Entrevista – Felipe Mojave Ramos

Entrevista MojaveDanilo Telles: Hoje entrevistamos um dos maiores jogadores de poker do Brasil, que tem diversas premiações em grandes torneios internacionais, como um 6º lugar num evento do WSOP, Felipe “Mojave” Ramos. Quem é o “Mojave”?

Felipe “Mojave”: Tenho 26 anos e moro em São Paulo, mas vivo viajando muito, tanto para jogar os torneios quanto cash games. Ultimamente tenho passado muito tempo entre Los Angeles, Las Vegas e São Paulo. Sou natural de São Bernardo do Campo – ABC Paulista.

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Minha principal atividade fora do poker é escrever. Eu dedico um bom tempo por dia a isso. Depois disso tento me dedicar um pouco à música e as atividades físicas, como futebol, academia e agora venho treinando bastante golf.

Tenho um relacionamento a cerca de um ano com a Marianela Pereyra que é uma pessoa muito especial que me ajuda muito e isso me faz um bem tremendo. Muitas pessoas a conhecem da TV, pois ela foi apresentadora da MTV americana, mas claro que é mais referente ao programas de Poker como o WSOP na ESPN, Poker After Dark, EPT e LAPT’s também.

Danilo Telles: Há quanto tempo você joga poker? Seu início foi difícil? Como você construiu o seu bankroll?

Felipe “Mojave”: Eu jogo Poker desde o final de 2006.

Meu início foi muito tranqüilo. Eu trabalhei numa multinacional por 6 anos, então não tinha muito tempo para jogar e o Poker para mim era mesmo um passatempo com amigos. Me interessei pelo negócio e comecei a jogar torneios na internet (dinheiro fictício) e caçar alguns torneios ao vivo e foi quando eu conheci o Texas Tatuapé (extinta casa de São Paulo).

Lá eu realmente tive meu início, pois o jogo que jogávamos não tinha muitas regras e era mais mesmo uma reunião entre amigos. Como eu não tinha muito tempo eu jogava sit and go’s de 1 ou 2 mesas na maioria do tempo que ficava por lá e logo depois resolvi jogar alguns torneios, lembrando que até então os buy-ins eram grátis ou não passavam de R$ 20.

Com alguns bons resultados no início e me esforçando muito pra entender o jogo (pesquisando, estudando, perguntando) eu jogava ali todos os torneios regulares da casa e fui tendo uma boa seqüência de resultados. Depois de juntar um modesto BR eu depositei certa quantia online para começar a jogar, mas principalmente interessado nos satélites para torneios ao vivo. Notem que o meu início no poker foi LIVE e não ONLINE e talvez eu tenha sido mesmo a última geração que iniciou jogando poker assim. Tudo isso ocorreu no começo de 2007. Pessoas que me ajudaram muito no começo foram Rodolfo Dobbins, Willian Bernardino, Luciano Lutkus, José Bed, Fernando Grow e Robinson Quiroga (Robigol). Hoje graças a Deus tenho incontáveis amigos, parceiros e grandes amigos no poker, mas também existe muita gente que sumiu por diversos motivos pessoais ou profissionais e/ou tomou decisões erradas e não fazem mais parte da nossa turma infelizmente.

Foi então que ganhei uma vaga online para um grande torneio realizado no Omega Clube (extinto também, comandado pelo meu grande amigo Robigol) e em meio a muitos jogadores experientes cheguei à mesa final e terminei em 6o. lugar. Me lembro que ali estavam Salim Dahrug, Eric Mifune, João Marcelo, Willian Bernardino, Eduardo Parra, etc, e todos esses caras que estavam na FT eram considerados grandes jogadores.

Logo na seqüência ganhei mais um satélite online, mas desta vez para o BSOP RJ, sendo que cheguei novamente à mesa final e terminei na mesma 6ª. colocação, com grandes e experientes jogadores nessa FT também como Sérgio Braga, Vicenzo Camilotti, Rodolfo Dobbins, etc.

Nesse momento, depois de 6 meses apenas de conhecer o poker eu tinha construído um BR em torno de R$ 25.000, do zero, lembrando que o meu volume de jogo era muito pequeno mesmo, pois ainda trabalhava arduamente. Nunca misturei meus rendimentos do trabalho com dinheiro do poker.

