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É verdade, nada mais corre. Até por isso me interesso mais por venenos do que por poções, elas em geral não funcionam mais comigo.
Estamos procurando umas pessoas, mas não é algo que uma dama como a senhora vá ter notícias. Não são coisas belas e doces.
Em outra época o pequeno estaria usando sua aparência de halfling enquanto fala com a mulher. Hoje, por trás da máscara a feição é sempre a mesma.
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Alice, Gëda e a Pantera se acomodam em uma mesa que ficava perto da porta do lado de fora do café chamado Paris perto da confusão de seus amigos.
Um simpático homem com um fino bigode sai do estabelecimento com dois cardápios na mão e ao ver a pantera deitada ao lado dos dois dá um pequeno pulo para trás e diz algo como “Mon dieu un grand carnivore” e se prosta a pouco mais de 10 metros da mesa. Sentindo o desconforto do homem Alice se arma com seu mais convincente sorriso e tenta tranquiliza-lo.
"Meu bom senhor, não se preocupe. Apesar da aparência feroz tenho certeza que ela é inofensiva para quem não nos quiser mal. Entretanto acredito que se você tiver algum tipo de carne crua sua presença será até apreciada por nossa companheira felina. "
O homem toma coragem e apresenta os petiscos que, segundo ele, fazem da casa um lugar muito conhecido na Ilha do Céu.
Alice pede uma sugestão e é servida de uma especie de sanduíche e uma bebida doce quente ambos deliciosos.
O homem não esquece do conselho e trás um grande pedaço do que parece ser uma costela para a pantera que solta um grunhido quase como um agradecimento sincero.
Enquanto saboreava aquelas exóticas iguarias ela ouve um som que saía de dentro do café.
https://youtu.be/f4btfaT6kl4
Aquele ritmo enche o coração de Alice de algo que ela não sentia a muito tempo. Tendo passado grande parte da vida aprendendo a arte de se apresentar em espetáculos para o entretenimento de uma plateia aquela música tinha uma vitalidade que ela não ouvia em muitos anos.
Encantada com o que estava ouvindo ela pede licença a seu companheiro e adentra o estabelecimento. Em em canto que mais parecia um altar uma pequena banda tocava o que Alice tinha certeza ser um som dos mais espetaculares que ela já tinha ouvido. O palco estava decorado com pinturas que Alice inspecionava com olhos vorazes.
http://www.publicdomainpictures.net/...cing-girls.jpg
http://rlv.zcache.com.br/anuncio_fra..._8byvr_324.jpg
https://lybbestre.files.wordpress.co...pg?w=760&h=566
Completamente embasbacada com o que via e ouvia Alice fala meio que para ninquem no meio do café.
"Existe quem ensine essa dança que eu possa conhecer?"
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A mulher gorda olha para Torv triste, de certa forma, mas aquiesce.
"Realmente, não há nada que eu posso fazer para te ajudar nisso, mas fiquei feliz em vê-lo, mesmo sem poder ver seu belo rosto novamente, meu camafeuzinho. Sempre que quiser voltar, sabe onde me encontrar. Digo o mesmo para seu amigo docinho."
Ao dizer isso, mulher meio que anda, meio que se arrasta, de volta a um beco, desaparecendo sem deixar rastros.
Orlando e Torv continuam caminhando pelo submundo, até encontrarem uma taverna que se destacava pela organização, limpeza, e aparência de que não pertencia àquele lugar. Servindo as mesas, elfos com correntes no pescoço, claramente escravos. Atrás do balcão, limpando um copo que já parecia estar limpo com um pano tão branco que parecia novo, um minotauro diferente de tudo o que Orlando tinha visto.
Orlando tinha vivenciado, embora seu mestre o tivesse proibido de lutar, a invasão de Tapista, agora Império de Tauron, a Vectora, e tinha visto diversos tipos de minotauros. Mas nunca tinha visto um com uma cabeça de bisão tão perfeita. O torso do minotauro era coberto por uma camisa preta de seda, que não escondia completamente os músculos possantes por trás, atípicos de um taverneiro. Na parede, um gládio, a espada dos legionários, e um escudo estavam pendurados.
Apesar do rosto de bisão, os chifres mais pareciam ser os de um bode. Eram curvados em espiral, e praticamente colados à cabeça, impossíveis de serem usados como armas perfurantes e perigosas, como Orlando tantas vezes tinha visto Arcturus usar os seus. Ainda assim, esse minotauro parecia exibir os seus com orgulho, tendo banhado as pontas em ouro.
O visual era completado por um Medalhão prateado de Tauron, e Orlando tinha quase certeza de que já tinha visto um similar, mas dourado, no peito de Arcturus, em alguma das ocasiões nas quais o viu sem nada cobrindo a parte superior do corpo.
