Detalhe que eu gosto do som do guime como disse ali atrás, e eu gosto do som mesmo, e não pela história de vida do cara. É um gosto discutível? Pode ser, mas eu gosto e gg.
Eu só comecei a gostar quando eu perdi o preconceito mesmo, o que eu estou tentando dizer é que outras pessoas podem não gostar por ter preconceito tb. Obv que tem gente que não gosta do som, simplesmente pq não gosta, mas tem gente que não gosta por preconceito puro.
Irineu, você poderia explicar mais ou menos onde é que você enxerga valor no som do Guimê? Eu li aí atrás você elogiar a parte audiovisual e tal quando linkou um clip, o que eu compreendi mais como um elogio à produção da parada do que ao som propriamente dito.
Se você curte realmente o som/letras poderia explicar melhor o que é que te chama a atenção no som do Guimê?
Eu só comecei a gostar quando eu perdi o preconceito mesmo, o que eu estou tentando dizer é que outras pessoas podem não gostar por ter preconceito tb. Obv que tem gente que não gosta do som, simplesmente pq não gosta, mas tem gente que não gosta por preconceito puro.
Rap é top 2 ritmos que eu mais escuto. O Brasil sempre esteve muito atrás dos EUA e da Europa porque a parte musical era muito fraca, batidas toscas, produção nula. Um ou outro grupo salvavam, mas só. O Guime tem uma produção muito boa, mas as letras dele são mais toscas que as de rap americano de ostentação, e olha que essas letras já são MUITO criticadas lá.
Acho nice porque abre um espaço gigante e a tendência é que a produção musical de quem chegar agora mantenha o nível alto, mas como música é sux.
Então Jazz, fusion e erudito estão num outro patamar, e o resto é tudo lixo musical, tecnicamente falando, e estão todos na mesma prateleira ?
Tipo, Hendrix, cartola, Djavan, bob marley, Clapton, page, não são melhores que a valeska popozuda, é só uma questão de gosto.
É isso ?
Não. Na realidade a música erudita está num patamar acima de todo resto, e seguindo critérios teóricos da mesma, o resto nem pode ser considerado composições musicais validas. Acontece que embora a música popular tenha diretrizes básicas de composição, as métricas são absolutamente variáveis dentre os estilos, de modo que fica MUITO difícil você julgar tudo com uma régua só de um ponto de vista técnico-teórico.
Lembrando que para a música, uma letra da Valeska Poposuda e do Djavan são igualmente neutras, porque a teoria música não fala sobre composição de letra, isso é parte da linguística e da poesia.
Claro que se você pegar as métricas eruditas, uma música do Hendrix vai ser mais bem feita do que uma da Valeska.. Mas o nível é tão pobre, existe tanto "erro" de harmonização, tanta voz fazendo o que não era pra fazer que nem vale a pena comparar os dois, é bem mais fácil jogar no lixo.
E tem o ponto de vista cultural, e imo pra mim tudo pode ser considerado cultura e me falta conhecimento pra caralho para fazer juízo de valor sobre a cultura alheia.
This, fim da discussão, nego quer discutir cultura sem ter o menor conhecimento de cultura brasileira, ai fica puxado. É muito fácil citar cartola pra dizer que conhece samba, ou dominguinhos pra dizer que conhece forró, ou qualquer outro estilo musical em que se conhece um ícone e não muito além disso.
@lagostinha
para de ser burro, eu não fiz juízo de valor aqui sobre o que é melhor ou pior e eu tenho meus gostos obv, só desisti de ficar querendo dizer que meu gosto é superior ao dos outros.
Não sei a quem você tá se referindo, mas eu só citei Cartola porque é o mais famoso e fica mais fácil pra quem ler entender. Se eu falasse aqui de Wilson Batista, Guilherme de Brito, Geraldo Pereira, Nei Lopes e Wilson Moreira a maioria não iria entender a referência.