Um ponto interessante de se observar é que o Poker entrou na minha vida no lugar da música e depois que eu terminei a minha faculdade. Eu era um músico que me apresentava com minha banda nas horas vagas entre trabalho e faculdade. Assim que eu terminei a minha faculdade de Administração de Empresas e Marketing, meus planos eram de aumentar as atividades com a minha banda. Cheguei a fazer isso e a ter um bom retorno, mas foi então que conheci o Poker e me apaixonei realmente por esse esporte. Conforme os resultados foram surgindo a música ficou de lado e passei a me dedicar nas horas vagas integralmente ao poker.

Jogando então com mais regularidade fiz algumas mesas finais na seqüência como Circuito ABC, Circuito Paulista, 100K Rio e outros torneios, quando em Agosto venci a etapa de São Paulo do BSOP e em seguida ganhei também com meus amigos Fernando Grow e Bruno Foster o Nordeste Poker Fest. Realmente foi um começo bem meteórico. E devido esse destaque foi que eu consegui o meu contrato de patrocínio com o BestPoker por 1 ano até o final do WSOP 08 (serei eternamente grato ao pessoal do Best: Luis, Guga, Daniel e Henrik).

Danilo Telles: Você se considera um jogador tight ou loose? Quão agressivo?

Felipe “Mojave”: Falando de No-Limit Hold’em meu estilo de jogo é considerado “Erratic”, ou seja, varia muito de acordo com as condições de jogo no geral e eu também o considero assim. Posso variar demais e ser muito tight se eu julgar necessário. Normalmente as pessoas me consideram “over-agressive”, mas isso é um título que é fruto de vídeos e situações publicadas na mídia onde eu tenho uma boa condição de agressão em torneios e onde realmente eu sou muito agressivo mesmo. Acredito que esse perfil realmente está comigo na maioria das vezes que sento pra jogar. Me considero um jogador tight-agressive em Pot-Limit Omaha e HORSE. Já no poker online sou um jogador mais controlador, manipulativo e matemático, assim como nos cash games.

Danilo Telles: Quais são as suas maiores qualidades no game?

Felipe “Mojave”: Segundo meus amigos dizem é a coragem. Acho que não tenho medo mesmo de me envolver em potes grandes e situações desafiadoras. Já no meu ponto de vista eu acredito que é a força de vontade e a criatividade. Ela estimula a minha técnica e melhora vários conceitos muito importantes como a leitura de jogo. Eu estudo bastante também.

Danilo Telles: Qual foi o seu melhor resultado jogando poker?

Felipe “Mojave”: Até hoje com certeza o meu resultado mais expressivo no poker foi a mesa final no WSOP de 2009 no evento de 5k Pot-Limit Omaha num dos fields mais sinistros que eu já vi. Foi a melhor apresentação da minha carreira e ali pude sentir que eu estava num nível muito forte pra jogar contra quem quer que fosse. Nunca corri bem no torneio. Fiz jogadas memoráveis e inimagináveis em diversas situações de muita pressão e só eu sei o que eu passei naquele torneio (talvez o Tevez que me acompanhou que nem um carrapato tenha sentido isso também, a quem aproveito pra agradecer aqui).

Mesmo se eu tivesse um bracelete no braço ou um grande título na carreira eu ainda comentaria que esse torneio foi o meu melhor resultado jogando poker, pois consegui alcançar um 6º. lugar muito honroso devido à todas condições complicadas que eu estava inserido ali. Outro fato que sempre pesa muito e ali pesou muito mais é sempre o fato dos meus amigos me desanimarem frente à eventos onde o field tem um nível e um bankroll muito forte. Eu entendo o porque disso, mas tem uma hora que você precisa evoluir e ali era a hora. Pude provar o bom jogador, guerreiro e batalhador que eu sou e mostrar que todo bom jogador tem um começo e precisa lutar muito pra construir sua imagem e reputação (coisa que eu venho progredindo aos poucos).

Apesar de ser recordista brasileiro em quantidade de premiações no exterior e já ter puxado um pote maior que $100k no cash game PLO, acho que as 3 mesas finais em Omaha no ano de 2009 no FTOPS, WSOP e WCOOP dão uma credibilidade especial ao meu currículo.

Danilo Telles: Você já teve um mês “down” no poker? Como foi essa experiência?

Felipe “Mojave”: Já tive sim e momentos bem difíceis. Hoje esse mix entre torneios, cash games e várias modalidades que eu jogo me ajuda muito, pois o mês que estou consideravelmente mal nos torneios precisa ser em várias modalidades e ainda assim tem o cash game pra me salvar no final das contas e vice-versa. Em outras palavras meu investimento está diversificado.

