rio de Janeiro.
Mas sinceramente não sei responder essa pergunta com exatidão.

Quanto aos congressos e afins, também não sei responder. E isso é talvez uma das falhas da religião, de não ter uma coisa bem organizada, politicamente falando.

Cara, na boa.

Pare de dizer que candomblé trabalha com magia negra. Isso não é correto.

Se você perguntar em qualquer terreiro na Bahia (90% candomblé) eles vão dizer que não tem magia negra. Que quem faz magia negra é a Umbanda.

Nos terreiros sérios de candomblé você não pode falar (isso mesmo, falar) em exu ou em omolú. No candomblé você não pode pedir o mau. Mãe de santo ou pai de santo sério do candomblé não faz o mau gratuito.

E não dá para generalizar o Candomblé. O que caracteriza a religião e os costumes é a nação africana que ela deriva. Na Bahia, os mais conhecidos, são de Ketu (ou Queto).

Já fui em alguns terreiros na Bahia e o que mais me trouxe paz é esse:


No 1:21 aparece Mãe Stella, que é de Oxossi, e comanda o terreiro, que é de Xangô. Se eu pudesse fazer uma comparação é como se o povo americano elegesse em um russo para presidente. Essa mulher é a paz reificada.

Histórias do Sabujo: Uma vez eu estava no camarote de Daniela Mercury no Carnaval (em 2000, acho) e vi uma fila enorme de gente "importante". Gil, Caetano, políticos da Bahia e de fora. Todos alinhados para pedir a benção dessa senhora. Carnaval comendo no centro e nego lá, esperando para venerar. Esperei na fila e saí abençoado.

[luigibr]

Cara, uma vez rolou uma sessão de umbanda lá em casa (minha mãe era praticante) e eu fui me "consultar", "conversar" (não sei como chamar) com o Exu Tranca Ruas. Ele me disse que eu era filho dele, me colocou sua capa e fez umas "rezas" (tb não sei como chamar). O que isso significa? Quem é o Tranca Ruas? Qual a importância dele pra Umbanda? Ser filho dele é privilégio, castigo ou nem um nem outro?

Abs

O Exu Tranca Ruas é um dos guardiões mais poderosos da Umbanda. Ser considerado filho dele é um privilégio, e um sinal de que ninguém mexe contigo, pois não vai querer se meter com ele.

Luigi, mesmo que eu não siga a religião (atualmente eu tenho frequentado centro Kardecista) ele me protege? Como funciona isso? Clicking buttons aqui, isso quer mais ou menos dizer que eu tenho o corpo fechado? Se puder, me fala mais que eu fiquei curioso... Valeu!

EDIT: se eu quiser ir a um terreiro falar com ele é fácil? Como faz?

Um exu se compromete para a vida, a não ser que você o rejeite. Se você expor que não quer mais que ele te acompanhe e proteja, ele vai ouvir e respeitar seu desejo. Do contrário, a partir do momento que ele colocou a capa sobre você, ele protege, o acompanha e guarda. Como Kardecista, procura o livro "Legião", que eu citei acima, ele fala dos Guardiões. Os guardiões do Kardecismo nada mais são do que os exus evoluídos da Umbanda.

[henriqueds32]

perguntas pro @MAXPRO que parece entender mais da parte "pratica" da parada:

Pergunta 1: Tu já ouvi falar de algum caso que role tipo um "level" da macumba?

Exemplo: A faz um trabalho pra fuder com a vida de B, mas B é uma pessoa do bem e não "merece" as consequencias desse trabalho. Tu ja ouviu falar sobre o trabalho "sair pela culatra"?

Pergunta 2: Existe algum tipo de trabalho preventivo? tipo se blindar contra algum trabalho ruim que possa ser feito? Se existe, como é?

[luigibr]

perguntas pro @MAXPRO que parece entender mais da parte "pratica" da parada:

Pergunta 1: Tu já ouvi falar de algum caso que role tipo um "level" da macumba?

Exemplo: A faz um trabalho pra fuder com a vida de B, mas B é uma pessoa do bem e não "merece" as consequencias desse trabalho. Tu ja ouviu falar sobre o trabalho "sair pela culatra"?

Pergunta 2: Existe algum tipo de trabalho preventivo? tipo se blindar contra algum trabalho ruim que possa ser feito? Se existe, como é?

Se eu puder responder do que eu entendo e conheço, vamos lá:

1- Como eu falei acima, há situações nas quais quem recebeu a ordem não pode ou não quer cumpri-la. Isso pode ser por rebeldia dele ou porque a proteção da pessoa é muito grande, é impossível de tocá-la. De qualquer forma, sua intenção é o que conta, então, se você fizer um trabalho negativo para alguém, ele dando certo ou não, a Justiça de Xangô vai entender que sua intenção foi de fazer a coisa, então você será julgado por isso.

2- Existem ofertas e trabalhos pra proteção, existem banhos que você pode tomar, de erva, de sal, de pétalas, depende de quem pediu o banho, e existem outros rituais para isso. Tudo depende de qual é sua vertente. Mas de qualquer forma, a melhor forma de se prevenir de qualquer energia negativa é não se negativar, mantendo os bons pensamentos, os bons sentimentos e as boas atitudes.

[zombie]

Já tinha uma noção prévia de como funcionam a umbanda e o candomblé, mas tô achando muito boas e detalhadas as explicações de vcs. E btw poderia falar um pouco sobre o seu sistema de crença atual @luigibr ? No que as suas convicções de hoje em dia se diferem daquelas de fiéis standard de candomblé/umbanda.

