Olá, galera.
Passando por algo que me pareceu um tipo de epifania, decidi criar esse texto para um site e aproveitei para colocar aqui no MaisEV.
Fiquei simplesmente perplexo ao entrar recentemente no facebook e me deparar com uma quantidade absurda de páginas dedicadas a poker pros e etc. Como estive acompanhando de forma voraz quase todo tipo de conteúdo publicado na mídia especializada de poker nos últimos 3 anos, tanto na comunidade nacional como internacional. posso afirmar agora com mais propriedade do que nunca que muitos dos jogadores vivem, de fato, em um mundo da fantasia, regado a marketing pessoal, vaidade exarcebada e foco em números e resultados tidos como "expressivos" mas que tem um bastidor desconhecido e nada transparente.
Sempre que jogo, nos dias de hoje, sento em uma mesa de poker por prazer, por realmente gostar daquilo. Essa é a certeza que tenho. Se não quiser jogar, não vejo isso como uma obrigação.
Isso me lembra uma das fases em que mais me senti travado no jogo em termos técnicos e com a sensação de que o prazer de jogar havia sumido. Eu abria 50 torneios por dia, levando em consideração ensinamentos de jogadores que não são vencedores no poker desde 2009 aproximadamente, grindava loucamente e quando procurava um sentido naquilo, percebia que aquilo era inócuo.
Onde estava o jogo pelo qual me apaixonei? Onde estava a minha vontade de jogar pela competição, pela ação? Era culpa do poker ou era minha própria culpa?
Em que pontos isso me fez bem? Bom, certamente me fez parar para observar que esse não era o caminho que queria seguir dentro do poker. Talvez com você, seja o contrário e você goste de ser um grinder ou algo assim.
O ponto em que quero chegar é: você deve usar o poker também como uma ferramenta de auto-conhecimento. Isso vai muito além do que vemos nos feltros, nas winrates, na reação do oponente ou no número de ITMs que você conseguiu na semana passada. Isso vem de dentro!
Quando você olha a ponta do Iceberg, muitas vezes não imagina o que há escondido embaixo daquilo. E é justamente ali que reside a realidade. Tive a ideia de criar esse texto ao longo dos tempos, mas só senti que isso poderia ser expresso em um formato genuíno nesse presente momento.
A quantidade de jogadores que já começam no poker pensando em serem "pros" ou buscando o conforto de sentar-se em uma cadeira e ligar o PC para prover o pão de cada dia, é nada mais nada menos do que uma das grandes barcas furadas contemporâneas.
Quando se começa com esse tipo de mentalidade, o mindset já está corrompido e a verdadeira natureza de buscar uma essência com valores vai ficando de lado e sendo esquecida. Por isso, prezo pelo foco na naturalidade.
Uma sequência que pode ser descrita, grosso modo, como:
Você joga.
Você aprende.
Você reconhece que deve melhorar.
Você segue em frente e aprende mais.
A experiência passa a te guiar, junto com o conhecimento teórico.
Você amadurece o jogo e amadurece o seu mindset além do jogo.
Você reconhece um valor real de aprendizado ao jogar poker, movido pelo gosto.
Daí em diante, o caminho traçado é individual, único. Normalmente, pelo que percebi ao longo dos anos, é que a falta de valores fortes e noção de que o jogo deve ser mais do que apenas aquilo que se passa nos feltros, esbarra em um dos pontos mais abundantes no poker: o ego do jogador.
Não precisamos ir tão longe na história para identificar isso. Nesse últimos dias Luke Schwartz emitiu um comentário a respeito de Doug Polk na comunidade internacional, alegando que o jogador não é mais capaz de vencer nos High Stakes e etc. A velha história de "o field secou" e só sobrevive quem joga. O papo cru e sem sentido de "o melhor". Então vamos lá: o melhor não existe, é subjetivo. Esse é o tipo de competição tola, sobretudo em um jogo como o poker.
Na internet, com a livre comunicação, no papo diário com amigos, posso dizer que dentro daquilo que posso, sempre passei, genuinamente, a mesma paixão que sinto pelo jogo, para vários de meus colegas.
E percebo que, infelizmente, a maioria dos jogadores tidos como profissionais, estão muito mais focados em gerar polêmicas para aumentar visibilidade, em criar métodos mágicos de ter um gráficos perfeitos (sendo que vários deles não tem), em ostentar um status de popstars que na prática só existe em uma esfera muito pequena que é a comunidade do poker. Alguns deles permanecem com resultados excelentes e são fantásticos, representando... a minoria.
Fica não apenas claro para quem quiser ver, mas até EVIDENTE e ÓBVIO que o poker precisa de novos embaixadores e motivadores. Não o sujeito que tem números impressionantes mas que vende 70% da ação ou das fachadas de Super High Rollers ou braceletes que podem ser apenas marketing.
Precisamos de diálogo e não de nomes ilustres pontificando e apontando caminhos que já possuem uma base fraca e calcada em vaidade. Muito do que é colocado como exemplo em qualquer área, é justamente quem usa a melhor maquiagem. No poker isso supera o média de maneira gritante!
Então, se for entrar ou continuar no poker, faça isso por algum motivo que seja honesto com você mesmo. E, mais do que qualquer outra coisa, não tente se enganar.
Bom jogo!
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