Meu planejamento hoje é anual com ajustes trimestrais e ainda não tive a infelicidade de fechar um ano “down” e espero não ter por toda minha carreira, se Deus quiser.

Ter um patrocinador é extremamente importante e ajuda muito a diluir os riscos e obter novas oportunidades para aumentar os resultados.

Danilo Telles: Como é a sua rotina atualmente?

Felipe “Mojave”: Não tenho uma rotina fixa. Minha rotina é dividida em pequenas rotinas ou grupos de acordo com as minhas atividades. Por exemplo, na época do WSOP minha rotina era jogar um torneio live a cada 3 dias e neste meio tempo, caso fosse eliminado, de 8 a 12 horas de cash game live por dia até o próximo torneio. Depois dessa rotina entrei numa próxima rotina quando voltei para o Brasil que era academia, corrida ou bike, de tarde para a noite uma sessão longa de poker online e se fosse bem ficava em casa, se fosse mal saia a noite pra jogar cash game ou torneio. E assim minha rotina vai variando.

Nesse meio-tempo entre as muitas viagens para os torneios também cuido de alguns projetos e das minhas atividades como embaixador do PartyPoker para a América Latina.

Danilo Telles: Qual(is) jogador(es) estrangeiros você admira e por quê? E brasileiros?

Felipe “Mojave”: Admiro poucos jogadores no cenário mundial, pois vejo que eles são muito fracos no quesito “geral”, ou seja, essa mistura de bom jogador com negócios, personalidade e educação física-alimentar é muito complicada.

Pra mim não existe o cara ser um gênio no poker e um idiota nas demais coisas que influenciam na sua carreira, pois a questão aqui é ser um bom profissional de poker e não um bom jogador de poker.

Meus jogadores favoritos são Patrik Antonius e Daniel Negreanu, depois Jason Mercier e John Juanda.

Já no Brasil eu admiro realmente quase todos os brasileiros que vivem desse nosso maravilhoso esporte, porque pra conseguir algo por aqui, meu amigo, tem que ser um guerreiro mesmo e correr atrás dos seus objetivos com muito empenho. Todos, sem exceção, tomaram decisões complicadíssimas pra seguir no poker e cada um seguiu o seu caminho de acordo com o seu perfil.

O Igor Federal, apesar de ser um jogador extremamente talentoso, preferiu tomar a rédea dos negócios (mas eu ainda torço para que um dia que ele volte com tudo para as mesas depois de cumprir seus objetivos para o momento).

O Leo Bello, que é um bom jogador na minha opinião, decidiu jogar menos e tocar mais os seus projetos como organizador e escritor. Assim como o Leandro Brasa, que apesar de ser muito bom, também não tem um volume de jogo muito apurado por tocar projetos de organização e clubes.

O André Akkari é um grande exemplo por tudo que ele faz pelo poker brasileiro e a pessoa maravilhosa que ele é. Além de ser um jogador muito bom, consegue manter um ritmo forte e tocar muitos negócios também. Christian Kruel também, assim como Raul Oliveira.

O Alexandre Gomes me surpreende pelo quesito concentração e confiança, assim como o Thiago Decano é um jogador muito técnico e com uma disciplina que eu nunca vi igual. Com certeza são 2 grandes jogadores.

Percebam aí que todos esses jogadores tomaram uma grande decisão na vida pra continuar com o poker e depois, dentro do poker, também tomaram as suas diretrizes.

William Arruda e o Caio Brites são muito inteligentes e depois de alguns ajustes que o tempo já está exercendo sobre eles são jogadores que vão despontar internacionalmente, assim como outros jogadores mais novos e outros não tão novos assim mais muito bons (Rafael Caiaffa, Eduardo Marra, Caio Pimenta, Mestre Filipe, João Mathias, Renan Bruschi, Rafael Bryan, Norson Saho, Leandro Amarula, Marco Salsicha, Armando e Victor Sbrissa, André Dex, Diogo Vilela, Eduardo Pitombo, Marcelo Urubu, Ivan Santana e outros que eu observo e não conheço) que eu vejo muito talento pro poker, mas pouca dedicação e disciplina, em alguns. Outros mais antigos no jogo eu espero que ainda sejam muito felizes no poker porque são jogadores inteligentes em diversos sentidos, cada um na sua praia, como Sérgio Braga, Robigol, Fábio Deu Zebra, João Marcelo, Rafael Vieira, Sérgio Penha, Fernando Grow, Salim, Victor e Vinícius Marques, Rodrigo Zidane, etc. Essa turma entende muito de poker, mas cada um segue seu destino de uma maneira diferente e deve ser respeitado.

