“As Pessoas Estão Mal Condicionadas a Pensar Sobre o Estilo de Vida dos Jogadores” Diz Faraz Jaka

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A cena é comum: um jogador disputa um heads-up com pilhas e pilhas de dólares sobre a mesa. Após a vitória, ele posa com super-modelos para fotos, e se dirige a alguma boate para comemorar o título. Garrafas de champagne ao custo de cinco dígitos embalam a festa com uma naturalidade semelhante à cervejinha acompanhando o churrasco do fim de semana. A foto do vencedor será estampada em várias revistas, seu rosto ficará conhecido mundialmente. Dinheiro, fama, mulheres.

Mas para Faraz Jaka, isso não reflete a realidade do estilo de vida de jogadores de poker, e as pessoas devem ficar atentas a isso.

Tudo começou com um desabafo no twitter. Faraz questionou seus seguidores se deveria aguardar o lançamento de um notebook de 17 polegadas, ou se deveria comprar um de 15. Várias pessoas responderam que ele deveria comprar os dois, já que ele tem muito dinheiro.

Por isso, ele começou a expor a dura realidade de um profissional do poker. O assunto foi abordado com extensão em uma entrevista concedida ao site “igaming.org”.

“As pessoas acham que atletas, atores, celebridades e jogadores de poker podem jogar dinheiro pra cima e continuar bem. Parem de olhar televisão e conteúdos que mostram pessoas com carros potentes, acompanhados de mulheres e que abordam um estilo de vida perdulário. É só um truque para que você imite esse comportamento pensando em obter sensações semelhantes. A maioria das pessoas não vive assim, e as que vivem não costumam desfrutar disso por muito tempo; ou têm mais problemas financeiros do que você imagina”, escreveu em um dos seus tweets.

Faraz Jaka sabe o que fala. Escolhido “Jogador do Ano do WPT” em 2010, o americano e descendente paquistanês de 27 anos soma quase US$ 4 milhões ganhos em torneios ao vivo. Na internet, jogando com o screenname “The-Toilet 0” no PokerStars e Full Tilt, ele tem quase US$ 3 milhões ganhos no online.

O exemplo de Jaka aflora à memória casos bem conhecidos como o do ex-boxeador Mike Tyson, do músico Michael Jackson e do ex-jogador de basquete Scottie Pippen. No poker, Gavin Griffin e Erick Lindgren são casos famosos . Todos eles bem sucedidos em suas carreiras e com rendas de milhões de dólares, passaram por dificuldades financeiras, seja por sonegação de impostos, apostas esportivas ou por gastos extravagantes.

“Pegue o poker como exemplo: Você vê um jogador jogar um evento de US$ 100 mil de entrada, ele ganha milhões, aparece com modelos, mas é tudo um truque de mágica para passar a sensação de uma vida glamourosa. Na realidade ele ganha 10% do prêmio e as belas mulheres são contratadas pelos organizadores”. Ao ser questionado se tudo não passava de uma mágoa, Faraz afirma: “Não há motivo para mágoa. Eu vejo muita gente com um comportamento irracional acerca disso e gostaria que fosse diferente, que fosse melhor para todos saber como é a realidade. É a mídia forçando a situação a parecer muito mais deslumbrante do que realmente é. E as pessoas na mídia nem buscam desinformar diretamente, elas estão fazendo seu trabalho a partir de um conteúdo interessante. São as pessoas que dão muita importância, que só veem números. O sistema é o problema, e esse padrão não ocorre só no mundo do poker, mas na sociedade em geral.”

O jogador, que é formado em Economia, falou sobre seus gastos e como encontrou benefícios ao realizar mudanças no seu estilo de vida: “Eu jogo os principais torneios do WSOP, WPT, EPT e Aussie Millions, e viajo constantemente. Somente em entradas há um gasto de US$ 600 mil, contabilizando somente um evento de US$ 100 mil de buy-in. Em relação às despesas, eu sei como muitos jogadores vivem enquanto viajam, ficam nos melhores hotéis, utilizam muito serviço de quarto, lavagem a seco do hotel e tomam muitos táxis. No meu primeiro ano fiz muito isso, até que contabilizei cada gasto e passei a economizar pelo menos cinco dígitos em cada categoria. Não uso serviço de quarto e passei a comer de forma muito mais saudável. Busco alugar um apartamento a ficar em hotel, em alguns lugares isso é bem fácil. Cuido da minha própria roupa e sempre que posso utilizo trem. Isso permite eu conhecer a cultura dos lugares e ter contato com pessoas fora do ambiente do poker. Quando você sai do hotel e pega um táxi para jogar um torneio, você acaba preso em uma bolha desse estilo de vida de jogadores de poker. Com essas mudanças eu vivo muito mais a realidade do lugar, das pessoas, de como o mundo é de fato.”

Faraz afirma que nada do que ele diz é desconhecido, mas que conseguiu perceber esse estilo de vida ao visitar mosteiros e se afastar da televisão. Ao viver viajando, o condicionamento social pelo qual jogadores de poker passam saltou aos olhos. O maior problema parece ser a sociedade contemporânea, que faz as pessoas acreditar que precisam de muitas coisas excessivas: “As pessoas têm essa ideia fixa de que necessitam ser socialmente aceitas, e para isso viver de acordo a determinado estilo de vida. Se você ganha um torneio é esperado que você fique no melhor hotel e siga um determinado padrão de comportamento. Mas as coisas têm melhorado. Hoje em dia, por exemplo, é muito mais aceito dizer que você tem cotas vendidas em torneios. Você vê muito mais gente falando em economizar e investir em empreendimentos. A questão é que não se pode aguardar pela aprovação dos outros e que devemos fazer o que é melhor para nós mesmos. Isso é algo realmente difícil e a meditação me levou a perceber o como fazemos e compramos coisas pensando antes nos outros. Quando você compra uma roupa, o que deve ser respondido é se a roupa em questão é para você ou para que as pessoas lhe percebam de certo modo? É algo muito difícil pois geralmente buscamos nos enganar facilmente.”

O americano também disse que costuma conversar muito sobre isso com amigos e pessoas mais íntimas, e não vê problema em comportamentos extravagantes desde que sejam mais inteligentes: “Eu não estou dizendo para não fazer tal coisa e não ter nenhum luxo, mas escolha com sabedoria o que é mais importante e útil. É divertido relaxar e não ter que se importar com dinheiro. Muitos jogadores evitam falar sobre gatos de viagens, mas eu considero isso estupidez. Se você têm um problema com sua esposa, é muito melhor encará-lo do que ir para o bar beber”.

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