O erro do seu raciocínio é achar que só porque a cultura musical brasileira é muito rica (e realmente é), qualquer música produzida no Brasil tem qualidade. Aliás, é um erro que eu já vi você cometer falando de outros assuntos. Dá a impressão que você tá numa crise de identidade. Aí você quer se identificar como brasileiro e acha que tudo que é brasileiro faz parte da sua identidade, quer se identificar como negro e acha que tudo que é relativo à cultura negra faz parte da sua identidade. E é óbvio que não é assim. Ao fazer isso você na verdade tá é perdendo a sua identidade e assumindo uma identidade de grupo.
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Eu falei no geral, eu sei que vc citou, mas isso é comum as pessoas, citar cartola pra dizer que conhece samba.
Eu não disse que toda música brasileira é boa, rap por exemplo tem muita coisa ruim, assim como samba, nego que não sabe pra onde corre o baralho, funk, nomeia o estilo que obviamente vai ter nego muito ruim, o que não é o caso do guime por exemplo.
O funk carioca como eu vejo é um estilo novo, não tem 20 anos se pá, é um estilo que a indústria fonográfica investiu muito pouco se comparado com outros estilos e obviamente não está desenvolvido como outros estilos, mas de alguma maneira os caras ganharam muito dinheiro e investiram pesado em produção.
Dizer que o funk é um lixo é um absurdo completo, coisa de nego que não entende música e cultura, eu postei dois clipes ai que não devem nada em termos musicais, de mensagem na letra, em vídeo, pelo contrário, está no topo do que vem sendo produzido popularmente hoje em dia.
O haterismo entra quando nego não consegue ver esses dois clipes por exemplo e enxergar valor.
É obv que nem tudo faz parte da minha identidade, mas pra mim eu acho válido tentar viver coisas que eu não vivi, até pra achar uma identidade mais completa.
Porra, a música do tal do Guime simplesmente não tem harmonia. Falar que isso não deve nada a outros estilos é simplesmente assinar um atestado de analfabetismo musical. A música não tem um dos seus três pilares, o moleque é desafinado, e a letra é uma bosta completa, literariamente falando. E não venha com essa de que o moleque é pobre, de periferia. O Guilherme de Brito largou a escola moleque e era capaz de escrever versos como esses:
Tire o seu sorriso do caminho
Que eu quero passar com a minha dor
Hoje pra você eu sou espinho
Espinho não machuca a flor
Eu só errei quando juntei minh'alma a sua
O sol não pode viver perto da lua
O segundo clipe ali é um popzinho chinfrim, do nível de um Vinny da vida.
A parte do vídeo eu não vou comentar porque o tópico é sobre música e eu não me interesso por artes visuais.
Se tudo é cultura, nada é cultura. Se tudo é bom, nada é bom. Se todos são especiais, ninguém é especial. É tão simples que é estranho "não entenderem".A "música" do cara é uma porcaria, isso não é discutível. Gostar ou não da porcaria é que é subjetivo. Vender e fazer sucesso nunca foi e nunca será parâmetro de qualidade. Na nossa sociedade, aliás, muito pelo contrário. E todos esses caras tem muito pouco mérito pelo sucesso alcançado. Não foi ele que fez o que fez sem ter ferramentas, sem saber música ou ter instrução, foi um profissional muito bem instruído e antenado, um produtor com uma gravadora foda por trás e muita sede de ganhar dinheiro com a falta de cultura e senso-crítico do povo. Aliás longe de mim criticar essa parte, valorizo muito a livre iniciativa, a identificação de oportunidades de negócio e a satisfação de uma determinada demanda, seja ela qual for. Mas isso não torna a parada boa. Se não fosse o Guime, seria o Mine, se não fosse o Zezinho seria o Luizinho, tá cheio de gente exatamente com o mesmo perfil, com a mesma história de vida e fazendo "música" do mesmo jeito. Ele só estava no lugar certo, na hora certa e agradou as pessoas certas.Uma característica dessas porcarias é que, exatamente por serem grandes porcarias, são efêmeras. Não sobrevivem ao teste do tempo e rapidamente é possível perceber que o indivíduo não tinha talento nenhum, e durou o quanto os produtores conseguiram fazer ele durar. O ritmo da moda está sempre mudando e esses pobres coitados que estão debaixo dos holofotes, novamente, não tem controle nenhum sobre isso.
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Imo o que é porcaria é bem subjetivo também. Pra você X ou Y pode ser top, ter uma puta qualidade, pra mim pode ser uma grande merda, depende muita da referencia.
