Thiago Decano Responde Perguntas dos Jogadores do MaisEV

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Thiago Decano participou de um tópico no Fórum MaisEV onde respondeu perguntas e interagiu com os usuários

Thiago Decano WSOP

Se perguntar a dez jogadores quem é o mais completo jogador de poker do Brasil, provavelmente onze responderão que é Thiago “Decano” Nishijima.

Com tanto sucesso nas mesas virtuais e reais, e até mesmo um bracelete da WSOP conquistado no ano passado, a resposta não é surpresa para ninguém. Por isso, convidamos Decano a responder as perguntas dos usuários do Fórum MaisEV.

Abaixo, selecionamos as melhores perguntas e respostas dadas por ele, e o tópico completo você confere aqui:

Quando e como você ganhou a primeira grana significativa jogando poker? Qual foi o torneio e o que comprou com o prêmio?

Nos primórdios do poker, de 2006 a 2007, eu já tinha feito uns $50 mil em sit and go. Lembro que fiquei em segundo no torneio de $1 mil da Ongame, puxei $38 mil e no fim de 2007 fiquei em 2° no ECOOP Main Event ganhando $120mil. Foram big hits que dobraram meu bankroll do momento.

Sempre tive os pés no chão, mas nunca fui pão duro. Comprei um carro meio caro, mas usado, não me arrependo, mas hoje estou vendendo o que tenho e se puder ando de táxi, o que é bem mais prático e econômico. Aliás, quem quiser comprar meu carro, é só me procurar!

Quais são suas intenções com o poker nos próximos 5 anos?

Continuar jogando cada vez em mais alto nível, dar coachings e viajar bastante (exatamente o que faço hoje) hehe.

“Pra você ganhar grandes coisas, terá que correr grandes riscos. Não tem jeito, é proporcional.”

Na sua opinião, poker é esporte?

Sim. É um esporte da mente. Também acho um debate desnecessário. Eu só gastaria energia discutindo sobre o tema se levasse a algum lugar. Como não é o caso, acho infrutífero tal discussão. Vou te contar um segredo: quando o poker é considerado um esporte pelo Ministério dos Esportes e pelo órgão que cuida dos esportes mentais no mundo, a sociedade o vê com muito menos preconceito, legalmente a atividade pode ser enquadrada como esporte e ter obrigações e direitos como tal. A pasta que estuda a regulamentação do poker é a do Ministério dos Esportes, e a do cassino é feita pelo Ministério. do Turismo. Sacou?

Você vê com bons olhos a regulamentação do poker no Brasil?

Ao contrário do que alguns pensam, a regulamentação é inevitável. Não foi a CBTH que decidiu que será regulamentada. O ponto é que há indícios fortíssimos de que o jogo será legalizado no país. O grande mérito do presidente Igor Federal é conseguir participar diretamente do grupo que irá regulamentar o poker no Brasil e de forma separada das demais atividades. Isso é surreal. Imagine ser regulamentado igual a roleta e ter que pagar 65% dos ganhos?

Thiago Decano NishijimaVocê já era conhecido. Porém, após o bracelete, pretende alavancar essa questão do marketing no seu nome? Algo no estilo que o Akkari faz com o dele.

O bracelete potencializou tudo em minha vida. Graças a Deus, sempre fui muito respeitado, considerado uma referência no poker e até um dos melhores jogadores pelo que conquistei em minha carreira. Também sempre fui admirado pela minha humildade e forma como trato todos e isso vem da minha personalidade e jeito de ser. Mas depois do bracelete algo surreal aconteceu. Todos pedem pra tirar fotos, autografar livros, camisetas etc. Eu não paro um minuto no BSOP ou qualquer outro torneio em que participo. E estou adorando tudo isso. Mas o Thiago continua igual. Logicamente, o marketing está aí para alavancar seu produto negócio e seria jogar dinheiro fora não utilizá-lo como ferramenta. Existe um produto chamado Thiago Decano e muitas pessoas querem consumi-lo de diversas formas.