Tem muita gente que eu admiro demais no poker como bons jogadores e exemplo de vida e não vou correr o risco de esquecer o nome de ninguém aqui. Todos que são meus amigos sabem o apreço e consideração que eu tenho por eles.

Não posso esquecer dar mulheres, que naturalmente tem uma dificuldade maior pra entrar no poker. A Maridu entende bastante do jogo na minha opinião, Flávia Bedran, Alessandra Braga e agora a Vanessa Issas (com mesa final no PCA Ladies Event) vêm se destacando. Outras mais novas como a Dani Zapielo tem bastante feeling pro game e tem treinado e aprendido muito. Isso é muito importante para o sucesso no poker.

Vale citar também que eu admiro muito o pessoal que trabalha com poker no Brasil, tanto a turma da organização geral de torneios, como os diretores e dealers. Força galera, pois vocês são muito importantes.

Danilo Telles: Você já leu livros sobre poker? Quais lhe trouxeram mais benefícios?

Felipe “Mojave”: Já li muitos livros sobre poker, uma enormidade pra falar a verdade. Nenhum livro mudou a minha vida, mas a somatória de tudo que eu li realmente transformou e ainda transforma muitas vezes a maneira que eu penso sobre diversos pontos no poker.

Não vou indicar nenhum livro e quem quiser alguma indicação de algum conteúdo específico, pode entrar em contato comigo.

Minha dica aqui é, pra toda essa galera nova do online, tudo que vocês puderem ler do Alan Schoonmaker, depois vocês vão me agradecer.

Danilo Telles: Você usa algum software de poker? Se sim, qual?

Felipe “Mojave”: Já usei muito o Poker Tracker e hoje uso o Hold’em Manager. Extremamente importante para grinders e controle em geral, mesmo para mim que não uso muitas funções hoje do programa devido aos stakes e games que eu jogo.

Danilo Telles: – Se você tivesse que dar um único conselho para um iniciante, qual seria?

Felipe “Mojave”: Procure levar o jogo a sério. Se concentre quando for jogar e preste muita atenção na partida. Procure por informações, treine e estude bastante. Jogue dentro dos seus limites e horários e não deixe o poker destruir a sua vida pessoal e social. Poker também é muito divertido, reúne a família e os amigos, portanto não queira forçar a barra se o poker não for a sua praia, assim como você não tinha o menor cacoete para ser um cozinheiro, médico, etc.

Meu conselho pra quem deseja se tornar um profissional no poker é:

Procure estudar, se formar na faculdade e ter um bom estágio e/ou emprego junto com as suas atividades como jogador de poker. Mais pra frente, quando você tiver resultados sólidos no poker fruto do seu estudo, treinamento e prática, você vai se encontrar numa situação muito simples de decidir o seu futuro: Ou tem talento e muitos bons resultados para se manter e seguir em frente no poker ou tem uma formação acadêmica, um bom emprego e um belíssimo hobby. Poker não é igual futebol: Você nunca fica velho pra jogar poker na sua melhor condição, portanto, dê tempo ao tempo e não tome decisões precipitadas.

Danilo Telles: Se você tivesse que começar hoje do zero a sua carreira, com um bankroll de $150 dólares, como o faria? O que jogaria e em o que investiria? E se o bankroll fosse de $1000 dólares?

Felipe “Mojave”: Com certeza optaria por jogar sit and go single table no Party Poker. A galera comete muitos erros e não respeita o jogo nesse limite baixo. Começaria no buy-in de $3, ou seja, 50 buy-ins e continuaria ali até chegar no buy-in de $22. Com 1k no bankroll, faria manutenção nos sit and go’s desse limite e montaria uma programação de torneios com buy-in de $10 para alavancar.

Danilo Telles: Qual é o jeito mais rápido de aprender a jogar poker?

Felipe “Mojave”: Lendo, assistindo bons jogadores, vídeos, discutindo com os amigos e depois aplicando tudo isso nas mesas durante muitas horas de prática. E vai repetindo a dose. Se você puder ter aulas com um profissional ajuda muito a começar da maneira correta.

Danilo Telles: Você já fez alguma loucura com o dinheiro ganho jogando poker? Faria novamente? Como você gasta e administra as suas finanças atualmente?

