E pra onde vamos agora?

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Parabéns senhoras e senhores, a gente conseguiu! Mas o que vamos fazer agora? Existem muitas demandas e nem todas elas são passíveis de serem cumpridas. Não tem como ficarmos na rua até acabar a corrupção, ela é endêmica, faz parte do sistema. Como a gente pode acabar com isso?

Em primeiro lugar, acredito que a gente deva se unir, quem é de esquerda entender a demanda de quem é de direita. Eu já vi argumento dizendo de forma pejorativa que tem gente reclamando pra poder comprar PlayStation a mil reais. Isso não é uma demanda injusta. Entender por que um produto que custa 800 reais fora do país chega aqui a 2000 mil reais ajuda a entender o porquê dessa insatisfação geral.

Quem é de direita deve entender que não existe meritocracia, que se quisermos nos desenvolver como nação, a gente precisa ajudar quem ficou pra trás por diversos motivos ao longo da história do país. Ficar de beicinho porque o governo gasta dinheiro com o bolsa família (não estou dizendo que o bolsa família é a solução) dá margem pra achar que a sua demanda, que se adéqua à sua realidade, é fútil.

A questão é que TODOS estão insatisfeitos, pobre, rico, negro, branco, gay, héteros, isso todos nós temos em comum. As ruas foram tomadas por todos os tipos de pessoas e o que todas essas pessoas têm em comum é a vontade de viver em um país melhor, que funcione, que seja mais justo, que tenha menos crime. Seja você de direita ou de esquerda, a não ser que você seja muito extremista, eu tenho certeza que você não acha errado ser rico e não acha certo ser pobre. Vamos guardar esse pensamento.

A gente vive em uma democracia. Não estamos mais no século 18 para o protesto terminar em decapitação. Não estamos mais em 1964 pra terminar em golpe militar. A gente precisa pensar no fim dessas manifestações e em como isso vai de fato mudar a nossa vida pra melhor. Temos a democracia mais consolidada da América do Sul, então, de cara, esse papo de fora Dilma, fora Alckmin, de cara, está descartado. Por mais que você não goste de um governante, se ele é eleito democraticamente, nada te resta fazer a não ser aceitar o mandato, salvo algo excepcional. Se a gente quer fortalecer a nossa democracia, o caminho do golpe não dá pra seguir.

Para que a gente não se perca, precisamos nos unir como cidadão, entendendo as demandas, sejam ela de esquerda, ou de direita e precisamos redefinir alguns pontos na nossa democracia, que por ser muito jovem, ainda precisa amadurecer.

Apesar de termos uma democracia consolidada, ela ainda não é, de fato, uma democracia, embora ela se pareça muito com uma democracia. E parte da insatisfação geral é bem por causa disso. Em uma concepção mais ampla, democracia é igual à vontade da maioria, isso bem a grosso modo, mas podemos utilizar esse conceito pra seguir adiante. O problema é que, nesse momento, a gente está subjugado a uma minoria. Calma, que isso nada tem a ver com conspiração e nem é contra o capitalismo, mas, sim, a gente está subjugado.

Como eu disse, a nossa democracia é jovem. Elegemos nosso primeiro presidente em 1985, há apenas 28 anos e é natural que se cometa algumas falhas no caminho e que alguns resquícios da ditadura continuem. Cabe à população detectar esses problemas e trabalhar em cima disso.

O maior problema do nosso país é a corrupção, sem sombra de dúvidas. Mas resolver a corrupção é a última coisa a se fazer, a corrupção é consequência de um sistema em desenvolvimento, então é necessário colocar a nossa democracia em um caminho mais justo e, naturalmente, combater a corrupção se tornará mais fácil.

O primeiro ponto falho da nossa democracia é a maneira pela qual os candidatos são eleitos. Hoje, um candidato gasta MUITO dinheiro pra ser eleito, entre material de campanha, televisão, viagens, vai-se uma soma sem fim (fazer pesquisa) que é tratada como investimento, não como doação. Quem gasta esse dinheiro o faz esperando que depois de eleito, o candidato lhe dê um retorno muito maior do que o dinheiro investido. Desse modo, não se pode esperar que um candidato eleito, seja qual for seu cargo, vá ter como prioridade o eleitor. O compromisso dele é com quem de fato o elegeu, o investidor.

