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Tópico: [Política] - O andamento e as decisões de nossos governantes

  1. #46641
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    Por Rafael Azzi:


    Sua tia não é fascista, ela está sendo manipulada


    Você se pergunta como um candidato com tão poucas qualidades e com tantos defeitos pode conseguir o apoio quase que incondicional de grande parte da população?


    Você já tentou argumentar racionalmente com os eleitores deles, mas parece que eles estão absolutamente decididos e te tratam imediatamente como inimigo no mais leve aceno de contrariedade?


    Até sua tia, que sempre foi fofa com você, agora ataca seus posts sobre política no facebook?


    Pois bem, vou contar uma história.


    O principal nome dessa história é um sujeito chamado Steve Bannon. Bannon tinha uma visão de extrema direita nacionalista. Ele tinha um site no qual expressava seus pontos de vista que flertavam com o machismo, com a homofobia, com a xenofobia, etc. Porém, o site tinha pouca visibilidade e seu sonho era que suas ideias se espalhassem com mais força no mundo.


    Para isso, Bannon contratou uma empresa chamada Cambridge Analytica. Essa empresa conseguiu dados do facebook de milhões de contas de perfis por todo mundo. Todo tipo de dado acumulado pelo facebook: curtidas, comentários, mensagens privadas. De posse desses dados e utilizando algoritmos, essa empresa poderia traçar perfis psicológicos detalhados dos indivíduos.


    Tais perfis seriam então utilizados para verificar quais indivíduos estariam mais predispostos a receber as mensagens: aqueles com disposição de acreditar em teorias conspiratórias sobre o governo, por exemplo, ou que apresentavam algum sentimento de contrariedade difuso ao cenário político atual.


    A estratégia seria fazer com que esse indivíduo suscetível a essas mensagens mudasse seu comportamento, se radicalizasse. Como as pessoas passaram a receber as notícias e a perceber o mundo principalmente através das redes sociais, não é difícil manipular essas informações. Se você pode controlar as informações a que uma pessoa tem acesso, você pode controlar a maneira com que ela percebe o mundo e, com isso, pode influenciar a maneira como se comporta e age.


    Posts no facebook podem te fazer mais feliz ou triste, com raiva ou com medo. E os algoritmos sabem identificar as mudanças no seu comportamento pela análise dos padrões das suas postagens, curtidas, comentários.


    Assim, indivíduos com perfis de direita e seu tradicional discurso “não gosto de impostos” foram radicalizados para perfis paranóicos em relação ao governo e a determinados grupos sociais. A manipulação poderia ser feita, por exemplo, através do medo: “o governo quer tirar suas armas”. Esse tipo de mensagem estimula um sentimento de impotência e de não ser capaz de se defender. Estimula também um sentimento de “somos nós contra eles”, o que fecha a pessoa para argumentos racionais.


    Sites e blogs foram fabricados com notícias falsas para bombardear diretamente as pessoas influenciáveis a esse tipo de mensagem. Além disso, foi explorado também um sentimento anti-establishment, anti-mídia tradicional e anti “tudo isso que está aí”. Quando as pessoas recebiam várias notícias de forma direta, e não viam essas notícias repercutirem na grande mídia, chegavam à conclusão de que a grande mídia mente e esconde a verdade que eles tem.


    Se antes a mídia tradicional podia manipular a população, a manipulação teria que ser feita abertamente, aos olhos de todos. Agora, todos temos telas privadas que nos mandam mensagens diretamente. Ninguém sabe que tipo de informação a pessoa do lado está recebendo ou quais mensagens estão construindo sua percepção de realidade.


    Com esse poder nas mãos, Bannon conseguiu popularizar a alt right (movimento de extrema direita americana) entre os jovens, que resultou nos protestos “unite de right” no ano passado em Charlottesville, Virgínia que tiveram a participação de supremacistas brancos. Bannon trabalhou na campanha presidencial de Donald Trump e foi estrategista de seu governo. A Cambridge Analytica trabalhou também no referendo do Brexit, que foi vencido principalmente por argumentos originados de fakenews.


    Quando a manipulação veio à tona, Mark Zuckerberg foi chamado ao senado americano para depor. Pra quem entendeu o que houve, ficou claro que a democracia da nação mais importante do mundo havia sido hackeada. Mas os congressistas pouco entendimento tinham de mídia social; e quem estaria disposto a admitir que a democracia pode ser hackeada através da manipulação dos indivíduos?


    Zuckerberg estava apenas pensando em estabelecer um modelo de negócios lucrativo com a venda de anúncios direcionados. A coleta de dados e a avaliação de perfil psicológico das pessoas tinham a intenção “inocente” de fazer as pessoas clicarem em anúncios pagos. Era apenas um modelo de negócios. Mas esse mesmo instrumento pode ser usado com finalidade política.


