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Eu estava no Morumbi neste jogo da final contra o NOB, tinha acabado de completar 15 anos. De todas as conquistas do SP, foi pra mim disparado o maior momento como torcedor. Isso porque foi uma verdadeira epopeia conseguir assistir o jogo no estádio.Postado originalmente por Picinin
Tá certo, pesquisei aqui poupou para o Brasileiro e tomou de 3x0 do Criciúma lá. BTW, achei uma matéria muito boa falando do título de 1992 que dá uma perspectiva do que era a Libertadores na época.
São Paulo comemora 20 anos do dia em que pegou gosto por Libertadores - ESPN.com.br
Aí nego vem tirar onda de Libertadores de década de 60 e 70 e eu só rio...
Hora de almoço, tô com tempo livre, vou tentar resumir rsrs.
Um bar do meu bairro resolveu fazer uma excursão para o jogo. O busão tinha um monte de nego doido (standard), então o "responsável" por mim seria meu tio. Irmão da minha mãe, mas ela sabia que ele curtia um baseado e que eu tinha mais juízo do que ele, rsrs. E lá foram 45 negos pro jogo tudo felizão.
Uma coisa comum naquela época, mas impensável hoje em dia, era chegar ao estádio sem ingresso. Moro a 120 km de SP, leva-se pouco mais de uma hora para chegar até a Marginal Tietê. Quem conhece SP sabe que o Morumbi é lá do outro lado da cidade. A excursão sairia 5 horas antes do jogo, era razoável. Atrasa daqui, atrasa dali, já chegamos à marginal mais de 1 hora depois do previsto. E isso em SP é fatal, já era naqueles tempos (principalmente em horário de pico)
Estávamos ainda longe do estádio e o trânsito simplesmente parou (sem surpresas). Quando chegamos mais perto, havia centenas de pessoas voltando pra casa e muitas gritando "acabaram os ingressos". E o rádio dava a mesma notícia. Começa o jogo e ainda estamos longe de parar. A solução óbvia: vamos descer no meio do trânsito e correr até o Morumbi (deu uns 15 minutos). Vai que a gente encontra algum cambista. E foda-se o busão, depois a gente se vira pra descobrir onde ele estacionou. Metade do busão desceu, o resto ficou.
Chegamos ao estádio e aquela confusão de sempre em grandes jogos. Corre-corre, polícia jogando os cavalos em cima, nego tentando te roubar... standard. Vai até a bilheteria, nada. Procura cambista, nada. Subimos as rampas e fomos perto do portão, sempre meu tio e eu. Lá pelas tantas, sem esperanças e já perto do portão, vem a ideia de "jenio". Foi instantânea, eu e ele pensamos a mesma coisa ao mesmo tempo. E se a gente "pedir" pro guarda e ele nos "ajudar"? hahaha, um adolescente burro com um tio sem noção. Uns 2 metros antes de fazermos o pedido, vimos o policial prender dois caras que tiveram a mesma ideia "brilhante", fomos salvos pelo gongo. E aí fodeu, acabaram as esperanças. Mas a gente comemorou, pelo menos a merda não foi maior kkkk
Quando estávamos descendo a rampa, sem saber o que fazer, vi dois caras numa puta felicidade. "tio, eles acabaram de conseguir ingressos, certeza! Vamos lá perguntar quem é o cambista que vendeu" E os caras responderam que haviam acabado de liberar uma pequena carga de ingressos em uma bilheteria qualquer. Opa, a esperança voltou. Chegamos na bilheteria e é óbvio que a notícia já tinha espalhado e muita gente já estava lá. No mínimo umas 500 pessoas espremidas em 3 cabines. Meu tio olha pro cenário e diz: "Fica aqui perto dessa árvore que eu volto com os ingressos em 3 minutos". Eu comecei a rir, sem chances de conseguir tão rápido. Mas tá bom, vai lá então. Daqui a pouco eu vejo um maluco se jogando de pelo menos uns 5 metros de altura bem na boca da cabine. Adivinha quem era? Meu tio, lógico. Na parede tinha uma estrutura bem porca e improvisada parecida com um andaime, que parecia ter sido desativada depois de algum tipo de reforma. Mas o acesso não era fácil, tinha que escalar um pedaço de parede. E além disso era muito alta, dava medo. Não pra ele, que era pintor e pedreiro, estava acostumado com algumas maluquices desse tipo. Um monte de cara viu ele fazer isso e não teve coragem kkk (Nem vem ninguém aqui dar uma de cuzão e falar que ele furou fila)
Entramos no intervalo, ingresso de numerada inferior. Acabou o jogo, Tricolor campeão e eu já estava indo invadir o gramado junto com aquela galera. Daí ele me segura "chega de besteira por hoje, a gente ainda não sabe como vai voltar pra casa, lembra?" Pensei rápido, "se ele que é totalmente louco está falando isso..." Segurei a onda. Vimos a volta olímpica e saímos.
Meia noite e meia e começa outro desafio. Cadê o busão? Literalmente centenas de ônibus estacionados em várias ruas diferentes, sendo que a gente não conhecia as redondezas... Pqp, vai ser foda. 1:30 da manhã achamos um ônibus da mesma empresa. Era de uma rádio da cidade que havia ido fazer a cobertura do jogo. Explicamos a situação pra eles. Disseram que iriam embora após guardar todo o material que levaram para a partida, por volta das 3 da manhã, e que nos dariam carona se estivéssemos lá na hora de voltar. Não iriam nos esperar, óbvio, mas já estava ótimo. Continuamos a procurar e meia hora depois vi um maluco correndo em cima de uma fileira de ônibus, comemorando com uma bandeira gigante. Não sabia quem era, mas reconheci que era da nossa excursão. Daí foi só parar o cara e deu tudo certo. Conversando com o pessoal da excursão, descobrimos que apenas nós 2 conseguimos entrar no estádio. O resto todos acompanharam de fora. Graças ao maluco do meu tio kkk
Isso numa época que ninguém tava nem aí para o torneio, pra hoje em dia essa geração 7x1 chamar a gente de modinha... É o fim do mundo. "Mas se você só vai em final, é modinha sim". Tento assistir pelo menos 1 ou 2 jogos por ano. O problema é que aqui em SP está cada vez pior ir ao estádio. Bilheteria não abre em dia de jogo, torcida única... Estão matando o futebol paulista.
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