Vendo Orlando olhar para ele fixamente, e olhando para o pequeno mascarado ao lado do monge, o minotauro falou, numa voz potente e profunda:
"Se querem beber ou comer algo, sentem-se, alguém irá servi-los. Se veio para ficar me olhando, não gosto de machos. Se veio buscar encrenca, vou adorar exercitar meus músculos, faz tempo que não quebro a cara de alguém."
E sorriu, apontando para bancos próximos ao balcão.
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Um homem ouve a pergunta de Alice, embora ela não soubesse dizer há quanto tempo ele ali estava, já que, perdida nos encantos da música e dos quadros, ela não notara mais nada. Ele tinha um bigode fino como o que Alice vira antes, mas seus cabelos eram um pouco mais longos, presos em um rabo de cavalo. Ele se vestia de modo elegante, embora um pouco flamboyant em suas cores, vermelho e azul.
"Excusez-moi, mademoiselle."
Alice obviamente não entendeu, e ele falou na língua comum, embora carregada de um sotaque musical e estranho, que Alice nunca ouvira.
"Com licença, mademoiselle. Eu adorrarria poder ensinar a dança a uma madam tão bela, porrém temo que não seja possivel." Alice se encantava pelos erres puxados e pela ênfase dada às últimas sílabas das palavras. "A unica pessoa que poderria ensinar só nascerrá em 500 anos, em outrro monde. Mas fico feliz que tenha gostado. Semprre que estiverr em Vectorra, adorrarria ter uma mademoiselle tão belle parra encantar meus olharres."
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Cervantes acerta o soco e devolve na mesma moeda o que havia sofrido segundos antes. Uma loira cabeluda surge para entrar no meio da briga e o pirata abre um sorriso torto ao perceber que era Hansel, o belo! Já perto do balcão e querendo dar continuidade à briga, Cervantes pega uma garrafa de vidro e mira quebrar na cabeça do grandão.
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A briga estava divertida e Hansel não perde a oportunidade de provocar o pirata enquanto procurava acertar os adversários:
"Sorte sua que apareci hein? Mais alguns minutos e teríamos que juntar seus pedacinhos e levá-lo até algum curandeiro haha!
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Orlando acompanha o desfecho entre Torv e a mulher dos biscoitos, e quando ela se vai, pensa:
"Eu quero mais uns destes."
"Torv, vamos passar pela loja dela antes de ir embora, né?"
Os dois continuam caminhando até avistar a taverna, que destoava da organização padrão daquele submundo. Ao entrarem, muito lhe remetia à sua memória de Arcturus, fosse a imponência, o jeito e até mesmo aquele medalhão no peito. O restante, como a aparência, o gládio e o escudo, se completavam com a história que ouviu quando estava em Tapista. Só podia ser ele!
Orlando então responde, retribuindo o bom humor:
"Sinto lhe desapontar, senhor, mas fui educado a não brigar com os pais de meus ex-companheiros."
Enquanto busca assento no balcão, em um banco próximo a seu interlocutor.
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Cervantes e Hansel estavam entretidos em meio à briga, quando apitos começaram a soar. Cada vez mais próximos, mais próximos, até que a luz que entrava pela porta foi coberta.
De instante, todos foram paralisados. Cervantes, com a garrafa quebrada sobre a cabeça do brutamontes, Hansel, com o punho enfiado na cara de outro, e tomando um soco pelas costas do terceiro.
Paralisados e afastados por magia, os dois conseguiram notar 8 guardas milicianos, com as mãos estendidas.
O capitão da guarda entrou logo atrás deles, e, numa voz rimbombante, falou:
"Vamos parar de confusão. Vectora é um lugar de paz. Arruaceiros serão chutados."
Ele mandou seus guardas revistarem vocês, retirando o machado/guitarra de Hansel, e suspirando ao encontrar as armas de Cervantes.
"Mas ora, ora, o que temos aqui? Um pirata usando armas ilegais em solo de Vectorius?"
Retirando as armas e colocando-as no balcão, o Capitão se vira para o halfling, dono do estabelecimento, que a essa altura, tinha criado coragem para aparecer, e pergunta o que aconteceu.
Num estalar de dedos, Hansel e Cervantes são desparalizados, sentindo os músculos doerem por terem ficado travados numa posição. O capitão ouve com atenção as palavras do halfling, enquanto analisa minuciosamente as armas.
Ele pede para que seus guardas levem os três arruaceiros, e tirem todo mundo da taverna, fechando a porta quando eles saem.