Nem sei se vou participar muito ativamente do tópico. A maior parte das dúvidas honestas que me ocorrem vão de encontro a proposta original que é não questionar e nem argumentar quanto a validade das crenças que estão sendo descritas. É a forma como a minha mente funciona, não consigo evitar.

Mas, keep going, estarei acompanhando o tópico como leitor e se continuar no mesmo ritmo certamente vai ser uma leitura bem informativa.

[luigibr]

Já tinha uma noção prévia de como funcionam a umbanda e o candomblé, mas tô achando muito boas e detalhadas as explicações de vcs. E btw poderia falar um pouco sobre o seu sistema de crença atual @luigibr ? No que as suas convicções de hoje em dia se diferem daquelas de fiéis standard de candomblé/umbanda.

Nem sei se vou participar muito ativamente do tópico. A maior parte das dúvidas honestas que me ocorrem vão de encontro a proposta original que é não questionar e nem argumentar quanto a validade das crenças que estão sendo descritas. É a forma como a minha mente funciona, não consigo evitar.

Mas, keep going, estarei acompanhando o tópico como leitor e se continuar no mesmo ritmo certamente vai ser uma leitura bem informativa.

Eu não faço as obrigações dos umbandistas e candomblecistas, eu não frequento lugar algum. Na verdade, hoje, a única coisa que temos em comum é minha crença nos orixás, e mesmo assim, minhas crenças diferem um pouco, pois não reconheço Oxalá no meu dia a dia. Apesar de reconhecer a energia dele pela meu tempo de convivência com a Umbanda, mas meu coração simplesmente rejeita a ideia de um Orixá pai.

E além de reverenciar os Orixás, eu também tenho reverência e devoção por deuses que muitos consideram mitologia, então prefiro evitar falar sobre isso agora, ou vai desfocar o tópico.

E se você tiver qualquer dúvida honesta que não questione a validade da crença, ela será respeitada e respondida. Do contrário, você entendeu bem a ideia, e é legal de você o respeito. O tópico não pra questionar se é válido ou não, porque os três que estão respondendo aqui acreditam plenamente que a crença é válida, e não vão mudar de ideia. A gente deixa pra questionar no de provocação. Aqui é pra esclarecer as dúvidas de quem tem dúvidas referentes às religiões afro-brasileiros.

[MAXPRO]

@Sabujo, pai da escritora mais linda que conheço. Aliás, como ela está? Escrevendo mais coisas? Tenho o livro dela guardado aqui.

Mas vamos ao tópico.
Acho que vou um desentendimento, talvez causado por má interpretação ou eu que tenha me expressado mal.
De forma alguma eu quis criticar o Candomblé, que é uma religião que venho conhecendo mais de perto nos últimos tempos e tenho achado muito bonita e rica.

A associação que fiz, foi que pela descrição que a Roseane passou dos tais rituais que eram feitos na Casa da Dinda se assemelham aos rituais do Candomblé, como corte de animais, ficar recolhido por alguns dias de branco (obrigação) e outras coisas.
Veja bem, quem disse que os tais rituais eram de magia negra não foi eu e sim a Roseane Collor. Mas pela descrição passada, não tinha nada de magia negra e sim era Candomblé.
Portanto a MINHA conclusão é que o Fernando Collor era adepto de Candomblé e sendo isso verdade, não tinha nada de mal. O problema é como a Roseane (que virou pastora) quis passar isso na matéria.
Então acho que houve um desentendimento.
Seria errado eu vir aqui dizer que Candomblé faz magia negra, assim como também é muito errado dizer que Umbanda faz magia negra. Quem mexe com a negatividade é a Quimbanda. O Luigi acho que já falou a respeito por aqui.

Volto a dizer o que eu já disse antes. Quem faz as religiões são as pessoas e não o contrário. Tanto Umbanda, quanto Candomblé dão meios pra se fazer coisas ruins, mas nunca é dito que isso é correto. Vai do livre arbítrio de cada um fazer as besteiras e que assuma as consequências depois.

Espero ter sido mais claro agora.

[MAXPRO]

Boa tarde!

Meu nome é Joubert, sou sacerdote e babalorixá.

Leio o fórum fazem dois anos e tudo que aprendi sobre o poker (básico) devo a este fórum. Sendo assim, gostaria de participar da discussão dizendo que o "pai de santo" tem como prioridade cuidar dos orixás, levando com muita humildade e integridade a tradição de sua bacia africana, agregando amorosidade, fraternidade, paz, e respeito ao próximo.

Na Umbanda não é diferente, uma religião brasileira, que sofreu influências do Allan Kardec, da Igreja Católica, entre outras, mas sua origem é da macumba(Africana).

Ambas tem como finalidade evoluir a matéria, e levar o ser humano ao conhecimento mais amplo sobre a vida terrena.

Tenham uma feliz tarde!

Salve Baba!

Fique a vontade pra postar e nos ajudar nesse tópico.
Seu conhecimento é muito bem vindo.

Axé!

[MAXPRO]

Como vocês despertaram pra espiritualidade? Como foi a entrada na religião?

No meu caso, eu não tinha religião até os 20 e poucos anos.
Ai comecei frequentar Centro Espírita pra acompanhar minha mãe, que tinha começado ir por causa da minha irmã que casou com um espírita. Meio confuso, mas um foi levando o outro. Hehe
Um belo dia fui parar num Centro de Umbanda por acaso. E foi como se eu tivesse descoberto a luz.
Lembro até hoje a primeira vez que fui, começaram tocar os atabaques e eu já me senti super a vontade, me senti leve e tal.
E essa sensação continua forte. As vezes acontece de eu estar desanimado, ou de mal com a vida por algum motivo, eu chego no Centro, os trabalhos começam e fico melhor.
Logo comecei entrar na roda e nunca mais saí.