Felipe “Mojave”: Já fiz muitas loucuras e babaquices sim. Basicamente gastei o dinheiro com coisas desnecessárias que pobre nunca teve na vida (muitos risos aqui), como carro, jantares caríssimos, pagar a balada da galera inteira, jogar em limites muitos mais altos que o meu bankroll suportasse, etc. Hoje sou uma pessoa muito mais controlada, se bem que eu nunca fui tão exagerado, mas não vou mentir também. O profissional de poker tem que tomar muito cuidado pra não perder a noção do valor do dinheiro. Graças a Deus isso nunca aconteceu comigo num ponto alto e tive a consciência de perceber antes que acontecesse.

Hoje tenho um bom planejamento para as minhas finanças e procuro seguir à risca. Disciplina é fundamental e eu que nunca fui um exemplo clássico de disciplina agora estou muito contente com o que eu fui capaz de perceber e aprender.

Danilo Telles: – O que você gosta de fazer fora do poker? Quais são seus hobbies?

Felipe “Mojave”: Gosto muito de música e esportes. Perco muitas horas carregando meu iPod de tranqueiras. Gosto muito de jogar futebol e já faz um tempo que venho praticando Golf que é um esporte sensacional. Sou um cinéfilo de primeira também. Chego a assistir 1 filme e 1 seriado por dia, fácil fácil. Gosto também de escrever textos e compor músicas. Leio bastante sobre os mais diversos assuntos, principalmente poker.

Danilo Telles: O que você pretende fazer daqui pra frente na sua carreira de jogador
de poker? Onde você se vê daqui a 3 anos?

Felipe “Mojave”: Meu objetivo é aumentar o número de torneios que eu jogo no circuito internacional, só assim vou conseguir manter um nível bom de jogo e buscar um grande resultado. Tenho a intenção de escalar para o High Stakes cash game online, não sei ainda quando começo firme, mas vai ser logo mais. Venho batalhando no live já e vou continuar trabalhando muito forte pra continuar subindo no live. Eu tenho essa vontade mais do que qualquer outro jogador e acho que esse jogo foi feito pra mim.

Estou conseguindo cumprir com os meus objetivos que eu planejei há 2 anos atrás para 2008, 2009 e 2010, por mais que audaciosos, espero conseguir manter e cumprir meu planejamento até o final de 2010 e para os próximos 3 anos depois de 2010, que ainda não fechei exatamente, mas grande parte eu citei acima.

Danilo Telles: Joga cash games online ou apenas torneios? De que modalidades?

Felipe “Mojave”: Joguei esporadicamente cash game online várias vezes, mas nunca com o planejamento e dedicação que eu tenho em mente de fazer num futuro muito próximo.

Danilo Telles: Qual é sua opinião sobre o poker nacional?

Felipe “Mojave”: O poker vai se tornar uma febre nacional, acredite em mim. Esse ano de 2010 vai mostrar isso bem claro pra todo mundo. O brasileiro é um povo muito inteligente e perspicaz, qualidades fundamentais num jogador de poker e vem trabalhando os seus defeitos (disciplina e estudo) com muito afinco de um tempo pra cá, já que temos grandes estrelas no nosso país fazendo bonito no esporte, dando o exemplo e contribuindo e compartilhando informação sobre poker com todos. Isso é um fator muito importante que vai alavancar o poker exponencialmente no Brasil.

Outro fator muito importante para este crescimento é que estamos conquistando o nosso espaço frente ao governo e a sociedade com o trabalho de grandes, responsáveis e capacitadas pessoas no comando e agora tornando as ações em oficiais com a CBTH (Confederação Brasileira de Texas Hold’em).

Com esse espaço se abrindo, cada vez mais o poker vai despontando. Hoje o nosso nível já é muito bom, temos realmente grandes jogadores de nível internacional e tudo indica que logo mais teremos muitos outros.

Danilo Telles: Como foi a aceitação da sua família com o poker?

Felipe “Mojave”: Eu tinha um emprego sólido numa empresa durante 6 anos e um excelente salário. Acho que só por essa primeira frase você já pode imaginar como foi essa aceitação lá em casa numa família tradicional de classe média-baixa.