Pra ser eleito um candidato precisa de alianças, majoritariamente, pra ter tempo de televisão e com o intuito de também conseguir votos em cidades e Estados, essas alianças também não são feitas por ideologia, elas são um investimento. O candidato que perde no primeiro turno, perde com uma porcentagem de votos e quanto maior essa porcentagem maior o poder de barganha dele em uma aliança, dado que o eleitor que teve seu candidato derrotado é muito propenso a votar no candidato que a sua primeira opção seguir. Pra dar um exemplo, quem votou no Chalita aqui em São Paulo, ficou muito mais propenso a votar no Haddad no segundo turno, uma vez que o apoio do Chalita foi pra ele. Nesse cenário, também é besteira achar que o candidato eleito vai ter alguma consideração por nós, eleitores.

Quem tem um papel majoritário na eleição de um candidato é a televisão. Nós temos uma tevê aqui que detém uma fatia enorme da audiência nacional. Isso é um poder absurdo, que com a internet começa a se dissipar, mas que ainda é muito poderosa e num sistema em que o lucro justifica tudo, é ingenuidade pensar que a televisão (que não nos esqueçamos, é uma concessão pública) não vá usar esse poder em benefício do seu lucro.

Então, pra ser claro, um candidato, pra ser eleito, precisa de muito dinheiro, alianças políticas e apoio das grandes mídias, mesmo as escritas que ainda têm uma influência muito grande na classe média. Dinheiro que vem do setor privado, alianças com outros partidos, independente da ideologia política e apoio de mídia televisiva e escrita.

E o seu voto? O seu voto é só a soma dessa equação. Se você não vota baseado na propaganda política e não vota baseado na opinião da mídia fatalmente você vota no partido político, a gente não vota em ideologia, a gente vota em maquiagem de ideologia. Agora você tem duas opções, voltar e tentar entender o que eu estou dizendo ou entrar em negação e se achar superior a isso tudo e dizer que seu voto é mais consciente. Mas isso não muda o cenário atual.

Um governante eleito tem compromisso com investidores, alianças e mídia, lá no fim, quando não entra em contradição com esses 3 poderes, ele faz alguma coisa pelo povo.

Seja qual for o seu partido, se ele chegou ao poder, ele está comprometido com esses 3 poderes e não com o povo que o elegeu.

É eu sei, é uma situação que desmotiva.

Isso é o começo de um sistema que tem um círculo vicioso que fatalmente leva à corrupção. O candidato pra ser eleito, precisa ser corrupto pra começar a entrar no jogo, daí em diante, já perdemos, não adianta cobrar, prender, impugnar, quem entrar no lugar, vai ter os mesmos compromissos, investidores, alianças, mídia.

Pra dar o exemplo dos transportes. Esse é um setor extremamente nebuloso, as empresas de ônibus NUNCA são cobradas. A gente foi pra cima do governo que nos deu o preço que pedíamos sem, em nenhum momento, exigir qualquer prestação de contas ou questionar as empresas, inclusive com a ameaça de que o preço será diminuído sob a pena de cortes em investimentos. Teremos uma renegociação do contrato de concessão em breve, isso vai ser aberto ao público? Isso vai atender os interesses públicos? Eu já te respondo: com certeza, não. A mídia nesse caso? Não é interesse nosso saber por detalhes, números, condições, lucro desses contratos? Mas não, provavelmente no próximo globo repórter a gente vai assistir alguma reportagem sobre o pantanal.

O cenário atual então é: empresas que colocam o lucro acima de bons serviços, governantes que tem obrigações com essas empresas, com outros políticos e com a mídia e uma mídia que antes do compromisso jornalístico, tem o compromisso de continuar atendendo aos seus interesses financeiros. Um canal de televisão dificilmente vai tratar mal seu cliente, fazendo reportagens que sejam desfavoráveis a eles.

No meio disso tudo, a polícia, que antes de servir o cidadão, serve ao Estado.

Nesse contexto, não tem como nos dividirmos, não dá pra separar a população entre pobres e ricos, somos todos brasileiros. Como eu disse no começo, você que é de esquerda não deve achar errado ser rico, você que é de direita, não deve achar que é aceitável viver na miséria.

Eu não acredito em solução drástica, “Vamos virar socialista!” “Vamos ser completamente liberais”. Não, nenhum dos dois vai ser feito agora, existem prioridades. Primeiro, vamos consertar a nossa democracia, sem radicalismos, sem deixar ninguém pra trás e com uma democracia real, que a maioria decida qual o melhor caminho pro país.

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