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sopro
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Picinin
Não conheço a situação do Chile pra falar com propriedade, e tô longe de acreditar no liberalismo como panaceia, mas há uma enorme distância entre a realidade objetiva e a percepção da população. E também não há relação entre realidade objetiva e protestos.
É só olhar o caso do Brasil. De 2013, a situação política e econômica só degringolou, mas nenhuma onda de protestos chegou perto do que rolou em junho de 2013.
Pode haver uma enorme distância mesmo, não descarto, mas não acho que uma população satisfeita com o país faria o que estão fazendo - ao contrário. Assim como apesar do Brasil hoje ser pior que em 2013, a população em 2013 não estava satisfeita. Também não deve ser descartada que as primeiras gerações de aposentados do "novo" regime da previdência começaram a se aposentar relativamente há pouco tempo e sentir na prática os efeitos desse modelo. Tanto que uma das medidas que o Piñera tomou como tentativa de acalmar a população é exatamente aumentar o valor que se recebe de aposentadoria.
Btw,
essa matéria da BBC ajuda a entender um pouco do contexto geral dos protestos.
Meu ponto não é esse. Meu ponto é que a insatisfação da população não decorre de uma piora das suas condições. Pelo contrário, o que a história vem demonstrando é que a população fica insatisfeita quando há uma melhora na sua condição (e possivelmente uma redução no ritmo de melhora). Ou seja, tem mais a ver com a expectativa do que com uma melhora ou piora objetiva nas condições de vida.
Pelas pesquisas que eu vi, a revolta não é da turma que tá na idade de aposentar, é dos mais jovens (como esperado).
Em suma, o que eu tô querendo dizer é que a satisfação da população não tem a ver com as condições objetivas porque as pessoas, em geral, não são racionais. É só olhar como a maioria da população acha que tá em situação pior da que efetivamente está (os ricos no Brasil acham que são classe média, metade da população acha que tá entre os 80% mais pobres, as pessoas tendem a achar que a vida era melhor no passado - como se vê das viúvas da ditadura). Logo, não dá pra usar protesto como parâmetro para avaliar governos ou políticas públicas.