"De repente, como que em um sonho, Hansel se via caminhando por suntuoso jardim, tomado por árvores e flores de ambos os lados, cada uma delas mais bela e imponente do que a outra. Era uma sensação estranha, como se já houvesse estado ali outras vezes.
Estava realmente um dia incrível e o brilho de Azgher trazia ainda mais vida para aquele lugar. O caminho seguia assim por uma longa reta e, ao seu final, podia-se ver uma fonte que contava com uma imponente estátua em seu centro - provavelmente uma homenagem a algum valoroso guerreiro ou mesmo um rei daquele povo.
Sentada junto à borda da fonte havia uma mulher. Não se podia enxergar seu rosto pois estava de costas, mas apenas pelo modo com que se vestia, a doçura com que se movia, ele sabia que era bela. O bardo segue o caminho em direção à fonte e à mulher quando de repente ela se vira e ele a vê em toda a sua plenitude, ainda que de longe. Estava enganado. Não era apenas bela. Aos seus olhos, era a mais bela criatura que já havia existido na história de Arton.
TANYA!
Hansel se pôs a correr em direção à elfa, mas por algum motivo a distância não diminuía. "Mas que diabos! O que está havendo?" Imprimiu então toda a força que conseguia no movimento, porém nada se alterou, Tanya continuava distante. Sem parar de correr, tentou gritar, chamando por seu nome, mas nenhum som saiu de suas cordas vocais. O desespero tomou conta. Sem conseguir racionar direito, o bardo volta novamente seus olhos para a fonte e o que vê a seguir o petrifica.
Dois vultos negros, enormes, surgem e agarram Tanya, arrastando-a para longe da fonte. Hansel se pôs a correr e gritar, esquecendo-se que todos os seus esforços eram em vão. Via-se o terror e o puro desespero estampado no rosto dela, que se debatia inutilmente, incapaz de se livrar solta. Aos poucos, os três desaparecem nas sombras, deixando o bardo ajoelhado ao chão, com lágrimas escorrendo de seus olhos. E então, um novo clarão.
Hansel estava de volta à Vectora com Orlando a sua frente e os demais ouvindo a ríspida discussão. Tudo e todos estavam exatamente como antes, menos ele. Finalmente se lembrou de o por que de estar ali e qual era o seu dever naquela era. Balançando a cabeça diz, com os olhos marejados."