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Eu tenho um escritório de contabilidade, consigo medir bem o mercado. Perdi 50 clientes o ano passado (entre encerramento de atividades e falências). No começo de 2015, fazia a folha de pagamento de 4.500 funcionários. Hoje faço de 4.000.Postado originalmente por Caipira
Estou um pouco por fora desse assunto. Mas, a princípio, não vejo com bons olhos essa medida. Com ela vem a possibilidade das empresas realizarem várias manobras até então proibidas, como despedir alguém e recontratar com salário menor. Além do que os terceirizados em geral são pagos no nível da sobrevivência.
"Ah, mas estamos em crise, não há dinheiro, melhor assim do que desempregados" - IMO a falência do Estado em entregar o que deveria á população, base ética da cobrança de impostos, não justifica a desmaterialização dos direitos trabalhistas mínimos. A legislação brasileira é uma merda, burocrática demais. Ela mais atrapalha que ajuda na geração de empregos. Entretanto, nesse atual momento de desemprego elevado e grave crise financeira, retirar garantias (ainda que falhas) do trabalhador não me parece ser a melhor coisa para a população. É desprover o trabalhador de proteção em momento de total desvantagem para o mesmo.
Não tem mágica. Se você manter a mesma burocracia e carga tributária, isso não vai melhorar. Nos Estados Unidos não tem metade dessas garantias e não vejo ninguém se sentindo explorado lá e fugindo pra trabalhar CLT aqui.
Entre diversos casos que eu vejo por aqui, tem dois casos emblemáticos do próprio escritório:
1) Ex-gerente de departamento fiscal que ganhava quase 5k mensal, e a partir de determinado momento não conseguia entregar mais resultado na gestão, mas era um EXCELENTE técnico. Na dispensa ele implorou pelo amor de Deus pra tirar ele da gestão e voltar ele no operacional pra ganhar 3k, que era suficiente pra ele e pra esposa, precisava do emprego etc etc. Infelizmente (ou felizmente para os Sindicatos), a legislação não permite e ele ficou sem emprego;
2) Eu tinha um motoboy, que estava há 10 anos no escritório, era até amigo antes daqui e ganhava 2.8k (o piso é 1.3~1.4). Em determinado momento (acho que 2015) colocaram o adicional de periculosidade pra atividade de motoboy: adicional de 30% do salário, passaria a ganhar 3.6k.
Implorou pra não ser dispensado, não fazia questão da periculosidade, sabia que tinha um bom salário. O resultado foi o mesmo, dispensado.
O que é melhor, empregado ganhando um pouco menos ou cheio de garantias e desempregado?
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