O Akkari tem um talento nato para o marketing, fez seu patrocinador bombar no Brasil e contribuiu muito de forma macro para que o nosso esporte tenha atingido o patamar que chegou. Tenho certeza que o PokerStars esta muito feliz com cada centavo investido nele. Mas também imagino que esteja bem aborrecido com alguns milhões que investiu em outros poker players. O poker é uma diversão, mas além disso é um mercado enorme de oportunidade de negócios. Não tem como o marketing não estar presente. Eu não sou “marketeiro”, sou jogador de poker! Mas terei que aprender cada vez mais sobre marketing e empreendedorismo. Pra finalizar, jamais esquecendo o principal, que é ser um jogador de ponta… senão não adianta nada.

Você não representou nenhum site durante toda sua brilhante carreira. No entanto, fechou com o BrasilPokerLive, por quê?

Nunca houve uma proposta interessante. Um projeto que realmente eu abraçasse. O BrasilPokerLive é um site que quer investir no mercado brasileiro. Eles trabalham com o sistema de caixeiros. Não vejo isso como uma forma amadora, e sim, como uma forma diferente e mais pessoal. Funciona muito bem em outros países. O que você faz quando forra no PokerStars, por exemplo? Acredito que a maioria vende os créditos para um intermediador. E tenho certeza que você os transfere antes de receber na sua conta. É um site novo no Brasil, muitas melhorias estão sendo feitas. O grande diferencial do site é jogar em reais e o field muito mais soft. Tem muita coisa boa, vindo por aí.

Qual a mesa mais difícil que você jogou e achou que não dava e no fim saiu vitorioso?

A mesa mais difícil é sempre a próxima. Se você não entrar com esse pensamento, vem um amador e te engole. Tem que entrar pra matar. Se você entrar relaxado, numa mesa aparentemente de recreativos, você pode não prestar atenção na mesa, em seus detalhes. É aquela tela do $1+R que você joga por “osmose” enquanto se dedica todo ao Sunday Million. A mais difícil também é aquela em que o oponente te tira da zona de conforto. E quando você reage a isso, se as primeiras jogadas não encaixam, a tendência é que você  não consiga jogar seu melhor. Por isso, paciência, confiança e predisposição ao risco são tão importantes no poker.

“Se eu pudesse dar um conselho para um filho ou amigo, seria: ‘faça o que você ama fazer e corra riscos. O mundo é pequeno pra quem pensa pequeno e infinito pra quem quer fazer a diferença.’

Qual você diria que a sua maior virtude como jogador?

Minha maior virtude é amar o que eu faço. E olhe que eu estou na estrada desde 2006. Eu sento numa mesa de poker com o mesmo tesão de quando comecei. Isso me leva a querer fazer isso pra sempre. E pra isso ocorrer, eu tenho que estar em constante evolução.

Ainda sobre desempenho em MTTs, realisticamente, o quanto o field brasileiro está de outros países (Alemanha por exemplo)?

Os alemães são ETs. Têm um cérebro a mais que o planeta. A educação deles, modo de aprender são diferentes do resto do mundo. Fui para Berlim recentemente e me pergunto como um povo tão inteligente pôde se alienar pela mente do Hitler.
O brasileiro se apaixonou pelo poker e isso faz com que ele busque sempre evoluir pra poder sobreviver. Somos muuuuito melhores e em maior quantidade do que éramos anos atrás… e seremos muuuuito melhores daqui a alguns anos. Ainda é pouco… até pela nossa economia. Mas já somos muito respeitados.

Algumas vezes você já ganhou mais de $100 mil num único torneio. Como consegue se manter motivado para torneios que pagam “só” $5 mil, $10 mil ? E mesmo em relação a buy-ins, como ter motivação pra jogar torneios abaixo de $55, por exemplo:

A motivação tem que ser igual. Lógico que logo após a reta de Vegas por exemplo é difícil chegar e começar a jogar torneios em que a premiação é o buy-in que você tava dando. Normal, tem que se acostumar e ser mentalmente forte.

Thiago DecanoTodo mundo bate na tecla que MTT live é desfile de moda, que ninguém escapa, que não tem longo prazo e etc…
Na sua opinião é viável viver viajando e jogando sem outra fonte de renda? Ou você encara os mtt live (BSOP por exemplo que tem altos custos de viagem e impostos) como tiros, pra apenas buscar o big hit, pra angariar alunos e estar presente no “desfile” (não entenda como pejorativo se caso for esse o seu objetivo em jogá-los)?

