Postado originalmente por
Picinin
@
Cezar Teixeira
Eu não escolhi o modelo atual como ponto de partida, até porque o modelo atual não segue uma linha mestra ideológica. É uma solução pragmática para um problema pragmático.
Até o início da Idade Moderna, inovação tecnológica não estava ligada à pesquisa científica. Uma melhora num tear, ou num arado, não era fruto de um uma pesquisa científica que demandasse recursos. Normalmente era fruto de tentativa e erro ou engenhosidade de um artesão, que acrescentava um pedal a um tear, que mudava o design do arado. Assim, realmente não fazia sentido uma proteção à propriedade intelectual, já que o inventor não investia praticamente nada em sua criação e colhia os frutos da sua engenhosidade.
Com o desenvolvimento do mercantilismo e da ciência (que estão interligados, como o Harari demonstra muito bem no Sapiens), a forma de acumular a desenvolver conhecimento mudaram. O método científico exige necessariamente um investimento maior para acumular e desenvolver conhecimento. É preciso catalogar o conhecimento, criar e testar diversas hipóteses para que algumas poucas vinguem, e isso custa dinbheiro. A princípio, isso ficou a cargo dos Estados e de companhias de alguma forma ligadas ao Estado (e.g. a Royal Society, as Cias. das Índias). Com a evolução econômica e a revolução tecnológica/industrial, cada vez mais esse papel foi sendo delegado à iniciativa privada.
Sinceramente, nada do que eu conheço da história desse período justifica esse seu preconceito de que era o Estado protegendo lobby de empresas. O que aconteceu é que interessava ao Estado que as empresas continuassem inovando. Como você mesmo parece concordar (apesar de não ter respondido expressamente as perguntas que eu fiz diversas vezes), uma empresa que simplesmente copia tem vantagem competitiva sobre aquela que investe muito dinheiro para produzir conhecimento. Se isto não for compensado, é lógico esperar que as empresas parem de investir em produção de conhecimento, já que isso lhes traz uma desvantagem competitiva. Daí o surgimento das patentes. portanto, eu defendo as patentes não por princípio, mas por lógica.
E eu não cravei que a inovação seria prejudicada, eu disse que eu não vejo sentido nenhum na sua crença. Como qualquer previsão, não só em economia, mas em política sociologia ou qualquer outra área que envolva comportamento humano, ela nunca será exata. O que não significa que você pode usar isso como supertrunfo, como você está fazendo. Eu posso te argumentar que pra resolver o problema de segurança no Brasil a gente devia acabar com todas asa leis e as polícias porque Deus é grande e sabe o que faz ao dar livre-arbítrio ao homem. Quando o homem estiver livre das leis dos homens, vai se comportar de maneira ética e correta. Como nunca na história houve uma sociedade que não tivesse leis, não é possível cravar que vá dar merda. Mas é altamente improvável, porque esse raciocínio é precário. É muito mais razoável supor que essa medida traria o caos, pois, sem o medo da repressão, nós viraríamos selvagens.
Os seus raciocínios também se baseiam em premissas muito
frágeis, pra não dizer que são simplesmente falaciosos. Os custos judiciais com patentes são ínfimos comparados ao investimento em laboratórios, pessoal, etc.
A segunda hipótese também é
frágil. Eu não preciso investir em inovação para melhora dos meus processos. É só monitorar a concorrência e, quando ver que alguém está se destacando pela inovação, eu vou lá e copio as ideia que lhe deram um ganho de produtividade. Meus concorrentes mantém 3 engenheiros ganhando 100k/ano pra melhorar sua automação? Na hora que ele for bem sucedido, eu dou 100k pra um desses engenheiros me contar como ele melhorou seu processo e copio a fórmula. No final das contas, eu gastei o mesmo e tenho o melhor dos 3.
Esse post da Du Pont e da Johnson me deixou meio wtf!? Só pela margem nos últimos 12 meses você deduziu que cada empresa trabalha de um jeito? Tem TANTOS fatores que podem influenciar na margem que chega a ser surreal. Pode ser que o lucro da DuPont seja menor nesse período porque ela tá investindo bilhões em um novo projeto, ou em um novo laboratório. A margem da Jonhson pode ter sido influenciado por venda de ativos. E AMBAS são protegidas pelas leis de patentes, o que torna sua comparação simples falácia. Você teria que compará-las com empresas que vivem de pirataria de produtos da Johnson e da DuPont, caso contrário a comparação não faz nenhum sentido.
Eu tô disposto a rever minha posição sobre o tema, não sou nenhum devoto de patentes, só gostaria de ver um cenário minimamente plausível em que o sim das patentes estimularia a inovação, e você não me mostrou nenhum. Só tá falando de generalidades sobre empresas que trabalham ganhando na margem e outras no volume, o que, IMO, não tem nenhuma relação com o tema.