Walber M. Schwartz
Eu sempre tive ojeriza a plebiscito. Ao contrário de uma eleição, onde você vota em alguém que pode ser cobrado e pressionado depois, no plebiscito você dá, ou nega, uma autorização pra fazer algo que será definitivo. Irrevogável. As vozes minoritárias ficam à mercê da maioria. Alguns exemplos - absurdos, mas nem por isso impensáveis - pra avaliar o risco:
- Um plebiscito para decidir sobre união civil de homossexuais.
- Um plebiscito para decidir se o país deve ter uma religião oficial e qual.
- Um plebiscito para aprovar alíquota de Imposto de Renda de 50% pra quem ganha mais de 3 mil reais.
- Um plebiscito, feito em momento de euforia econômica, pra decidir se um determinado presidente pode ser eleito pela terceira, quarta, ou quinta vez.
- Um plebiscito para decidir a quantidade máxima em m² que cada um pode possuir em imóveis próprios.
- Um plebiscito pra decidir se o país deve ou não pagar sua dívida externa.
E por aí vai...
O plebiscito tem sido vastamente utilizado pra "legitimar" absurdos em republiquetas de banana. Cuidado com isso, gente. Como diz o Luiz Fernando Vaz, basta lembrar as escolhas que o pessoal fazia dos filmes do "Intercine" e dos finais do "Linha Direta", pra botar as barbas de molho.