Postado originalmente por
ex-ReiDaCacheta
O esquerdismo nos cursos de extrema-humanas tem uma explicação simples, ligada à atribuição de sentido e utilidade.
Todo dia engenheiros acordam cedo e melhoram a vida das pessoas construindo automóveis mais eficientes ou dimensionando redes que vão levar energia elétrica pras nossas casas, proporcionando a todos aqui a possibilidade de um banho quente hoje a noite.
Médicos acordam cedo todo dia e melhoram a vida das pessoas, seja ajudando-as com um resfriado seja com um câncer.
Advogados acordam cedo todo dia e melhoram a vida das pessoas, as vezes obrigando um pai leniente a ajudar com as despesas da prole, outras vezes assessorando uma empresa que vai gerar centenas de empregos.
Mas se você é Antropólogo, é possível que ocupe a maior parte de seu tempo trabalhando numa dissertação de mestrado cujo tema é "Fazer banheirão: as dinâmicas das interações homoeróticas na Estação da Lapa e adjacências".
Se for Sociólogo, talvez esteja ocupado trabalhando o tema "Mulheres perigosas: uma análise da categoria piriguete".
E se for um Comunicador Social (?!), talvez nem vá ter tempo de ler este post, ocupado que estará com seu mestrado em "Experimenta-te a ti mesmo: Felipe Neto em performance no YouTube"
(não inventei nada disso:
Dez monografias sobre temas incomuns | Gazeta do Povo).
Não estou dizendo que Antropologia, Sociologia ou Ciências Sociais são cursos inúteis, apenas que sua capacidade de atuar no mundo dos fatos é consideravelmente mais limitada que Engenharia, Medicina ou Direito, ou que, a propósito, Panificação, Corte e Costura ou Massoterapia.
Diante disso, é natural que seus adeptos se apeguem a uma ideologia revolucionária que os alista como soldados intelectuais da Nova Ordem, e de quebra ainda canaliza o ressentimento que nutrem em relação aos "tecnólogos" (Médicos, Advogados, Padeiros e Massoterapeutas), aqueles que exercem um ofício só pra pagar as contas e serem úteis ao próximo e não pra salvarem a humanidade.
Aliás, reparem: o socialismo é abrigo perfeito pra gente ressentida, seja pela condição social, seja pela cor da pele, seja pela orientação sexual, ou gente que acha que sua profissão é subvalorizada pelo "sistema capitalista de produção". É o "ópio dos intelectuais" que o Raymond Aron tão bem explorou em sua obra (e com tanta propriedade, já que além de ser, ele próprio, um Sociólogo, era também francês, tendo nascido no berço da caviar gauche).