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1) Seleção Brasileira
De 1990 para cá, minha relação com a seleção brasileira não é intensa. Pelo país, do qual tenho sérias ressalvas. Pela classe política (independente de partido), grande beneficiária em caso de vitória no futebol, que ofusca nossas mazelas. Pelo conceito equivocado de que a seleção é a pátria de chuteiras. Pela falta de identidade que sinto em relação às últimas seleções.
Por tudo isso, minha posição em relação à seleção brasileira beira a neutralidade. Não assisto amistosos nem nada que não seja Copa do Mundo. Se o time me empolga (o último foi o de 2006 pré Copa), fico mais favorável. Caso contrário, mantenho a neutralidade ou mesmo torço contra moderadamente. No caso dessa seleção, pelo agravante do péssimo futebol apresentado, meu sentimento mal chega à neutralidade.
2) Flamengo
Minha paixão pelo Flamengo é incondicional. Pouquíssimas coisas me dão tanto prazer quanto uma vitória rubro-negra. Tenho orgulho de ser Flamengo. Se tivesse oportunidade de nascer novamente, escolheria ser Flamengo de novo.
A escolha da Alemanha / Adidas por usar deliberadamente uma cópia do manto como segundo uniforme deve sim ser motivo de orgulho para os flamenguistas. A Adidas quer vender camisas, evidentemente, e escolheu o melhor público-alvo possível dentro Brasil. A Alemanha quis angariar simpatizantes no país sede, e escolheu a fatia mais relevante da população. Evidente que são duas jogadas de marketing no mesmo movimento. Assim como é evidente que está implícito nessa iniciativa um reconhecimento de que existe uma torcida dentro do Brasil que, na visão dessas duas entidades, é mais relevante do que as demais, tão mais relevante a ponto de ser vantajoso assumir uma posição de alinhamento a essa torcida (e assumir o risco de desagradar frontalmente às demais) do que manter uma confortável posição de neutralidade. Não é inédito - Frank Sinatra, Julio Iglesias e Madona, dentre outros, já vestiram o manto em apresentações públicas, o que só reforça a tese. É motivo de orgulho sim para os flamenguistas, repito. E é natural que angarie nossa simpatia pela seleção alemã.
Cabe a cada flamenguista pesar (1) e (2) na balança e decidir por quem torcer nessa semi-final. Vivemos numa democracia em que cada um tem direito de escolha. Você, flamenguista, que sente vontade de torcer pela Alemanha, faça isso. Não se deixe influenciar pela patrulha moral dos que se acham no direito de condenar essa atitude.
Para quem vou torcer? Não vem ao caso. Vou assistir o jogo na minha casa, na minha televisão, comendo meu churrasco e tomando minha cerveja. Torço para quem quiser. Só tenho certeza de que não ficarei aborrecido com qualquer resultado.
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