A plataforma Lattes é um saco. O site não é intuitivo e não há um manual padrão detalhado. Ele aceita o que a pessoa escreve (não tem filtro/bloqueio). Até quem dá aula sobre a plataforma não sabe mexer em todo o site. Btw, o fato de cursos de pós-graduação darem aula sobre isso mostra o quão chato é mexer nessa plataforma. Óbvio que isso não minimiza erros grosseiros, como colocar títulos de cursos não feitos/finalizados, mas há erros menores/irrelevantes em grande parte dos Lattes.
O título em si só serve para egoments e marketing ($). Por inúmeros motivos, não há interesse (governo, IES, docentes) em reprovar um aluno na pós-graduação. Quem quiser ter mestrado e doutorado basta ser um pouco esforçado. Nós analisamos a competência acadêmica do pesquisador por diversos fatores: em qual IES ele fez a graduação e pós? Qual a nota CAPES (3 a 7) do curso de pós que ele obteve o título? Teve bolsa? Fez estágio em IES no exterior? Se sim, em qual IES e quem foi o orientador? A dissertação e tese resultaram em artigos? Esses são só alguns parâmetros importantes.
Pelo fato da quantidade/qualidade dos artigos ser um dos parâmetros importantes e mais fáceis de burlar, acontece muito, pelo menos dentro da minha área, a troca de nomes em artigos. Eu tenho um bom artigo. O @sopro tem outro. Ele só leu por cima o meu trabalho e deu umas dicas. Eu nem li o trabalho dele. Ou seja, lagosteamos na labuta. Mas, eu coloco o nome dele no meu artigo e ele faz a mesma coisa com o meu nome. Pronto. Nós temos dois bons artigos em vez de um cada. Além da troca, há pessoas que praticam endogenia (amigo do editor do periódico). Enfim, há muitas formas de burlar o sistema e, ao mesmo tempo, é difícil de provar. Cada vez mais são criadas formas para minimizar esses vieses (posição do autor no artigo, autor correspondente, fator H, etc). Mas, para cada barreira surgem inúmeras artimanhas.
O salame science precisa ser analisado com cuidado. Acontece muito o que o @sopro escreveu, mas fazendo isso os próprios autores são prejudicados, pois publicam mais, mas publicam pior. A qualidade do periódico onde o artigo foi publicado é mais importante que a quantidade de artigos, pelo menos na Odontologia. Os editais (maioria) “travam” as publicações. Por exemplo, consideram as publicações do candidato nos últimos 3/5 anos ou as 10 publicações mais relevantes (publicadas nos melhores periódicos). E, às vezes, fatiar um artigo é necessário. Encontramos diversos artigos “part A” e “part B”, por exemplo, publicados no mesmo periódico. Para publicar o artigo vc precisa seguir as diretrizes dos periódicos e há limites de palavras/páginas/tabelas/figuras que engessam o seu desenvolvimento. É uma tarefa hercúlea explicar minuciosamente todos os resultados de um projeto extenso, com muitos testes. Para o artigo não ficar um monte de dado jogado e explicado porcamente, opta-se por dividir o trabalho.