"Vou começar falando do primeiro texto do tal Alex que o kizk_ postou, que diz que "poucos conselhos são mais perversos e canalhas do que o popular “trate as outras pessoas como gostaria de ser tratada”".
TODOS as grandes religiões/filosofias que eu conheço têm como base esse "conselho perverso", também conhecido como a "Regra de Ouro". E por uma razão muito simples, qualquer sistema que vise regrar a conduta humana, seja ele a ética, moral, religião ou o direito, precisa ser geral e abstrato. Criar uma regra pra cada situação é o mesmo que não criar regras. Permite ao sujeito ser absolutamente discricionário e fazer o que bem entender.
Eu entendi - apesar dos textos serem muito mal escritos e não terem um mínimo de objetividade - que o ponto dele é que é importante considerar a subjetividade dos outros. Só que o que ele propõe - e isso é muito perceptível nos posts sobre racismo ou /sexismo - não é uma solução para o problema. Ele simplesmente desloca o problema pro outro lado. Só inverte o sinal.
A solução para a questão da subjetividade e da distorção que a regra de ouro pode gerar já foi dada há seculos por Kant. Ao invés de fazer o que você quer que seja feito a você, nós devemos buscar agir de uma forma que possa ser tomada como conduta universal. Ou seja, devemos agir da forma que, se aplicada a qualquer caso, será a melhor solução.
E pode ter certeza que passar a mão na cabeça de quem se encontra em posição desfavorável não é solução pra nada. Ser paternalista e condescendente com negros, gays ou mulheres pode aplacar a consciência do sujeito que quer se mostrar politicamente correto, mas certamente não melhora em nada a situação de nenhum desses grupos. Pelo contrário, normalmente a superproteção torna as pessoas mais fracas e dependentes. Por isso que as minorias devem ser tratadas como iguais, e não como inferiores que precisam de proteção especial.
Já o que ele chama de normalidade é simplesmente mais um exemplo da sociologia tentando ideologizar a forma como nosso cérebro funciona. Nós pensamos, na maioria das vezes, por associação. E fazemos isso porque é uma vantagem evolutiva imensa. Associar fatos e objetos nos permite reagir ao mundo de forma muito mais rápida e muito menos cansativa. TODO mundo vai criar seus padrões de acordo com a sua experiência.
O problema é que o cara quer transformar essa forma de pensar, que é natural a todos os seres humanos (e aos demais animais) em racismo/sexismo. O que é uma óbvia idiotice e banalização do racismo. O racismo é o ato de discriminar alguém em razão do seu fenótipo. Negar direito a alguém em razão de etnia é racismo. Segregar alguém em função de etnia é racismo. Associar alguém a um determinado padrão por perceber características físicas é simplesmente pensar.
A diferença material entre pessoas e grupos de pessoas sempre vai existir. Portanto, sempre vai haver um grupo visto como "bom" e outro como "ruim". As pessoas não admiram a Europa Ocidental aleatoriamente. Elas olham pra Europa Ocidental, para a qualidade de vida dos europeus ocidentais, para as contribuições materiais, sociais e artísticas que a Europa Ocidental trouxe ao mundo, e querem seguir esse exemplo. Quem, em sã consciência, preferiria viver em Abuja ao invés de Paris? Quem vai preferir viver num país governado pelo Mugabe ao invés do país governado pela Angela Merkel? Isso não é racismo, isso é inteligência.
E não adianta vir com distorções históricas como fez o cara do vídeo (sim, eu perdi dois minutos pra ver o vídeo depois do mimimi do @
kizk_ e a única coisa engraçada foi descobrir que o argumento dele era um vídeo de stand up...). A África não é subdesenvolvida e os negros não são mais pobres que os brancos por causa dos europeus. Taí a Etiópia, que nunca foi colonizada, pra provar. Os negros americanos descendentes de escravos estão hoje em situação melhor do que os que ficaram na África, ou dos ex-escravos que voltaram pra África e constituíram uma nação (Libéria). Mas é óbvio que quem defende esse coitadismo nunca parou pra estudar a história da África.
Se a África (ou o Brasil, ou qualquer país subdesenvolvido) quiser se desenvolver e assumir posição de protagonismo que lhe permita ser a referência (a tal "normalidade"), a única solução é se desenvolver pra ser admirado. E a forma mais fácil de fazer isso é copiar o que há de certo nos países mais prósperos. Foi isso que fez Roma se tornar o império mais influente de todos os tempos, que fez o Japão pular da Idade Média pra Meca da modernidade em menos de um século, o que fez a Coreia do Sul deixar de ser um país subdesenvolvido em poucas décadas.Mas pelo visto essa galera do politicamente correto acha que os subdesenvolvidos devem ficar repisando seu passado e insistindo nos mesmos erros em prol de um orgulho injustificado."