    Ele se deu conta disso e sabia que as eleições brasileiras podiam estar em risco também. Somos uma das maiores democracias do mundo. O facebook tomou medidas ativas para evitar que as campanhas de desinformação e manipulações ocorressem em sua rede social. Muitas contas fake e páginas que compartilhavam informações falsas foram retiradas do facebook no período que antecede as eleições.


    Mas não contavam com a capilarização e a popularização dos grupos de whatsapp. Whatsapp é um aplicativo de mensagens diretas entre indivíduos; por isso, não pode ser monitorado externamente. Não há como regular as fakenews, portanto. Fazer um perfil fake no whatsapp também é bem mais fácil que em outras redes sociais e mais difícil de ser detectado.


    Lembram do Steve Bannon, que sonhou com o retorno de uma extrema direita nacionalista forte mundialmente? Que tinha ideias que são classificadas como anti minorias, racistas e homofóbicas? E que usou um sentimento difuso anti “tudo que está aí”, e um medo de os homens se sentirem indefesos para conquistar adeptos?


    Pois bem, ele se encontrou em agosto com Eduardo Bolsonaro. Bolsonaro disse que o Bannon apoiaria a campanha do seu pai com suporte e “dicas de internet”, essas coisas. Bannon é agora um “consultor eventual” da campanha. Era o candidato ideal pra ele, por compartilhava suas ideias, no cenário ideal: um país passando por uma grave crise econômica com a população desiludida com a sua classe política.


    Logo depois de manifestações de mulheres nas ruas de todo o Brasil e do mundo contra Bolsonaro, o apoio do candidato subiu, entre o público feminino, de 18 para 24 por cento. Um aumento de 6 pontos depois de grande parte das mulheres se unir para demonstrar sua insatisfação com o candidato.


    Isso acontece porque, de um lado, a grande mídia simplesmente ignorou as manifestações e, por outro, houve um ataque preciso às manifestações através dos grupos de whatsapp pró-Bolsonaro. Vídeos foram editados com cenas de outras manifestações, com mulheres mostrando os seios ou quebrando imagens sacras, mas utilizadas dessa vez para desmoralizar o movimento #elenão entre as mais conservadoras.


    Além disso, Eduardo Bolsonaro veio a público logo após a manifestação e declarou: “As mulheres de direita são mais bonitas que as de esquerda. Elas não mostram os peitos e nem defecam nas ruas. As mulheres de direita têm mais higiene.” Essa declaração pode parece pueril ou simplesmente estúpida mas é feita sob medida para estimular um sentimento de repulsa para com o “outro lado”.


    Isso não é nenhuma novidade. A máquina de propaganda do nazismo alemão associava os judeus a ratos. O discurso era que os judeus estavam infestando as cidades alemãs como os ratos. Esse é um discurso que associa o sentimento de repulsa e nojo a uma determinada população, o que faz com que o indivíduo queira se identificar com o lado “limpo” da história. Daí os 6 por cento das mulheres que passaram a se identificar com o Bolsonaro.


    Agora é possível compreender porque é tão difícil usar argumentos racionais para dialogar com um eleitor do Bolsonaro? Agora você se dá conta do nível de manipulação emocional a que seus amigos e familiares estão expostos? Então a pergunta é: “o que fazer?”


    Não adiante confrontá-los e acusá-los de massa de manobra. Isso só vai fazer com que eles se fechem e classifiquem você como um inimigo “do outro lado”. Ser chamado de manipulado pode ser interpretado como ser chamado de burro, o que só vai gerar uma troca de insultos improdutiva.


    Tenha empatia. Essas pessoas não são tolas ou malvadas; elas estão tendo suas emoções manipuladas e estão submetidas a uma percepção da realidade bastante diferente da sua.


    Tente trazê-las aos poucos para a razão. Não ofereça seus argumentos racionais logo de cara, eles não vão funcionar com essas pessoas. A única maneira de mudar seu pensamento é fazer com que tais pessoas percebam sozinhas que não há argumentos que fundamentem suas crenças e as notícias veiculadas de maneira falsa.


    Isso só pode ser feito com uma grande dose de paciência e de escuta. Peça para que a pessoa defenda racionalmente suas decisões políticas. Esteja aberto para ouvi-la, mas continue sempre perguntando mais e mais, até ela perceber que chegou num ponto em que não tem argumentos para responder.


    Pergunte, por exemplo: “Por que você decidiu por esse candidato? Por que você acha que ele vai mudar as coisas? Você acha que ele está preparado? Você conhece as propostas dele? Conhece o histórico dele como político? Quais realizações ele fez antes que você aprova?”


    Em muitos casos, a pessoa tentará mudar o discurso para falar mal de um outro partido ou do movimento feminista. Tal estratégia é esperada porque eles foram programados para achar que isso representa “o outro lado”, os inimigos a combater.