No momento, vocês estão sozinhos com o capitão da guarda e o halfling. O capitão devolve o machado de Hansel, não sem antes admirar a composição entre instrumento musical e arma. Então, ele olha para Cervantes, que está apreensivo e com cara de louco, seu nariz sangrando, e os olhos vermelhos brilhando sobre o capitão, e diz:
"Pólvora é ilegal, sabia? É perigoso andar por aí com armas cheias dela. Especialmente, se vai arrumar encrenca. Eu deveria prendê-lo. Poderia mandá-lo à forca... Quem sabe, o Conselho dos Seis não o transformaria numa bela gárgula de metal?"
Ele continua confabulando, resmungando, então vira para Cervantes e Hansel, e diz:
"Eu poderia, mas o taverneiro aqui disse que você não tocou nas armas nenhuma vez, e que jogou limpo, tendo sido atacado e só lutado para se defender. Vou confiar na palavra dele. Então, vou ser legal com vocês. 100 Tibares de Ouro, e eu nunca vi vocês aqui. 200, e farei de conta que não os conheço, caso os veja de novo pisando na minha ilha voadora."
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O Minotauro dá uma gargalhada, e responde a Orlando.
"O que o imprestável do meu filho fez desta vez? Acho que vocês não vieram aqui para beber e me dar boa notícias dele, certo?"
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Torv vê a decepção na mulher gorda que se despede e afasta, nada que hoje importasse ao pequeno. Quando começam a caminhar Orlando diz que quer voltar e Torv acena positivamente coma cabeça. Há tantas lojas que o pequeno quer ir antes de voltar à Valkaria.
Conforme os amigos foram chegando à taverna, Torv foi entendendo do que se tratava, era a taverna do pai de Arcturus.
Orlando foi se aconchegando e Torv estava próximo a ele, quando virou-se e respondeu ao minotauro com pesar na voz:
"Certo, infelizmente as notícias são tristes... Estávamos em batalha, perto da Valkaria quando o pior aconteceu. Me senti na obrigação de vir dar a notícia."
Torv cada vez sentia menos prazeres, mas ainda se lembrava da sensação que era fazer brincadeiras ou enganar, por isso segua fazendo, como se fosse resgatar um pouco da sua vida.
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Cervantes triunfa sobre o grandalhão e consegue quebrar a garrafa em sua cabeça. TRAAAAAASHH
Todavia, o pirata não pode comemorar e partir para o próximo ataque. De insante, o barulho dos cacos de vidro caindo no chão é silenciado pela entrada da tropa. Paralisados por magia, Cervantes e Hansel seguiam com os olhos a aproximação deles. "Fedeu, os tiras!"
A sensação de estar paralisado era maçante, o pirata se pegou imaginando se haveria uma prisão parecida com isso. Cervantes teve que esperar o dono da taverna contar toda a missa antes de ter a "liberdade concedida". O trio é escoltado para fora da taverna, não sem antes ser provocado por Cervantes: "Isso não acabou! Eu e meu amigo loiro podemos cagar vocês a pau em qualquer lugar!"
Cervantes ri, mas logo em seguida troca sua feição de comédia para uma enjoada ao escutar o capitão falando. Era fato notório que Cervantes não gostava da polícia.... "Quem esse merda pensa que é para me ameaçar de algo? Já chutei traseiros igual ao dele, fugi de guarnições mais armadas e perigosas que essa guarda!"
A vontade era de colocar tudo pra foder e socar aquele policial, mas num momento raro de razão o pirata lembrou dos motivos de estarem ali e olhou para Hansel. O pirata diz: "Eaí, o que dizer pra esse cara?"
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O grande minotauro olha muito sério e sombrio para Torv, antes de dar uma gargalhada sonora.
"Ele me disse mesmo que tinha um companheiro pequeno que adorava fazer graça.
Não. Meu filho não está morto, pelo contrário, ele está muito vivo. Ele pegou uma pequena cidade costeira e transformou em um posto avançado do Império de Tauron, e hoje é governador de Gorsengred. A cidade foi toda murada, há pequenos labirintos, e ele comanda tudo de uma torre.
Aquele moleque fez alguma coisa com dinheiro e hoje é muito rico, de alguma forma, e opera a maior base financeira do Banco do Império de Tauron. Eu me orgulho muito daquele garoto, ele saiu de casa um dia dizendo que se tornaria alguém grande, e não é que ele tinha razão?
Mas acho que tenho que agradecer a vocês. Ele com certeza é grato pela água que foi oferecida, e pela companhia, e qualquer um que dá água e impede que meu filho morra de sede come e bebe de graça na minha taverna. Digam-me o que vão comer e beber, e o que realmente vieram fazer aqui, com certeza, não foi apenas para uma piada mórbida."