Estágios de um Torneio – Parte III

Olá leitores!

Na terceira e última parte desta série, falarei um pouco sobre a forma que costumo jogar em mesas semifinais e finais de torneios, o momento sem dúvida mais importante do mesmo.

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As mesas semifinal e final

Muitos jogadores têm certas dificuldades nesses estágios, pois são naturalmente os mais tensos do torneio. É quando você passa a chegar muito perto de onde o verdadeiro dinheiro se encontra. Neste momento, você terá de juntar todas as estratégias citadas nos artigos anteriores de forma a tirar o melhor proveito possível da situação.

Apesar de a mesa semifinal premiar muito pouco quando comparada a mesa final, eu particularmente a considero tão importante quanto à mesma. O motivo disso é que um dos principais objetivos de um jogador a partir do momento que o mesmo se registra num torneio é chegar a uma mesa final. Além de lá estar o verdadeiro dinheiro, é uma alegria muito grande pra um jogador alcançá-la. É praticamente como uma final de campeonato, onde restaram apenas aqueles que conseguiram sobreviver à árdua batalha contra centenas de adversários durante a trajetória. Ou seja, estar nela não só é uma grande satisfação financeiramente falando, mas um desafio gratificante.

Ao mesmo tempo em que a glória da mesa final está tão próxima, o mesmo o está o pesadelo de ser o bubble dela. Ou seja, ser o jogador que foi o último (ou um dos últimos) a ser eliminado antes que a mesma se forme com os finalistas. Passar da mesa semifinal para a final chega a ser um alívio. É basicamente como tirar um peso das costas. É como passar no vestibular de um torneio onde não passar por falta de 1 único ponto (ou 1 out no nosso caso) transforma-se num desastre.

Mas por que todo esse melodrama? É porque é assim que um estágio final de um torneio funciona. A tensão é imensa para a maioria dos jogadores que ali se encontram, principalmente se você está jogando um torneio com mais de 1000 jogadores entrantes. E saber extrair o maior proveito possível desta situação é o que vai fazer você se tornar um grande “donkament”.

Reconhecendo oponentes e identificando alvos

Nos primeiros artigos que escrevi para o MaisEv, falei da importância de se utilizar sites de monitoramento de resultados devido ao alto grau de informações que os mesmos oferecem. O que mais utilizo é o Official Poker Rankings, pois o mesmo disponibiliza informações essenciais para definir o perfil dos seus adversários. Para saber mais sobre como tomar notas dos jogadores, veja o meu artigo Tomando Nota, partes 1 e 2 no MaisEv.

Mas quando falo em identificar alvos, uma pergunta deve ser feita antes. Por que fazemos isso? Por que devemos tentar identificar possíveis fontes de novas fichas? Por um motivo simples. Um estágio final de torneio não pode depender unicamente das cartas que você recebe. Em torneios você deve saber jogar stacks (algo que tratarei com muito mais detalhes em artigos posteriores devido à importância que acredito que isso tenha). As cartas às vezes não importam na reta final (ao contrário de todo o trajeto para chegar até lá), portanto você é obrigado a encontrar outros meios de acumular fichas.

Porém, para se utilizar propriamente de sua agressividade, você deve respeitar também outro fator extremamente importante neste momento. Seu stack. Não o comprometa de forma displicente pelo simples fato de que você acha que deve jogar de forma mais agressiva agora. Se você não tem um stack saudável o suficiente para arriscar alguns roubos de blinds, não o faça. Não force nunca as coisas e não se sinta obrigado a tomar decisões simplesmente porque as cartas não vêm. Isso só o levará a jogar de forma errada e o pior, o levará a achar que o que você está fazendo não está certo (quando o que deve ser levado em consideração é sempre o longo prazo).

Alvos a atacar

Os jogadores que mais busco atacar numa mesa semifinal possuem um perfil bastante definido. Os mesmos se encaixam basicamente nos seguintes critérios, sendo que alguns deles você pode descobrir utilizando o Official Poker Rankings:

Jogadores decentes, ou seja aqueles que sabem o que estão fazendo: contra esse tipo de jogador, você consegue se utilizar melhor de sua imagem na mesa e eles respeitam mais seus raises em posição ruim (quando sua imagem é boa claro);

Jogadores que estejam jogando fora de seu nível médio de buy-in: jogadores que estejam jogando fora do seu nível médio de buy-in normalmente sentem uma pressão maior pela questão financeira. Pressioná-los pode ser uma ótima maneira de acumular fichas (mas nunca se esquecendo de respeitar a maneira como ele joga, como mencionarei a seguir);