    Nesse caso, o caminho continua o mesmo: tentar trazer a pessoa para sua própria razão: “Por que você acha que esse partido é tão ruim assim? Sua vida melhorou ou piorou quando esse partido estava no poder? Como você conhece o movimento feminista? Você já participou de alguma reunião feminista ou conhece alguém envolvido nessa luta?”


    Se perceber que a pessoa não está pronta para debater, simplesmente retire-se da discussão. Não agrida ou nem ofenda, comportamento que radicalizaria o pensamento de “somos nós contra eles”. Tenha em mente que os discursos que essa pessoa acredita foram incutidos nela de maneira que houvesse uma verdadeira identificação emocional, se tornando uma espécie de segunda identidade. Não é de uma hora pra outra que se muda algo assim.


    Duas das mais importantes democracias do mundo já foram hackeadas utilizando tais técnicas de manipulação. O alvo atual é o nosso país, com uma das mais importantes democracias do mundo. Não vamos deixar que essas forças nos joguem uns contra os outros, rasgando nosso tecido social de uma maneira irrecuperável.


    P.S.: Por favor, pesquise extensamente sobre todo e qualquer assunto que expus aqui, e sobre o qual você esteja em dúvida. Não sou de nenhum partido. Sou filósofo e, como filósofo, me interesso pela verdade, pela ética e pelo verdadeiro debate de ideias.


    Na imagem, o encontro de Bannon com Eduardo Bolsonaro.

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  2. #46642
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    As fake news produzidas industrialmente pela nova extrema-direita estão minando as democracias no mundo todo. Precisamos direcionar a nossa preocupação para esse problema.
    Última edição por Fonteles; 09-10-2018 às 00:00.
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  3. #46643
    Chip Leader Avatar de R.Proto
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    Que loucura, agora votar no Haddad virou super cool e sinônimo de sensatez...
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  4. #46644
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    Citação Postado originalmente por Fonteles Ver Post
    Por Rafael Azzi:


    Sua tia não é fascista, ela está sendo manipulada


    Você se pergunta como um candidato com tão poucas qualidades e com tantos defeitos pode conseguir o apoio quase que incondicional de grande parte da população?


    Você já tentou argumentar racionalmente com os eleitores deles, mas parece que eles estão absolutamente decididos e te tratam imediatamente como inimigo no mais leve aceno de contrariedade?


    Até sua tia, que sempre foi fofa com você, agora ataca seus posts sobre política no facebook?


    Pois bem, vou contar uma história.


    O principal nome dessa história é um sujeito chamado Steve Bannon. Bannon tinha uma visão de extrema direita nacionalista. Ele tinha um site no qual expressava seus pontos de vista que flertavam com o machismo, com a homofobia, com a xenofobia, etc. Porém, o site tinha pouca visibilidade e seu sonho era que suas ideias se espalhassem com mais força no mundo.


    Para isso, Bannon contratou uma empresa chamada Cambridge Analytica. Essa empresa conseguiu dados do facebook de milhões de contas de perfis por todo mundo. Todo tipo de dado acumulado pelo facebook: curtidas, comentários, mensagens privadas. De posse desses dados e utilizando algoritmos, essa empresa poderia traçar perfis psicológicos detalhados dos indivíduos.


    Tais perfis seriam então utilizados para verificar quais indivíduos estariam mais predispostos a receber as mensagens: aqueles com disposição de acreditar em teorias conspiratórias sobre o governo, por exemplo, ou que apresentavam algum sentimento de contrariedade difuso ao cenário político atual.


    A estratégia seria fazer com que esse indivíduo suscetível a essas mensagens mudasse seu comportamento, se radicalizasse. Como as pessoas passaram a receber as notícias e a perceber o mundo principalmente através das redes sociais, não é difícil manipular essas informações. Se você pode controlar as informações a que uma pessoa tem acesso, você pode controlar a maneira com que ela percebe o mundo e, com isso, pode influenciar a maneira como se comporta e age.


    Posts no facebook podem te fazer mais feliz ou triste, com raiva ou com medo. E os algoritmos sabem identificar as mudanças no seu comportamento pela análise dos padrões das suas postagens, curtidas, comentários.


    Assim, indivíduos com perfis de direita e seu tradicional discurso “não gosto de impostos” foram radicalizados para perfis paranóicos em relação ao governo e a determinados grupos sociais. A manipulação poderia ser feita, por exemplo, através do medo: “o governo quer tirar suas armas”. Esse tipo de mensagem estimula um sentimento de impotência e de não ser capaz de se defender. Estimula também um sentimento de “somos nós contra eles”, o que fecha a pessoa para argumentos racionais.