Meu trabalho foi explicar pra todo mundo como é que o poker funcionava, o que eu já tinha conquistado e o que eu teria capacidade de conquistar. Minha sorte é que a minha família sempre me apoiou em tudo que eu fosse fazer na vida (com as suas devidas restrições totalmente cabíveis por parte de meu pai) e sempre me direcionou para os caminhos corretos (por mais que as minhas opções não fossem muitas, pois minha família é de classe média-baixa como eu comentei antes, batalhadora e humilde).

Hoje lá em casa quando se fala de poker é um grande motivo de orgulho para todos. Todo mundo joga e se diverte muito, fora que me acompanham 24h pela internet em todos os torneios que eu participo e nos falamos muitas vezes durante a semana.

Eu não tenho como descrever o quanto a minha família é maravilhosa e importante para mim, simplesmente pelo fato de não saber como fazê-lo. Ainda espero o grande dia de ganhar um grande torneio e poder dedicar para eles, isso é tudo o que eu quero na minha vida, além de dar uma condição melhor de vida para gente.

Danilo Telles: Você já jogou diversos torneios internacionais. Quem foi o melhor jogador que você enfrentou nas mesas?

Felipe “Mojave”: Poucos jogadores me surpreenderam, mas o nível internacional é muito forte e com certeza é nivelado por cima. Como eu disse anteriormente, Patrik Antonius e o Daniel Negreanu são o topo da lista pra mim. Eles são capazes de tudo, de fazer um belíssimo lay-down e de acertar o call da vida com K-high pra vencer um grande pote com propriedade. Eles manipulam os jogadores e os levam a cometer muitos erros, fator este que é pouco explorado pelos demais profissionais. Outros jogadores que me despertaram atenção por terem jogado muito bem enquanto estive na mesa foram Nam Le, JC Tran, Erik Seidel e William Thorson.

Danilo Telles: Como foi seu contato com o Party Poker?

Felipe “Mojave”: Ano passado na entrega do prêmio Flop 2008 um representante do PartyPoker esteve presente. Eles procuravam um representante para o mercado e eu estava entre os 10 melhores jogadores da América Latina (cotado por várias revistas e sites) e era um dos destaques. Fui o jogador com mais indicações para o prêmio (e não levei nenhum! lol) e dali em diante começamos a conversar sobre uma possível parceria. O caso andou muito rápido e recebi uma proposta para representar o site na América Latina que aceitei quase que de bate-pronto, pois era realmente uma excelente oportunidade para mim. Em outras palavras, meus objetivos casavam perfeitamente com os objetivos do site e com o que eles esperavam de mim, então foi um acordo perfeito.

Danilo Telles: Qual é seu papel como embaixador do Party Poker?

Felipe “Mojave”: Meu papel é representar o site em muitas frentes, seja como jogador (torneios, imagem, eventos, imprensa, etc) e como consultor/administrador propondo melhorias e ações para o site, especialmente para o mercado brasileiro e latino-americano.

Danilo Telles: Como foi sua experiência em Las Vegas? Está morando em Vegas?

Felipe “Mojave”: Morei em Las Vegas por 7 meses e decidi mudar para Los Angeles devido a ação nos cash games ser mais intensa e faço muito esse trajeto (sem contar que minha namorada é de Los Angeles). Ultimamente estou entre LA, Vegas e São Paulo, mas moro em São Paulo. Quero participar bastante do circuito no Brasil também e tenho muitos compromissos com o meu patrocinador, então não poderia ser diferente para o momento.

Danilo Telles: O que você acha sobre o que muitos estão dizendo que a rentabilidade no poker vai diminuir bastante em alguns anos?

Felipe “Mojave”: É claro que ao longo do tempo os jogadores vão aprendendo e se preparando melhor para jogar poker, mas eu não acredito que isso possa acontecer num médio prazo não, mesmo com o nível médio se elevando. Ainda tem muita gente que não liga para essa preparação e outros que jogam por prazer mesmo e sempre vai haver.

Não vejo isso como um problema para os profissionais e do jeito que as coisas andam não creio também que chegue a acontecer num longo prazo. Acho que isso tende a acontecer se a economia mundial realmente sofrer uma grande crise, assim somente sobrarão os grandes profissionais e jogadores estudando e se dedicando mais pra encarar o poker como uma profissão.

Uma coisa é o nível melhorar e outra coisa é o seu nível e capacidade frente ao nível geral. Os bons profissionais nunca vão parar no tempo.

Danilo Telles: Onde você aprendeu Omaha? O que sugere para alguém que não sabe nada de Omaha e tem interesse em aprender?