Eu discordo. Bom e ruim são aspectos técnicos, gostar de um ou de outro é que é subjetivo.Concordo que a música talvez seja a esfera onde essa subjetividade seja maior, e pela grande diversidade de estilos os critérios técnicos podem ser menos precisos. Mas essa lógica se aplica a tudo na vida.Um filme ruim vai continuar sendo um filme ruim, mesmo que você - ou metade do planeta - goste dele. Como você disse em seu exemplo, ser bom pra mim, não torna a parada boa, só mostra que aquilo está adequado ao meu gosto. E assim ocorre com tudo, livros, gastronomia, cerveja, etc.
Concordo que você pode julgar objetivamente uma musica em questões técnicas.. mas se você fizer isso, mesmo por teóricos "modernos" como por exemplo o Arnold Schoenberg, praticamente não sobra música boa na música popular.
Você continua julgando música popular pelo critério da música erudita, o que é um equívoco, imo. Não se julga prosa pelo critério da poesia, não se julga comida caseira pelo critério da gastronomia molecular.Pelos critérios técnicos da música popular, funk tá lá embaixo.
É o unico que eu conheço. Tem algum material de teoria musical popular sobre composição e harmonia?
Na realidade ele fala bastante sobre composição, sobre harmonização e contraponto (que imo são os dois principais elementos em uma composição), eu li faz algum tempo ja. Anyway, o importante é que eu não me lembro sobre nenhum juízo de valor sobre formas de compor, talvez eu precise ler novamente se for o caso. Mas foi bem nice você ter citado o livro de um Jazzista. Imo, o Jazz é uma categoria separada entre a música erudita e a popular, ele tem elementos dos dois. Claro que é muito mais popular do que erudito, e algumas coisas nas composições são veementemente "proibidas" na composição erudita.. As dissonâncias, os acordes com sétima aumentada e nona diminuta e os contrapontos assimétricos que são imo as principais características do Jazz, são falhas de composição na composição erudita. Ok, que elas são passáveis para teóricos mais recentes, como o Schoenberg que eu havia citado (Btw, indico pra caralho o livro Harmonia dele, é top demais), mas ainda assim não são encorajadas.. Agora imagina que você tem essas regras da musica popular mais técnica, como o Jazz, o Fusion e a música progressiva em geral.. Se ela quebra regras da música erudita, e propõe regras próprias e critérios próprios, porque a música popular mais direta e contemporânea não pode fazer o mesmo?
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Eu acho que nós estamos falando de coisas diferentes, então.
Não é questão de ter certo e errado, até porque música é uma experiência sensorial e não uma ciência. A teoria da música simplesmente tenta identificar padrões melódicos, rítmicos e harmônicos e os descreve. É isso o que faz o livro do Chediak, e nisso ele é até mais "MPBzístico" do que "jazístico". Ele foca mais em padrões harmônicos que são muito utilizados na música popular, mas mais especificamente na MPB.
Quando eu falo que é possível avaliar composição/música/gênero, eu não tô falando em verificar se ela seguiu ou não determinado padrão, é questão de avaliar a riqueza, a sofisticação melódica, harmônica e rítmica de cada composição/gênero. E também avaliar liricamente, critério que simplesmente não existe na música erudita. Então dá pra falar sim que samba é muito mais rico melódica, harmônica e ritmicamente que funk. Até porque a maioria dos funks praticamente não têm melodia e harmonia.
Quanto à tudo ser cultura, é óbvio que é, mas é perfeitamente possível julgar culturas. É só determinar os critério pelos quais elas vão ser avaliadas.
Cara, como você mesmo disse "A teoria da música simplesmente tenta identificar padrões[...]". É exatamente esse o meu ponto. Os padrões da música erudita são X, e se você não segue aqueles padrões, você está SIM compondo errado. Determinadas coisas são sim absolutamente desencorajadas e "erradas" na música erudita.