    Sites e blogs foram fabricados com notícias falsas para bombardear diretamente as pessoas influenciáveis a esse tipo de mensagem. Além disso, foi explorado também um sentimento anti-establishment, anti-mídia tradicional e anti “tudo isso que está aí”. Quando as pessoas recebiam várias notícias de forma direta, e não viam essas notícias repercutirem na grande mídia, chegavam à conclusão de que a grande mídia mente e esconde a verdade que eles tem.


    Se antes a mídia tradicional podia manipular a população, a manipulação teria que ser feita abertamente, aos olhos de todos. Agora, todos temos telas privadas que nos mandam mensagens diretamente. Ninguém sabe que tipo de informação a pessoa do lado está recebendo ou quais mensagens estão construindo sua percepção de realidade.


    Com esse poder nas mãos, Bannon conseguiu popularizar a alt right (movimento de extrema direita americana) entre os jovens, que resultou nos protestos “unite de right” no ano passado em Charlottesville, Virgínia que tiveram a participação de supremacistas brancos. Bannon trabalhou na campanha presidencial de Donald Trump e foi estrategista de seu governo. A Cambridge Analytica trabalhou também no referendo do Brexit, que foi vencido principalmente por argumentos originados de fakenews.


    Quando a manipulação veio à tona, Mark Zuckerberg foi chamado ao senado americano para depor. Pra quem entendeu o que houve, ficou claro que a democracia da nação mais importante do mundo havia sido hackeada. Mas os congressistas pouco entendimento tinham de mídia social; e quem estaria disposto a admitir que a democracia pode ser hackeada através da manipulação dos indivíduos?


    Zuckerberg estava apenas pensando em estabelecer um modelo de negócios lucrativo com a venda de anúncios direcionados. A coleta de dados e a avaliação de perfil psicológico das pessoas tinham a intenção “inocente” de fazer as pessoas clicarem em anúncios pagos. Era apenas um modelo de negócios. Mas esse mesmo instrumento pode ser usado com finalidade política.


    Ele se deu conta disso e sabia que as eleições brasileiras podiam estar em risco também. Somos uma das maiores democracias do mundo. O facebook tomou medidas ativas para evitar que as campanhas de desinformação e manipulações ocorressem em sua rede social. Muitas contas fake e páginas que compartilhavam informações falsas foram retiradas do facebook no período que antecede as eleições.


    Mas não contavam com a capilarização e a popularização dos grupos de whatsapp. Whatsapp é um aplicativo de mensagens diretas entre indivíduos; por isso, não pode ser monitorado externamente. Não há como regular as fakenews, portanto. Fazer um perfil fake no whatsapp também é bem mais fácil que em outras redes sociais e mais difícil de ser detectado.


    Lembram do Steve Bannon, que sonhou com o retorno de uma extrema direita nacionalista forte mundialmente? Que tinha ideias que são classificadas como anti minorias, racistas e homofóbicas? E que usou um sentimento difuso anti “tudo que está aí”, e um medo de os homens se sentirem indefesos para conquistar adeptos?


    Pois bem, ele se encontrou em agosto com Eduardo Bolsonaro. Bolsonaro disse que o Bannon apoiaria a campanha do seu pai com suporte e “dicas de internet”, essas coisas. Bannon é agora um “consultor eventual” da campanha. Era o candidato ideal pra ele, por compartilhava suas ideias, no cenário ideal: um país passando por uma grave crise econômica com a população desiludida com a sua classe política.


    Logo depois de manifestações de mulheres nas ruas de todo o Brasil e do mundo contra Bolsonaro, o apoio do candidato subiu, entre o público feminino, de 18 para 24 por cento. Um aumento de 6 pontos depois de grande parte das mulheres se unir para demonstrar sua insatisfação com o candidato.


    Isso acontece porque, de um lado, a grande mídia simplesmente ignorou as manifestações e, por outro, houve um ataque preciso às manifestações através dos grupos de whatsapp pró-Bolsonaro. Vídeos foram editados com cenas de outras manifestações, com mulheres mostrando os seios ou quebrando imagens sacras, mas utilizadas dessa vez para desmoralizar o movimento #elenão entre as mais conservadoras.


    Além disso, Eduardo Bolsonaro veio a público logo após a manifestação e declarou: “As mulheres de direita são mais bonitas que as de esquerda. Elas não mostram os peitos e nem defecam nas ruas. As mulheres de direita têm mais higiene.” Essa declaração pode parece pueril ou simplesmente estúpida mas é feita sob medida para estimular um sentimento de repulsa para com o “outro lado”.


    Isso não é nenhuma novidade. A máquina de propaganda do nazismo alemão associava os judeus a ratos. O discurso era que os judeus estavam infestando as cidades alemãs como os ratos. Esse é um discurso que associa o sentimento de repulsa e nojo a uma determinada população, o que faz com que o indivíduo queira se identificar com o lado “limpo” da história. Daí os 6 por cento das mulheres que passaram a se identificar com o Bolsonaro.