MTT live desfile de moda? O longo prazo é muito menor no live do que no online em termos de número de jogos. O que você tem que fazer é bater o field, só isso. E o field do live, principalmente na América, é muito mais fácil do que no online.

Claro que há custos e temos que colocá-los no papel. Mas é lógico que o ser humano prefere botar a culpa em outra coisa que não em si pra justificar o fracasso. Esse “todo mundo que bate na tecla” fez quantos coachings esse ano? Assistiu quantas horas de vídeos com os melhores jogando com as cartas abertas em 2016? Abriu uma empresa pra poder pagar menos impostos? Jogador de poker é preguiçoso, irresponsável e orgulhoso. Quantos jogadores abriram cavalada pro BSOP Millions? Pelo menos uns 20 me pediram pra comprar cotas. Eu fiz a eles as perguntas acima, começando pela abertura da empresa. Não preciso nem dizer que eu nem chegava a fazer a segunda pergunta.

Qual o próximo brasileiro a ganhar um bracelete?

Eu! (risos) Bom, há uns 20 top players no Brasil que teriam perfeitas condições técnicas! Mas na vida, o mais difícil é a gente saber o que quer. Se você realmente quiser um bracelete não vai ligar de estudar, fazer coaching caro, ver centenas de horas de vídeo dos principais jogadores live, não vai priorizar a questão do pesado imposto de Vegas, não vai ficar fazendo conta de ICM na mesa final ou vendo qual o próximo money jump. Estará preparado mentalmente e fisicamente pra aguentar 45 dias de poker direto, vai ver quem é quem no seat draw do dia 2 e 3 antes de dormir, mesmo depois de 10 horas jogando poker.

Se jogar cavalado, tenha respeito e gratidão pelo seu investidor que acredita em você. Um bracelete é antes de tudo merecimento. Tem uma expressão que curto muito: “bracelethunting”. O Phil Hellmuth é o cara que mais tem isso. Posso estar falando besteira, mas não o vejo em FT de EPT, PCA ou outra coisa que não seja WSOP. Acho que tem uma porrada de gente tecnicamente melhor… Mas ninguém quer tanto um bracelete como ele. Tem que querer! E isso, pelo menos em 2015, vi pouquíssimos brasucas realmente querendo. E foi nosso melhor ano, hein?!

Até que ponto ter sorte é um fator determinante em torneios?

A sorte está em tudo na vida. Você teve seus pais até que idade? Eles te mimaram demais ou em algum momento deram mais atenção ao trabalho que a você? Algum deles teve problema alcoólico e te batia? Você tem sua saúde perfeita? Você pôde estudar no melhor colégio? Quando você fez a entrevista pro emprego dos seus sonhos tinha um filho da mãe nerd dum candidato melhor que você? Ou esse mesmo cara queria ser jogador de poker e faltou na entrevista? Seu time chutou 3 bolas na trave e perdeu o campeonato? Ou chutou uma que quicou no morrinho artilheiro? Você foi jogar o seu primeiro BSOP da vida e o Ariel Bahia tava na sua esquerda? A mesa quebrou logo? O tiozão que tava na mesa e flipou com o Ariel tirou ele do torneio? Você acaba de cair de 20 pra 14 BBs e isso fez com que na mão seguinte você dobrasse com AA… e se o seu oponente tivesse visto que vc tinha 20BBs ele nem entraria na mão?

Quando vamos pra uma prova difícil, pra uma entrevista de emprego ou pra mesa final do BSOP, nossos amigos nos desejam boa sorte. Sorte é fundamental em tudo. E tem mais sorte quem se prepara melhor.

Cite um momento importante da sua vida que talvez tenha sido um divisor de águas e que você acha que vale a pena compartilhar (especificamente sobre vida/reflexão sobre vida).

Não sei se pode chamar de um divisor de águas, mas abandonar uma carreira de nove anos no Banco do Brasil, largar último semestre da faculdade pra se dedicar a uma paixão, que poderia dar certo ou não, é um grande risco. Digo aos meus alunos: “pra você ganhar grandes coisas, terá que correr grandes riscos. Não tem jeito, é proporcional.”.

Se eu pudesse dar um conselho para um filho ou amigo, seria: “faça o que você ama fazer e corra riscos. O mundo é pequeno pra quem pensa pequeno e infinito pra quem quer fazer a diferença.”

 

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