Felipe “Mojave”: Comecei minha vida no Omaha comprando alguns livros na internet e assistindo vídeos. Não sabia nada sobre a modalidade, assim como sabia muito pouco sobre Hold’em também. Iniciei praticamente junto com o Hold’em. Basicamente meu interesse por Omaha e os Mixed-Games surgiu quando vi uma entrevista do Daniel Negreanu dizendo que os bons jogadores precisavam ser completos e que o futuro do poker de cada um dependeria muito disso na opinião dele. Fora isso, os outros jogadores que eu admiro são grandes jogadores de modalidades extra-hold’em e todos sempre ressaltaram a importância de ser um jogador completo por diversos motivos.

Felipe “Mojave”: Eu entendi que isso para mim era muito importante também se eu quisesse seguir firme e sério no poker e comecei a estudar bastante e realmente sou um jogador apaixonado por Omaha e Mixed-Games. Desde então meu jogo evoluiu enormemente, inclusive no Hold’em. Não tive nenhum mentor não. Hoje temos grandes jogadores de mixed-games, basicamente a turma que participa do Circuito Brasileiro de HORSE são muito bons sim, posso afirmar que são e queria muito ver esses caras jogando mais poker.

Com a prática e o contato com bons jogadores da modalidade, assim como meu amigo Jason Mercier, Juliano Maesano e Fábio Deu Zebra, meu jogo foi se desenvolvendo. Posso te dizer que eu tenho uma técnica especial para esses jogos, pois eu jogo muito diferente de qualquer um desses citados, que são grandes jogadores com excelentes resultados.

Depois de um tempo, você até acaba sendo reconhecido por isso. Um exemplo foi na mesa final de PLO do WSOP’09 onde eu entrei de limp na mesa final do botão contra 2 bigstacks no Small e Big Blind. Quem estava de fora achou isso um crime e muita gente não entendeu nada, mas tudo funcionou muito bem de acordo com as estratégias que eu desenvolvi para várias situações e além disso, quando fui questionado fui muito elogiado pelas minhas respostas e pelo meu jogo na transmissão ao vivo pelo Robert Williamsom III (um dos maiores especialistas de PLO do mundo) que estava narrando a mesa final, pelo Cliff “JohnnyBax” Josephy, que jogou o torneio inteiro na mesma mesa que eu e muitos outros reconhecidos nomes do poker mundial como Sorel “ZangBezan” Mizzi e Noah Schwartz.

Danilo Telles: Algumas pessoas estão dizendo que o Texas Holdem é um jogo que está saturado, que o Omaha é o jogo do futuro. O que pensa sobre isso?

Felipe “Mojave”: Eu acredito nisso, apesar de achar que o Texas Hold’em não vai morrer nunca e ainda existe muito espaço pro Hold’em. Acho que as coisas vão caminhar em paralelo, mas definitivamente o Omaha vai crescer muito.

As pessoas sempre procuram por novidades. À partir do momento que as pessoas se saturarem das “novidades” (até pelo fato de não ser mais novidade mesmo), isso vai migrar para uma outra modalidade e assim vai. É uma tendência natural do ser humano.

A grande verdade é que as pessoas se fascinam pelo Omaha por toda ação que o jogo oferece, é um jogo dinâmico e que, se você quiser, pode encontrar uma boa justificativa pra se envolver em grandes potes, principalmente as pessoas com veias mais saltadas para a técnica, agressividade, emoção e adrenalina pois o jogo oferece tudo isso em níveis muito altos pra quem quiser explorar. Pra quem procura obter ganhos rápidos é o jogo perfeito (ou perdas rápidas, pois Omaha é um jogo de longo prazo, muito mais que o Hold’em por sinal).

Eu acredito que é muito mais fácil para mim sair vencedor num do jogo de Omaha hoje do que Hold’em. A grande maioria das pessoas escolhe o Omaha por causa desse último comentário que eu fiz (ganhos/perdas rápidas) e não conseguem perceber que o Omaha também é um jogo muito técnico e mais técnico que Hold’em quando jogado deepstack.

Vale mencionar que o jogo de Omaha no Brasil é muito fraco do ponto de vista técnico (realmente o pessoal não sabe jogar). Basicamente todo mundo vê o flop com qualquer mão e os jogadores acabam disputando quem acerta o nuts no flop. Esse jogo é totalmente diferente do Omaha no mundo e no online.