    Agora é possível compreender porque é tão difícil usar argumentos racionais para dialogar com um eleitor do Bolsonaro? Agora você se dá conta do nível de manipulação emocional a que seus amigos e familiares estão expostos? Então a pergunta é: “o que fazer?”


    Não adiante confrontá-los e acusá-los de massa de manobra. Isso só vai fazer com que eles se fechem e classifiquem você como um inimigo “do outro lado”. Ser chamado de manipulado pode ser interpretado como ser chamado de burro, o que só vai gerar uma troca de insultos improdutiva.


    Tenha empatia. Essas pessoas não são tolas ou malvadas; elas estão tendo suas emoções manipuladas e estão submetidas a uma percepção da realidade bastante diferente da sua.


    Tente trazê-las aos poucos para a razão. Não ofereça seus argumentos racionais logo de cara, eles não vão funcionar com essas pessoas. A única maneira de mudar seu pensamento é fazer com que tais pessoas percebam sozinhas que não há argumentos que fundamentem suas crenças e as notícias veiculadas de maneira falsa.


    Isso só pode ser feito com uma grande dose de paciência e de escuta. Peça para que a pessoa defenda racionalmente suas decisões políticas. Esteja aberto para ouvi-la, mas continue sempre perguntando mais e mais, até ela perceber que chegou num ponto em que não tem argumentos para responder.


    Pergunte, por exemplo: “Por que você decidiu por esse candidato? Por que você acha que ele vai mudar as coisas? Você acha que ele está preparado? Você conhece as propostas dele? Conhece o histórico dele como político? Quais realizações ele fez antes que você aprova?”


    Em muitos casos, a pessoa tentará mudar o discurso para falar mal de um outro partido ou do movimento feminista. Tal estratégia é esperada porque eles foram programados para achar que isso representa “o outro lado”, os inimigos a combater.


    Nesse caso, o caminho continua o mesmo: tentar trazer a pessoa para sua própria razão: “Por que você acha que esse partido é tão ruim assim? Sua vida melhorou ou piorou quando esse partido estava no poder? Como você conhece o movimento feminista? Você já participou de alguma reunião feminista ou conhece alguém envolvido nessa luta?”


    Se perceber que a pessoa não está pronta para debater, simplesmente retire-se da discussão. Não agrida ou nem ofenda, comportamento que radicalizaria o pensamento de “somos nós contra eles”. Tenha em mente que os discursos que essa pessoa acredita foram incutidos nela de maneira que houvesse uma verdadeira identificação emocional, se tornando uma espécie de segunda identidade. Não é de uma hora pra outra que se muda algo assim.


    Duas das mais importantes democracias do mundo já foram hackeadas utilizando tais técnicas de manipulação. O alvo atual é o nosso país, com uma das mais importantes democracias do mundo. Não vamos deixar que essas forças nos joguem uns contra os outros, rasgando nosso tecido social de uma maneira irrecuperável.


    P.S.: Por favor, pesquise extensamente sobre todo e qualquer assunto que expus aqui, e sobre o qual você esteja em dúvida. Não sou de nenhum partido. Sou filósofo e, como filósofo, me interesso pela verdade, pela ética e pelo verdadeiro debate de ideias.


    Na imagem, o encontro de Bannon com Eduardo Bolsonaro.

    Caralho!! Não sabia que esse fdp do Bannon tava ajudando os Bolsonaro! É, o buraco é mais embaixo...

    Eu, a princípio, só não concordo muito com essa tática de se mostrar forçosamente compressivo com quem pauta suas discussões com base em fake news e argumentos esdrúxulos e sem sentido. Claro que no longo prazo é o caminho, em último grau as pessoas devem ser instruídas. Mas, no curto prazo, como "tratamento de choque", acho que a reação a essas pessoas deve ser a natural: rir se achar que são dignas de riso, desdenhar se achar que são dignas de desdem, etc. As pessoas não podem achar que podem sair por aí falando qualquer tipo de asneira impunemente e serem ouvidas de maneira respeitosa. Nunca foi assim! Quando as pessoas interagiam pessoalmente tinham receio de serem olhadas de lado, ridicularizadas, etc. Isso as fazia muito mais seletivas quanto as suas falas. Num grupo de pessoas, se lhe era dada a palavra, vc tinha alguma responsabilidade. Ou vc aproveitava bem aquele tempo, ou não lhe dariam a palavra novamente tão cedo. Que dirá poder discursar pra algumas centenas ou milhares!

