Diminuindo a Variância

Rafael TosatiPor coincidência está ativo no fórum do MaisEV um tópico extremamente interessante e analítico criado pelo urubu111, mega reg de cashgames. O tópico tem a intenção de discutir sobre a real influência da sorte no poker, até que ponto a sorte sobrepõe a habilidade. Em primeiro lugar, é elementar parabenizar o urubu111 pelo post, é plausível um jogador tão vencedor quanto ele ter racionalidade, autoanalise e humildade ao ponto de trazer a tona um assunto por muitos negligenciado.

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Em decorrência do tópico, ficou perceptível que muitos jogadores, dentre eles profissionais, não entendem realmente o real conceito de variância, ou mesmo compreendendo o conceito não sabem o quão normal ou anormal é a real ação da variância nos seus resultados. Assim, tentarei explicar para vocês um conceito que, sob meu entendimento, é o mais sensato quando a discussão é poker, habilidade ou sorte.

Em primeiro lugar vocês devem entender até que ponto é realmente a ação da variância destruindo seu gráfico e até que ponto são outros fatores tendo influência direta na queda observada. Até que ponto é a sua falta de sorte, ou até que ponto além da sorte é a sua falta de técnica, falta de competência realmente. Por exemplo, jogando um ABI (average buy-in) de $11, é normal que tenham uma variância por volta de 100, 150 buy-ins, ou seja, é normal que em uma escala média de tempo, 500 – 600 torneios você perca $1100 – $1600 dólares. Mas não ache que seja normal, perder $4500, $5000 jogando ABI $11. Sem equívoco algum consigo afirmar que alguma coisa no seu jogo está causando isso, não apenas uma variância normal, muitas vezes você não deveria estar jogando esse limite.

Pois bem, visto isso, pretendo focar dentro dessa normal variância, pontos que vocês devem observar para fazer com que a variância que afetará seu gráfico seja a menor possível. De maneira empírica cheguei a algumas conclusões que me fizeram não sofrer tanto com variâncias absurdas, criando uma solidez maior no meu gráfico. Tais pontos são diversos, no entanto, explicarei quatro deles, que acredito exercer maior importância.

Average Buy-in – Vocês precisam ter um raciocínio lógico quanto ao seu ABI. Sempre que jogarem um ABI onde dominam bem o field a sua variância será menor do que quando jogar um ABI onde seu edge é minimizado. Por exemplo, se vocês jogam um ABI de $10, sabem que dominam bem o field, é normal que jogando esse ABI tenham uma variância menor do que se jogarem um ABI de $30. Mesmo que batam o field em ABI $30, a variância que encontrarão nesse ABI será, sem sombra de dúvidas, maior que no ABI $10, por conta do seu edge sobre o field. Em ABI $10 vocês tem muito mais edge do que em ABI $30. Lógico e óbvio.

Volume – Normalmente quanto maior o volume menor a variância! Quanto mais jogarem menos variância terão? Não! Não confundam volume com aplicação exacerbada de quantidade. Não estou dizendo para jogarem uma imensidão de telas de qualquer maneira, sem nem entender o que estão fazendo, estou falando para encontrarem um volume médio onde se sintam confortáveis com o número de telas jogadas e o tempo de registro diário. Quanto maior esse volume, com qualidade de jogo, menor a variância do jogo. É extremamente importante que esse volume seja acompanhado de qualidade de jogo. Sempre que essa qualidade for minimizada por conta da grande quantidade de volume, vocês estão em um equívoco gigantesco e mórbido.

Moves – A sua maneira de jogar também vai delimitar o quão grande vai ser a variância de vocês. Existem jogadas de maior variância no longo prazo e jogadas de menor variância. Esse ponto é realmente questão de estilo. Existem jogadores que optam por jogadas de maior variância, flips, 60/40, com grandes quantidades de BBs, outros que optam por diminuir essa variância esperando situações mais seguras. Vamos a um exemplo. Você tem 16bbs e 55 no CO, chega em gap até vocês que tem de decidir entre raise/call ou shove. Quando optam por raise/call, muitas vezes o vilão vai shovar KJ, KT, QJ, TJ, T9,QK, diversas mãos que o 55 estará jogando 50/50. Mas quando vocês shovam, normalmente expulsam essas mãos. Percebam como o raise/call tem uma variância bem maior que o shove. Muitas vezes vocês vão ter que flipar contra o range de resteal do vilão, e shovando vocês expulsam esse range.

Fields – Outro raciocínio lógico e indiscutível. Torneios com fields grandes tem maior variância que torneios com fields pequenos. O que vocês precisam fazer é delimitar uma grade onde existam torneios com field menores para diminuírem a variância sessão por sessão. É indiscutível que um torneio com o Big $11, por conta do seu gigantesco field, ofereça muito mais variância que um $4,40 2R 1A, da madrugada. Não estou falando para não jogarem o Big $11, longe disso. Mas, vocês devem jogar o Big $11 e mesclar com torneios de field menor, mesmo pagando pouco, mas que tem menor variância, são os famosos torneios catrupes que costumam salvar as sessões.