Existe muito espaço ainda pro Omaha, que na minha opinião só está começando. Torneios de Omaha programados para durar 3 dias acabam chegando na mesa final no mesmo dia, pois até as pessoas que acham que sabem jogar o jogo muitas vezes não sabem muito não, se envolvendo em potes de 100 big blinds num coin-flip no flop e a média na mesa final chega a 70 big blinds. Isso não tem nada a ver com o jogo bem jogado, deixando de explorar muitas outras complexas faces do mesmo.

Danilo Telles: Como foi a experiência de participar de uma mesa final do WSOP?

Felipe “Mojave”: Foi demais! Senti que eu estava cumprindo o meu dever e alcançando um objetivo que eu sabia que era possível chegar lá, pois eu estava preparado e acreditava muito nisso. Foi muito importante provar para mim mesmo que eu estava no caminho certo. Eu realmente tive chances de ganhar o torneio, fiz um torneio maravilhoso e todas as situações decisivas eu fui favorito com edge considerável médio-grande em PLO para vencer. Foi uma pena mesmo, inclusive a mão que eu fui eliminado na mesa final era um 70-30 pré-flop e um belíssimo 9-1 no flop em meu favor. Sei que vou ter outras oportunidades e vou lutar muito pra chegar lá novamente.

Danilo Telles: Quais os próximos torneios internacionais que pretende participar representando o Party Poker?

Felipe “Mojave”: Vou participar de todos os LAPT’s e os eventos que o PartyPoker patrocina. Fora isso, ainda não decidi quais eventos vou participar com exceção do WSOP Main Event, vai depender da minha agenda, já que estou cuidando de outros projetos em paralelo.

Danilo Telles: Como você conheceu o MaisEV? E que parte(s) do MaisEV você mais
gosta/freqüenta e porquê?

Felipe “Mojave”: Conheci o MaisEV através de um amigo e não foi da melhor maneira possível. Ele me chamou no MSN e disse: Tem um fórum de poker te malhando o dia inteiro e seria bom você ir lá e se defender, não acha?

Tirando esse fato chato (por mais que eu entenda e respeite a opinião de todos, até porque o fórum é pra discussão mesmo), eu acho ainda que existe muita gente que opina em fatos que desconhece ou conhece muito pouco, ao invés de ler, interagir e aprender. Mas isso é até um certo ponto natural. Eu sou passível de muitos erros (muitos que já assumi publicamente) assim como todos seres humanos e não espero que ninguém pegue leve comigo não, mas respeito é bom.

Pouca gente sabia que além de jogador de torneios eu sou um profissional de live cash (e estou me preparando como ninguém está para alçar vôos muito altos) e a galera do site é mais ligada a cash game, se bem que isso vem mixando bastante porque eu acompanho o fórum.

Leio pelo menos 1 vez por semana o fórum e minha parte favorita é ver a galera discutindo sobre mãos num nível muito bom e as histórias da galera nos churrascos e aventuras por aí. Tem uma galera muito boa mesmo que freqüenta o fórum e é fácil de perceber isso, por isso que eu continuo participando e vou procurar participar mais.

Danilo Telles: Mande uma mensagem aos usuários do MaisEV.

Felipe “Mojave”: Queria agradecer a galera que acompanha a minha carreira e torce por mim. Vou continuar batalhando pra elevar o nome do poker brasileiro no exterior e desenvolvendo o poker em nosso país em diversas esferas. Quem quiser acompanhar, por hora, basta acessar o meu blog do PartyPoker que é www.partypokerbrasil.com e os twitters @FelipeMojave e @PartyBrasil. Novos projetos vem aí em 2010.

Sigam firme e forte estudando e discutindo sobre poker e se eu puder ajudar em algo, basta abrir um tópico e me avisar que eu venho e participo.

Recomendo fortemente para o pessoal que não joga no PartyPoker abrirem a sua conta, já que o site hoje se redesenhou com um software muito bom, rakeback de até 40% e grandes promoções e satélites de nível mundial e promoções locais como o Mojave Bounty Freeroll e o Desafio Mojave. O PartyPoker é uma grande sala de poker para todos os tipos de jogadores hoje e está se desenvolvendo e investindo cada vez mais no Brasil. Aguardem grandes novidades em 2010.

Para maiores detalhes sobre bônus, promoções e qualquer outro detalhe sobre o PartyPoker basta entrar em contato comigo que vou ter o maior prazer em atender a todos e esclarecer diversos problemas e dúvidas.

Grande abraço e boa sorte galera.

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