    Com a internet, por N motivos, parece que lentamente as pessoas foram perdendo essa vergonha, perdendo os seus filtros. Não sei se isso tem volta. Mas acredito que eram esses receios/filtros que mantinham, no passado, as pessoas com os "pés no chão", com mais autocrítica. Claro que quando uma pessoa era ridicularizada por alguma besteira dita, pra qual não tinha argumentos, em geral, ela não admitiria seu erro na hora. Mas ficava envergonhada, ia pra casa, refletia, e talvez concluísse que era melhor não continuar repetindo aquelas asneiras.
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  5. #46645
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    Citação Postado originalmente por R.Proto Ver Post
    Que loucura, agora votar no Haddad virou super cool e sinônimo de sensatez...
    Democrata vota em democrata. A história ensina que quando democratas apoiam extremistas para acabar com adversários políticos, a democracia rui e eles próprios acabam sendo arruinados.

    O pt é uma bosta mesmo, mas o bolsonaro é a senha para o extremismo.

    Ademais, todo partido é corrupto. O DEM, do MBL, por exemplo, segundo fontes oficiais do TSE, é mais corrupto que o PT. Assim como o PP, o MDB e o PSDB. Ainda sim, um democrata votaria neles contra um cara que apoia a ditadura e a tortura.

    É a nossa liberdade para divergir que está em jogo.
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  6. #46646
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    Citação Postado originalmente por R.Proto Ver Post
    Que loucura, agora votar no Haddad virou super cool e sinônimo de sensatez...
    Vc não entendeu: votar contra o Bozo é sinônimo de sensatez. O Haddad é só um detalhe.
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  7. #46647
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    Citação Postado originalmente por Fonteles Ver Post
    As fake news produzidas industrialmente pela nova extrema-direita estão minando as democracias no mundo todo. Precisamos direcionar a nossa preocupação para esse problema.
    Sim, nos EUA isso já é uma realidade. Lembro que saiu um estudo mostrando que a vasta maioria das fake news políticas são de direita. Ao mesmo tempo que o Trump chama de fake news as verdadeiras! There is a method in this madness.
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  8. #46648
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    Citação Postado originalmente por VitorT Ver Post
    Citação Postado originalmente por R.Proto Ver Post
    Que loucura, agora votar no Haddad virou super cool e sinônimo de sensatez...
    Vc não entendeu: votar contra o Bozo é sinônimo de sensatez. O Haddad é só um detalhe.
    Pois, é. Mas, algo novo tem que surgir. Não tô falando desse partido conservador que se chama NOVO. Estou falando de outra coisa>

    "Os resultados eleitorais de ontem expressam uma rejeição brutal da população brasileira contra a máquina partidária e a velha política. Esse é o dado mais claro deste primeiro turno, tanto pelos candidatos que levaram, pelos que deixaram de levar, quanto pelo abstencionismo eleitoral.


    Os que fizeram análises ortodoxas (e aqui me incluo) erraram gritantemente em suas projeções. Acreditaram que a máquina partidária, coligações e tempo de TV, ainda seriam superiores à profunda rejeição que se expressou desde junho de 2013 por canais completamente não tradicionais.


    Acertou quem apostou na profundidade da crise política.


    A esquerda, enquanto estiver sob a tutela do petismo, estará associada à velha política. Esqueça os anos 80. Tem gerações inteiras que só conhecem o PT como governo, jamais outsider.


    Insistir no discurso de defesa da democracia soará sempre como canalha quando a democracia que falam tanto está representada pelo que há de velho. Não terá efeito.


    Não existe saída de curto prazo. Enquanto ficam no menos pior, se associando aos velhos, o povo demonstra que está contra tudo o que é velho;


    Enquanto ficam no menos pior, se associando aos velhos, deixa um vazio imenso ser ocupado pela extrema direita. É ela, por sua oposição ao PT e desassociação dos partidos tradicionais, que conseguiu canalizar melhor do que ninguém a profunda rejeição a tudo o que aí está.


    Fazer o jogo do menos pior, insisto, é se recusar a ser antisistêmico. É deixar a expressão de revolta do povo à classe política de bandeja para a extrema-direita.


    E isso serve para os próximos anos. Lutar contra o governo Bolsonaro sob a tutela do PT provocará não a derrota, mas nosso esmagamento total.


    Se livrar do burocratismo e do velho para combater o falso novo. A necessidade de resistência e de autodefesa que um governo protofascista provocará, exigirá a criação de espaços de auto-organização completamente autônomos por todos os lados."

    Rafael Saddi.
    Última edição por Fonteles; 09-10-2018 às 01:49.
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  9. #46649
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    Citação Postado originalmente por ModdoX Ver Post
    Citação Postado originalmente por RRetired Ver Post
    Com minha irmã aconteceu algo que eu considero bem grave na hora de votar. Aqui em Itajaí a biometria era obrigatória, quando ela foi votar, colocou a digital 3 vezes no leitor e não reconheceu, então, o mesário que cuidava do leitor, colocou a digital dele e liberou a urna pra ela votar. Ou seja, o mesário pode pegar a lista dos faltantes no final da eleição e votar por eles. Meio estranho isso, não?
    Mas ela não assinou o caderno de votação?