E sim, você pode avaliar a riqueza melódica, a complexidade harmônica e até as progressões de Tempo. Só falei que é a riqueza da música erudita em critérios técnicos de composição é muito acima do resto do field.. E essa diferença para os demais é muito maior do que qualquer diferença entre qualquer dois pontos do range da música popular. Acho muito mais produtivo, se quiser comparar, compare coisas que seguem métricas parecidas. É muito mais proveitoso você comparar duas músicas de rap para chegar a um nível "bom" ou "ruim" do que comparar funk com metal progressivo e dizer que o funk é ruim baseado nas métricas do segundo..
btw, @JoseIrineu tava ouvindo essa banda e achei que tu ia curtir, da uma ouvida:
Po, eu não manjo de todo esse papo técnico do Diego, mas e se o Jimi Hendrix quebra determinados padrões ou sei lá o que porque acha que aquelas escolhas vão tocar mais as pessoas durante a experiência de audição, isso é ruim?
Eu não sou contra estabelecer critérios para avaliar a música, mas acho que aprisioná-la a esses arquétipos é querer moldar a arte e aí eu já sou contra.
Muitos já falaram que o Bob Dylan é fraco como cantor, mas a maioria, inclusive eu, acha a voz e a forma como ele canta do caralho. E aí? E se aquilo que se enxerga como imperfeição na verdade compõe um estilo particular?
O Tom Zé deve ser um dos maiores gênios vivos da nossa música popular e tem um conhecimento foda de música erudita. Esse conhecimento não o impediu de romper com todos os padrões possíveis.
Btw, essa referência do Diego ao metal progressivo me fez lembrar que os caras mais chatos do universo são os fanboys do DT.
Po, eu não manjo de todo esse papo técnico do Diego, mas e se o Jimi Hendrix quebra determinados padrões ou sei lá o que porque acha que aquelas escolhas vão tocar mais as pessoas durante a experiência de audição, isso é ruim?
Eu não sou contra estabelecer critérios para avaliar a música, mas acho que aprisioná-la a esses arquétipos é querer moldar a arte e aí eu já sou contra.
Muitos já falaram que o Bob Dylan é fraco como cantor, mas a maioria, inclusive eu, acha a voz e a forma como ele canta do caralho. E aí? E se aquilo que se enxerga como imperfeição na verdade compõe um estilo particular?
O Tom Zé deve ser um dos maiores gênios vivos da nossa música popular e tem um conhecimento foda de música erudita. Esse conhecimento não o impediu de romper com todos os padrões possíveis.
Btw, essa referência do Diego ao metal progressivo me fez lembrar que os caras mais chatos do universo são os fanboys do DT.
Eu concordo contigo, acho muito legal teoria musical e estudei pra caramba sobre isso, e acho fantástico porque te da um puta ponto de partida na hora de compor.. MAS, pra mim a música tem que ser boa para ouvir, tem que tocar a "alma" e provocar sentimentos em quem ouve e gg. Resumindo, a técnica é o meio, não o fim.
Po, eu não manjo de todo esse papo técnico do Diego, mas e se o Jimi Hendrix quebra determinados padrões ou sei lá o que porque acha que aquelas escolhas vão tocar mais as pessoas durante a experiência de audição, isso é ruim?
Eu não sou contra estabelecer critérios para avaliar a música, mas acho que aprisioná-la a esses arquétipos é querer moldar a arte e aí eu já sou contra.
Muitos já falaram que o Bob Dylan é fraco como cantor, mas a maioria, inclusive eu, acha a voz e a forma como ele canta do caralho. E aí? E se aquilo que se enxerga como imperfeição na verdade compõe um estilo particular?
O Tom Zé deve ser um dos maiores gênios vivos da nossa música popular e tem um conhecimento foda de música erudita. Esse conhecimento não o impediu de romper com todos os padrões possíveis.
Btw, essa referência do Diego ao metal progressivo me fez lembrar que os caras mais chatos do universo são os fanboys do DT.
Eu concordo contigo, acho muito legal teoria musical e estudei pra caramba sobre isso, e acho fantástico porque te da um puta ponto de partida na hora de compor.. MAS, pra mim a música tem que ser boa para ouvir, tem que tocar a "alma" e provocar sentimentos em quem ouve e gg. Resumindo, a técnica é o meio, não o fim.
Btw, sou fanboy de Dream Theater x).
This. Mas o menininho ai nao chegou a tocar a minha alma.