Controlando o Tilt

O controle de tilt é considerado uma das habilidade mais difíceis de se aprender para jogadores de poker iniciantes. E não só eles. Muitos experientes jogadores, até mesmo profissionais, constantemente têm problemas por não saberem quando parar, perdendo assim grandes quantias de dinheiro.

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Diferentemente de leaks como bankroll pequeno, falta de value-bets no river ou range pré-flop muito grande, o tilt não é um leak que pode ser facilmente corrigido através de fórmulas e cada jogador precisa encontrar o seu método de encará-lo. Para a maioria dos jogadores é necessária uma mudança completa na mentalidade para realmente incorporar o controle de tilt em seu jogo.

Alguns jogadores têm muito sucesso usando práticas anti-tilt como o stop-loss — parar de jogar por um determinado período de tempo depois de perder um determinado valor. Outros usam atividades físicas, como corridas diárias ou idas à academia, para manter-se em melhor forma mental e assim ter mais prontidão ao reconhecer o aparecimento de sinais de tilt durante o jogo.

A solução principal, contudo, é se deparar de frente com o tilt e mudar a sua mentalidade quanto a isso. Muito se tem falado sobre o tilt e suas formas de controlá-lo ou extinguí-lo, mas mesmo que você use práticas anti-tilt, se você não perceber que haverão momentos em que você está prestes a entrar em tilt e que você deve controlar estes momentos, eventualmente o tilt se infiltrará pelas práticas anti-tilt em um dia em que você estiver desatento e fará seus estragos.

Devemos reconhecer que em muitos momentos a melhor jogada é parar de jogar. Em outros, a melhor pode ser se conscientizar que um determinado bad beat em um pote grande não deve influenciar em nada a nossa estratégia de jogo.

Longe de ser a solução definitiva, este texto inclui alguns princípios sobre o tilt a sobre os quais você deve refletir, a fim de poder encarar o problema e encontrar a sua solução pessoal.

Pare de Querer Ganhar Dinheiro

Parece paradoxal. No entanto, se você pretende ser um vencedor no hold’em, você tem que controlar o seu desejo de ganhar pots a qualquer preço. Como nos ensina Mike Caro no livro Super System, “você não é pago para ganhar pots; você é pago para tomar decisões corretas”.

Quantas vezes você entrou em tilt porque era favorito em um pot perdeu, e começou a jogar loose demais para recuperar, ou porque deveria ter dado fold e por causa do tamanho do pot — e sua imensa vontade de ganhar dinheiro — não conseguiu passar a mão?

Lembre-se: de acordo com Mike Caro, sempre que você deu um bom fold, você não economizou dinheiro; você ganhou dinheiro!

Você Não Controla as Cartas — Acostume-se a Isso

Segundo o renomado life coach americano Jack Canfield, a vida — e podemos aqui também considerar o poker — tem uma fórmula simples.

Evento + Resposta = Resultado

Portanto, os Eventos acontecerão em sua vida — e em sua mão — independentemente da sua vontade. Mas o Resultado, será sempre dependente da sua Resposta a eles. O river pode trazer uma terceira carta de copas, ou você pode levar um check-raise allin do jogador mais tight da mesa… Ainda assim, você poderá escolher se irá se entregar ao seu sentimento de raiva e pagar uma aposta que não deveria só por revolta à sua “má sorte” ou pode dar fold e perder menos do que perderia.

Quanto antes você se conformar que uma carta prejudicial à sua mão pode vir, ou que você pode tomar uma bad beat, e ainda assim manter a calma e decidir pelo correto, mais cedo você estará próximo de controlar seu tilt. Se você observar suas sessions ruins, verá que se você tivesse se conformado com os 2 buy-in’s que perdeu “injustamente” com seu AA e KK, você teria apenas perdido 2 buy-in’s; e não 5.

A Situação Sempre Pode Piorar

Darrell “Gigabet” Dicken em um de seus excelentes posts na 2+2, escreveu que “você sempre enfrentará uma bad run pior do que a pior que você previa”. Ou seja, por mais que saibamos que bad runs existem, sempre aparecerá uma bad run incrivelmente difícil, que nunca teríamos imaginado fosse possível.

Nessas situações o tilt costuma ser muito comum, pois irracionalmente pensamos que estamos sendo injustiçados e que esse tipo de coisa só acontece com a gente. Então jogamos tudo pro alto, começamos a apostar desenfreadamente e dizemos que nunca mais jogaremos poker. O resultado, no dia seguinte, é um jogador incrivelmente chateado por ter deixado isso acontecer e se perguntando como reconstruirá a parte perdida do seu bankroll.

Mike Caro expõe no livro Super System um conceito similar, fundamental para remediar a situação. Ele o chama de “Mike Caro’s Threshold of Misery” e consiste no seguinte:

“Quando uma situação se torna dolorosa demais, ela passa a causar uma anestesia no indivíduo.”

Por exemplo, vamos supor que você pudesse perder, confortavelmente, sem que isso represente uma perda extremamente dolorosa, $1.000 dólares. Claro, você não está feliz em perder $1.000 dólares. Mas não é uma tragédia para você. Mas, e se você perdesse mais de $30.000 dólares? Faria diferença perder $31.000 ou $32.000 dólares? Poucos jogadores sentiriam a diferença ao perderem esta quantia, mas é claro que a diferença existe e é grande, como Mike Caro nos ensina.

Por mais que depois de um tempo, emocionalmente pareça que nada mais importa… o segredo é agir como se você se importasse. Assim, segundo Mike Caro, você estará apto a tomar a decisão correta, mesmo que esteja com aquela sensação de que não faz diferença perder mais alguns mil dólares depois de ter perdido tanto.

Teoria das Sub-Personalidades

Como a psicologia nos ensina, todos temos sub-personalidades, frações de nossa personalidade. Assim sendo, podemos ser teimosos num momento e compreensivos em outro. Podemos ser jogadores de poker concentrados ou “crianças” querendo ir “brincar” lá fora com os amigos.

Cada vez que damos preferência a uma sub-personalidade em detrimento de outra, como por exemplo, deixamos de sair com os amigos para jogar poker, deixamos de aproveitar um dia de “preguiça”, para jogar poker ou deixamos de ficar com a namorada para jogar poker, enfim, nossa sub-personalidade que quer mais sussego, nosso lado mais “moleque” tende a “sabotar” nosso lado mais analítico e racional, o lado do jogador de poker.

Esse será aquele dia em que você intencionalmente (e sub-conscientemente) não entende a dinâmica da mesa, não sabe quem é tight, quem é loose, ou o que diabos você está fazendo naquele quarto sozinho com seu pc.

Portanto, saia se divirta e respeite seu lado que não quer jogar poker. Além disso: respeite seu lado que odeia poker (leia-se: trabalho). E ele te deixará em paz para jogar sossegado quando você realmente precisar e estiver em boas condições para fazê-lo.

Um dos fatores mais importantes para dominar o tilt, é estar tranqüilo, no verdadeiro sentido da palavra tranqüilidade. Para atingir tal situação é necessário equilíbrio. Reflita sobre essas considerações, elimine preocupações, deixe-se confortável e à vontade para jogar e na próxima sessão você já sentirá uma notável diferença em seu jogo. E assim melhores resultados virão.

Muito obrigado a André “andre–sp” Costa pela enorme contribuição com o artigo.

Se você tiver dúvidas sobre os termos utilizados neste artigo, veja nosso dicionário de termos de poker.

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