Percebam que a variância do jogo deve ser diminuída no curto prazo para refletir assim no longo prazo. Vocês podem diminuir a variância de uma única mão, mudando a maneira de jogar, em um único dia, colocando na grade torneios de menor variância, ou em um único mês. Agora vou apresentar algumas mudanças que fiz no meu jogo como base de exemplo:

Average Buy-in – Há algum tempo joguei diversos torneios high stakes. Um exemplo claro foi o SCOOP onde joguei alguns torneios regulares até $320, mais Big $109, Sunday Million, sem satélites. Em primeiro lugar era óbvio que o field do $320 é bem mais hard do que o do $22, e eu não estava acostumado a jogar esse field, eu jogava um field bem mais soft. Então a primeira mudança que fiz foi delimitar um ABI em que me sentisse confortável e abusasse ao máximo do meu edge. Delimitei que iria jogar low e mid stakes, torneios até $75 dólares, e me disciplinei que para jogar torneios high stakes teria que entrar por satélites. Fazendo isso, consigo abusar ao máximo do meu edge sobre o field, consequentemente faço com que a variância que afetará meu jogo seja indubitavelmente menor. Aqui entra a ideia de não se prender a procura de grandes prêmios, jogando torneios extremamente complexos com fields astronômicos. Vocês podem fazer muito lucro jogando torneios tranquilos em ABI baixos, onde a incidência de regulares é bem menor.

Volume – Por um bom tempo eu não tinha nenhuma ideia de volume, nenhuma disciplina ligada a volume. Em um mês jogava x torneios, em outro mês y torneios, e não mantinha uma métrica com um bom volume. O que fiz? Primeiramente delimitei um número de telas onde me sentia bem confortável, onde minha qualidade ainda seria abusada 100%, (atualmente jogo uma média de 15 telas simultâneas). Depois delimitei horários de registro com base na minha capacidade de jogo, iniciei com 3h, atualmente consigo registrar até 8h, isso vai variar conforme o quão bem esteja no dia e o quão bem esteja indo a sessão. Estou tendencioso a parar os registros caso comece a tiltar ou em dias muito ruins. Por fim, delimitei metas mensais, observando e perguntando a outros profissionais um volume modesto que eu pudesse jogar, onde não teria uma variância absurda. Por conta de faculdade, coachs, viagens para lives e relacionamentos sociais, delimitei um mínimo de 500 torneios por mês. Acredito que seja um volume razoável, e em alguns meses farei o dobro desse mínimo provavelmente, mas ao final do ano, não jogarei em nenhum mês menos de 500 mtts. Aqui é um claro exemplo de um volume mediano, que de alguma maneira faz com que a variância a afetar meu jogo seja menor.

Moves – Esse sem dúvidas foi o ponto mais complexo e mais crítico da minha auto análise. Entender quais jogadas aumentavam a variância do meu jogo. Não posso ajudar muito no que tange a essa mudança, o que posso dizer é que analisei centenas de hand histories que tenho de jogadores sólidos e de jogadores agressivos, e comecei a entender o quão grande era a variância nos jogo de alguns e quão ínfima era essa mesma variância no jogo de outros. Atualmente, prefiro shovar um range bem restrito estando short em blind war, ou abusar de shoves no lugar de raise/call. Foram mudanças que diminuíram muito a ação da variância no meu jogo. Mas o que vocês devem entender é que quanto mais agro e loose for seu jogo, mais a variância o afetará, e quanto mais tight e sólido, menos variância terá.

Fields – Por fim o 4° e último ponto, porém não menos importante. Quando decidi montar minha grade não pensava analiticamente sobre torneios, apenas coloca torneios com bons prizes, optava por estar jogando torneios que pagavam sempre muito. Um grande equívoco, pensar apenas no big prize, e esquecer de diminuir a variância do jogo. Agora, acrescentei alguns torneios que tem o simples objetivo de quebrar a variância a cada sessão que eu jogar. Por exemplo, torneios como o $22 big antes, que mantém uma média de 100 jogadores no field com um prêmio de aproximadamente $500. Jogando torneios do tipo consequentemente você fará mais mesas finais, chegará mais em retas finais, e terá mais premiações por conta do pequeno tamanho do field. Para quem jogar micro e low stakes é interessante acrescentar sit and gos $4,50 de 180 pessoas, pagam cerca de $200 e com um field bem fraco e curto.

Esses são alguns pontos que acredito que devem ser observados com urgência. Quando vocês passarem a entender todos os aspectos que aumentam ou diminuem a real ação da variância no gráfico, ficará bem fácil tomar decisões coerentes com base no aumento ou na diminuição dessa variância e entender que o poker, mesmo em aspectos psicológicos, depende muito da habilidade e da noção de empreendimento. Espero que tenham me compreendido, e sinceramente espero que apliquem tudo isso no jogo de vocês e percebam a mudança e a evolução.

 

Rafael Tosati mora em Arraial D’ajuda – BA e é  integrante do StealTeam. Ele joga MTT’s mid e low stacks online, e NL200 / NL400 em cash games live, sua real especialidade. Ele joga no PokerStars com o nick “tosati’s”

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