    5) Se não é possível a autenticação, por erro da digital ou outra dificuldade, qual o procedimento?

    Quando não é possível confirmar a identidade do eleitor pela sua digital, o mesário verifica novamente os documentos do eleitor e os compara com os dados constantes no caderno de votação - nome, nome da mãe, data de nascimento, inscrição eleitoral e foto. Se confirmada a identidade do eleitor por meio dos documentos apresentados, mesmo não havendo o reconhecimento biométrico, o mesário libera a votação com código próprio. Nesse caso, o fato é registrado na ata da seção e o eleitor deve assinar o caderno de votação, além de retornar posteriormente ao seu cartório eleitoral para uma nova coleta de digitais.
    Eu trabalhei como mesário. Deu problema demais na biometria, um monte de gente não passou, e todos que a digital não funcionou nós pedimos pra assinar. Mas o manual do mesário de fato não deixa isso claro, a instrução é para mandar o cara assinar quando não tem biometria (aqui não é obrigatório ainda e nem todo mundo cadastrou), mas quando tem biometria e não reconhece, o mesário digita o ano de nascimento do cara e coloca sua própria digital pra autorizar o voto.


    Essa parada da biometria deu problema demais, quando é gente velha então é quase certo que a digital não vai ser lida. Tem que pedir pra colocar o dedo 4 vezes antes de aceitar que não vai funcionar e você poder dispensar a biometria, isso atrasou absurdamente a votação, fila de mais de hora na seção, todo mundo meio puto com a espera, tendo que mandar os velhinhos colocar dedo um monte de vezes no leitor - quando ele nem detecta que tem um dedo ali então, custa a computar cada tentativa...... Não tem problema cometer erros, faz parte do show, mas a Justiça Eleitoral tinha que ter a grandeza de reconhecer que errou ao instituir um sistema que não funciona e tá dando erro no país inteiro, e acabar com essa porra já pro segundo turno agora, voltar pra boa e velha assinatura. De positivo desse cadastro, só o fato de também ter foto da pessoa no caderno.

    E esse procedimento de registrar na ata que o Moddox colocou aí só funcionaria se os problemas tivessem sendo exceção e não a regra. Da minha seção quase metade das pessoas não tiveram a digital reconhecida, inviável registrar em ata cada um, fazendo tudo o mais rápido possível o primeiro momento em que ficou sem eleitor lá foi às 16:50, desde 08:00 foi diretão com gente esperando na fila pra votar, mesmo que a fila tivesse pequena.
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  10. #46650
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    EXTREMO CENTRO X EXTREMA DIREITA
    Do entendimento entre PT e PSDB depende a democracia no Brasil
    MIGUEL LAGO
    08out2018_01h52

    O meu primeiro texto aqui na piauí, em julho, caracterizava as eleições de 2018 como aquelas em que a disputa central seria entre civilização e barbárie. Reafirmo o meu argumento. O lado da barbárie está muito bem representado pelo youtuber Jair Messias Bolsonaro, como sempre esteve. O lado da civilização, que poderia ter sido ocupado por qualquer um dos demais pretendentes, de Ciro a Henrique Meirelles, calhou agora de estar nas mãos do candidato petista, Fernando Haddad. A barbárie representada por Bolsonaro tem lastro internacional.


    A crise de representatividade, aliada às crises econômicas, chacoalharam o Ocidente. A extrema-direita soube aproveitar esse caldo e trazer como resposta ao moribundo Estado-nação uma vitalidade única de nacionalismo – forma o governo de países como os Estados Unidos, Turquia, Itália, Hungria, Polônia. Cresce significativamente em países como França, Holanda, Alemanha e Suécia. Nada mais natural, portanto, que o Zeitgeist global encontre terreno fértil por aqui.


    O populismo de direita, como é chamado por analistas, se baseia sempre em algum discurso de ódio quanto a alguma minoria e em combate ao establishment e seus valores amorais (no caso, são valores liberais). Se, no passado, a extrema-direita era essencialmente anticomunista, hoje ela é antiliberal. A figura do barbudo militante comunista do passado foi substituída pela do burguês progressista e viajado, o vencedor da globalização.


    Não à toa, o inimigo nº 1 desses movimentos é justamente um financista, o senhor George Soros, aluno de Karl Popper, talvez o mais brilhante pensador liberal do século XX. A extrema direita de hoje tem mais medo de banqueiro do que de guerrilheiro. Isso fica claro nas declarações de Bolsonaro, quando ele afirma lutar contra a esquerda, quando na verdade está combatendo os pilares centrais do liberalismo. Ele já se declarou claramente contrário ao sistema de poderes e contrapoderes e ao modo de escrutínio. É militantemente contrário aos direitos humanos, em outras palavras às liberdades individuais: defende a tortura e as execuções extrajudiciais (afirma que os direitos humanos são a razão para a crise de segurança pública). E também militantemente contrário à livre associação e à livre imprensa – esta última seus aliados chamam de fake news.


