Leques de Mãos e Chances de Levar o Pote

No primeiro curso de holdem que fiz, eu começava falando que poker se resume a leques (ranges) de mãos e pot odds (chances relacionadas ao tamanho do pote e das apostas).

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Por mais criativos que a gente seja, sempre vai ser assim, e é por isso que é tão importante discutir e analisar mãos. Treinar fora das mesas é a maneira mais rápida de melhorar essas habilidades, portanto acho bem justo começar meus artigos no MaisEV por esse assunto.

Vou utilizar estatísticas do Holdem Manager e alguns outros programas para analisar a fundo a mão. Não se preocupe se você ainda não estiver muito familiarizado com eles, com o passar do tempo vou englobando o básico desses programas em outros artigos. Vamos à mão:

Estamos jogando NL100 (blinds $0.50/$1), todos foldam até o vilão no botão, que abre aumentando para $2.20. Small blind folda, e o herói no big blind tem A 9. O valor da aposta do vilão é baixo, e sua estatística de “raise first” no botão está em 43% (raise first é quando todos foldam até o jogador, e ele abre o pote aumentando). Ou seja, o leque de mãos do vilão é bem aberto e fraco, provavelmente contém vários ases e noves que dominamos, portanto o herói paga a aposta para ver o flop.

Possivel range de raise first no botão do adversário:
22+,A2s+,K2s+,Q5s+,J7s+,T7s+,97s+,86s+,75s+,65s,54s,A2o+,K7o+,Q8o+,J8o+,T9o

O flop vem T 9 4, dando ao herói um par médio com backdoor flush draw (se vier uma carta de ouros no turn temos o flush draw). É importante notar também que temos 5 outs bem fortes para dois pares e trio. O herói depois de considerar sua equidade no pot, resolve jogar a mão por seu valor de showdown (vendo o showdown, bate blefes do adversário), então dá o check já esperando a continuation bet do vilão no flop.

Agora a jogada começa a ficar complicada. No board há muitos draws possíveis, e a maioria dos jogadores regulares não gosta de cbetar muito light nesse tipo de situação. Nosso vilão tem 62% de cbet “no geral”, portanto nesse board ele deve cbetar ainda menos. Se considerarmos o leque de mãos que ele tem de raise first (43%) e a forma como esse leque se conecta com o flop, ele terá cerca de 51% de cbet, se apostar com:

Mãos feitas: pares médios ou melhor (26%)
Draws: gutshots ou melhor (25%)

O vilão finalmente cbeta $3 no pote de $4.90, ou seja, um pouco menos que 2/3 do pote. Vamos precisar de cerca de 38% de equidade (3/3+4.90) para continuar. Temos 48.9% contra o leque de mãos que assumimos que ele cbeta, portanto podemos pagar a aposta.

No turn cai 5 e continuamos com o mesmo plano. Damos check, e o vilão aposta $7.50 no pote de $10.90. Temos que utilizar o mesmo raciocínio anterior. Assumir um leque de mãos para o vilão e calcular se temos equidade o suficiente para continuar na mão. Vamos precisar de cerca de 40% de equidade.

A maioria dos adversários hoje em dia continua apostando o turn com blefes que tem uma boa equidade, como flush draws, straight draws, e até gutshots. Se assumimos que ele é capaz de continuar apostando com todos esses draws e par alto ou maior poderemos dar o call, já que teremos cerca de 44% de equidade. Se tirarmos apenas o gutshot da equação, já é marginal continuar, pois vamos ter apenas 36% de equidade.

Não temos como saber exatamente qual a range de continuation bet turn do adversário, nem mesmo com estatísticas.  Portanto ainda acho interessante continuar com a mão, pois alguns jogadores podem dar check com alguns pares altos ou apostar mãos até piores que um gutshot. Em ambas as situações o leque de mãos que aposta o turn seria enfraquecido, aumentando nossa equidade.

Podemos levar em consideração também possíveis “implied odds”, ou seja, bater nossos outs no river e ganhar ainda mais dinheiro. Nesse caso é bem provável que isso aconteça se vier um ás no river, já que muitos jogadores agressivos gostam de continuar blefando quando caem cartas altas.

É importante notar que quanto mais perto do showdown nós chegamos, menores ficam os leques de mãos, e consequentemente mais fortes. Então não é porque você pagou o flop que deve pagar turn e river, já que a cada aposta, a cada street que passamos, dificilmente o adversário vai continuar apostando com o exato mesmo leque de mãos que apostou o flop.

É exatamente isso que acontece quando cai 4 no river e ele aposta $15 em um pote de $25.90. Dicilmente ele vai ter um trio, na verdade nem assumimos que ele aposta o flop com um 4 na mão, mas também é difícil assumir que ele está blefando, já que o 4 não é uma carta que nos “assusta”. Como o call no turn já era marginal, não preciso nem fazer as contas para saber que o call no river dificilmente será correto. A única maneira do call ser bom seria  o adversário ter  a tendência de apostar muitos draws que não bateram, e ao mesmo tempo dar muitos checks para controlar o pote com mãos feitas, do tipo par alto kicker baixo, mas isso dificilmente vai acontecer. Nesse caso entrariam leituras específicas e histórico recente de jogo versus o vilão. Como até o momento não temos histórico com o adversário, foldamos.

Geralmente quando vamos discutir ou calcular alguma jogada, somos obrigados a desconsiderar uma série de detalhes para isolar o problema, senão pode ser impossível resolvê-lo. Nesse artigo desconsiderei possibilidades como 3betar preflop, dar c/r no flop, donkbets, c/shove river, reverse implied odds, nossas próprias estatísticas e imagem na mesa. Como exercício, pense em como nosso processo de decisão poderia mudar incluindo uma dessas novas variáveis.

Espero que com o artigo fique mais claro como podemos usar estatísticas, leques de mãos e tamanhos de apostas para tomar melhores decisões nas mesas.

Comente sobre a mão ou opine sobre o que você gostaria que eu escrevesse no próximo artigo nesse tópico do forum.

Abraço, Felipe Satori.

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