Faustão e Globo abrem as portas para um cuspidor de instituições. Fim da picada!
Se a Rede Globo de Televisão, por intermédio do “Domingão do Faustão”, quer transformar o comportamento fascistoide num dos modos de ser da política, que faça bom proveito. Mas não será com o silêncio cúmplice das pessoas decentes. Neste domingo, o apresentador, que, sabidamente, goza de bastante autonomia para levar quem quiser para o seu programa, abriu os microfones para o cuspidor José de Abreu. O canastrão teve direito a um “Arquivo Confidencial” — uma deferência no programa — , dois dias depois de ter dado uma cusparada na cara de um moça e de um rapaz num restaurante.
José de Abreu no Faustão posou de vítima, para uma plateia, ora vejam, vestida de vermelho. É que, há três semanas, certamente para surpresa do apresentador, no mesmo programa, Ary Fontoura, que não cospe em ninguém, negou que o impeachment seja golpe e disse que golpista é Dilma.
A Globo resolveu dar o “outro lado”. É como oferecer a Marcola o direito de se defender se alguém decidir atacar o PCC no “Domingão”. A Rede Globo de Televisão, na versão Faustão, deveria ao menos respeitar seu jornalismo. O petrolão não é uma questão de “lado” e “outro lado”; o petrolão não é um debate sobre juízo de valor; o petrolão não é uma apreensão subjetiva da realidade. Ao contrário: o petrolão é um fato.
Faustão e Globo abrem as portas para um cuspidor de instituições. Fim da picada! | Reinaldo Azevedo | VEJA.com