    Bolsonaro recusa a evidência científica como base para a ação governamental, ao negar as mudanças climáticas e querer entregar a Amazônia para o extrativismo mais primário e grotesco. Opõe-se a uma sociedade diversa e plural, o que se nota no combate que empreende ao que, estupidamente, chama de “ideologia de gênero”. Salvini, Trump, Erdogan, Orban, Putin, também têm o mesmo discurso. Em nenhum de seus países o alvo é a esquerda, mas sim o liberalismo.


    O que está em jogo é a manutenção da ordem global liberal que parecia consolidada no momento da queda do Muro de Berlim e é agora desafiada pelos movimentos de extrema direita. É nesse sentido que surge uma disputa muito mais profunda do que a rixa esquerda versus direita: o embate entre extrema direita e extremo centro. A luta não é distributiva, é de visão de mundo, e se dá entre nacionalismo e a globalização, entre a ignorância provinciana e o cosmopolitismo elitista, quer dizer, entre barbárie e civilização.





    A França talvez seja o país onde a ameaça da extrema direita paira há mais tempo, embora nunca tenha se concretizado. O sistema político francês foi eficiente em adotar diferentes estratégias de articulação de um extremo centro, tanto em 2002 quanto em 2017, para barrar a subida do fascismo, quando este se apresentou no segundo turno. Em 2002, o candidato socialista, Lionel Jospin, era dado como franco favorito, mas a dispersão da esquerda em oito candidaturas tirou-lhe os preciosos votos que poderiam levá-lo ao segundo turno.


    Junto ao candidato da Frente Nacional (extrema direita), chegou o então presidente Jacques Chirac, político da direita tradicional, associado a diversos escândalos de corrupção, com baixa aprovação e que estava havia quase uma década no poder. A esquerda deixou a polarização de lado e fez um apelo pela mobilização de sua militância em favor da direita, no que ficou conhecido como Frente Republicana. Chirac, de maneira inteligente, soube receber o apoio e se apresentar não mais como candidato da direita, e sim como do extremo centro, o candidato de todos os franceses democratas. Em seu discurso de vitória, ressaltou a importância de estar sempre alerta em defesa da liberdade e reconheceu a importância da união entre esquerdas e direitas contra a barbárie. Finda a eleição, e uma vez afastado o perigo do fascismo, a habitual polarização entre direita e esquerda voltou à cena.


    Na última eleição francesa, em 2017, o polo de extremo centro se construiu antes mesmo do primeiro turno: sabia-se de antemão que a extrema direita figuraria no segundo turno, e que direita e esquerda disputavam para saber qual delas chegaria lá. Foi então que Emmanuel Macron, um ex-socialista que quando ministro rezou pela cartilha do liberalismo econômico, fundou seu movimento que congregava elementos da direita tradicional e da esquerda tradicional. Foi eleito com um discurso voltado em defesa do livre mercado, da União Europeia, dos direitos humanos e da luta contra as mudanças climáticas. Seja antes do primeiro turno, seja depois, o extremo centro continuará derrotando a extrema direita.


    A eleição francesa de 2002 guarda semelhanças com a eleição brasileira de 2018 embora com papéis invertidos entre direita e esquerda. Nela, Fernando Haddad corresponderia mais à Chirac, e Jospin corresponderia a Geraldo Alckmin, detonado pela proliferação de candidatos da direita, que o tiraram do segundo turno (não fossem Alvaro Dias, João Amoêdo e Henrique Meirelles, Alckmin teria se mostrado muito mais competitivo nas pesquisas e, portanto, passível de receber os votos antipetistas que o levariam para o segundo turno).


    Cabe agora saber se o PSDB terá a grandeza que Jospin teve de suspender a polarização entre direita e esquerda e formar um extremo centro com seu inimigo histórico, ou se escolherá ser uma linha auxiliar da extrema direita. Vale também perguntar se Haddad conseguirá abandonar o PT para articular uma plataforma que encarne de fato os valores do liberalismo e da democracia. Será o PSDB capaz de sublimar seu antipetismo? Será o PT capaz de sublimar a sua destituição da Presidência?


    Desse entendimento depende a permanência do Brasil na ordem global liberal, a sobrevivência da democracia e suas instituições, mas sobretudo a sobrevivência das duas legendas. Ou PT e PSDB se unem agora, ou acabam.

    https://piaui.folha.uol.com.br/extre...trema-direita/
    Última edição por Fonteles; 09-10-2018 às 03:07.
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