Jogadores com poucas premiações e que não apresentam um jogo com alta variância: esse tipo de adversário pode ser um ótimo alvo pois mesmo que ele não esteja jogando fora de seus limites, a carência em premiações pode tornar esse jogador mais tight que o normal para que ele consiga chegar à mesa final. Porém, caso o mesmo apresente um jogo de alta variância (para saber mais sobre jogos de alta e baixa variância, veja a primeira parte desta série), ele provavelmente não será um bom alvo, pois esses jogadores costumam jogar muitas mãos mesmo nesse estágio. E o que você menos quer é ver flops com as mãos fracas que usará para entrar de raise preflop;

Jogadores que estejam jogando muito tight nesse estágio: alguns jogadores simplesmente vão jogar de forma tão absurdamente tight, que você pode abusar deles de forma deliberada até que eles comecem a demonstrar resistência. Até lá não pare de atacar;

Jogadores com stacks na casa dos 15 à 30bbs e que entendam de como jogar stacks: normalmente esses são os jogadores que quando estão enfrentando um raise de outro jogador, possuem opções pouco limitadas. Eles detestam dar apenas call no BB, por exemplo, com um stack entre 15 e 20bbs. Eles normalmente optam por all-in ou fold preflop. Logo suas cartas não interessam. O mesmo serve para quando eles possuem algo em torno de 25 à 30bbs. Eles ainda se sentem desconfortáveis em dar call preflop e jogar fora de posição com esse stack, e, pior ainda, detestam dar 3bet e fold com mãos marginais. Normalmente quando dão 3bet com esse stack é sinal que tenham um mão legítima. Logo, mais uma vez, suas cartas não interessam. Mais a frente farei um artigo apenas sobre isso, que, para mim , é a chave de se jogar torneios. É como sempre digo: torneio = jogar stacks;

Jogadores weak passive, mas que não sejam calling stations: jogadores assim são bons alvos quando eles jogam de forma extremamente ABC. Você abre um raise e eles dão call no BB e dão check/fold na imensa maioria dos flops. Isso já não acontece tanto com calling stations. Eles detestam ser blefados e dão call em seus continuation bets com qualquer coisa que tenham acertado. Lembre-se, esses últimos não são seu alvo.

Jogadores a evitar

Ao mesmo tempo em que você deve identificar possíveis alvos em potencial, você deve também evitar entrar em confusão com os jogadores errados, que podem ser eles:

Jogadores com muitas fichas que sejam tanto bons/muito bons quanto muito ruins/muito loose preflop: esses jogadores são sempre um problema quando você possui um stack na média e quer tentar acumular mais fichas jogando potes baixos. Tanto jogadores bons quanto muito loose (normalmente os que apresentam um jogo de alta variância principalmente) com muitas fichas serão um empecilho à sua estratégia, principalmente quando estão à sua esquerda. Eles podem estar aptos a pagar muitos dos seus raises justamente por estarem em posição e terem um grande stack. Isso requer que você jogue mais tight e espere por mãos melhores ao invés de tentar roubar blinds com mãos marginais.

Jogadores calling stations (normalmente os que apresentam um jogo de alta variância): esses jogadores são péssimos alvos, principalmente quando na sua esquerda. Eles defedem o big blind com qualquer mão, dão call em seus raises com mãos que claramente deveriam ser fold. Enfim, eles fazem você ter que se segurar bastante, caso contrário você terá que investir muitas fichas para tirá-los de um pote. Fichas essas normalmente que não se encontram em tamanha abundância nesse estágio que valham o risco de serem utilizadas contra esse tipo de jogador. Blefá-los é uma estratégia bastante arriscada. O melhor mesmo é se segurar e esperar por uma mão boa, pois você muito provavelmente será pago.

Jogadores bons e que possuem um stack na casa dos 13 à 20bbs: esse tipo de jogador sabe como jogar stacks, e se ele identificar que você está atacando muito os blinds, eles podem aplicar o que chamamos de resteal pra cima de você com quaisquer cartas. Fique atento para quem anda atacando muito os blinds e se esses bons jogadores com o stack que citei estão voltando all-in com certa freqüência. Caso estejam, você pode se segurar um pouco para que eles façam o resteal contra outros jogadores primeiro e não com você. Pois a lógica é simples, eles não podem fazer isso toda hora. Portanto quando ele fizer isso com outro jogador, a probabilidade de ele fazer o mesmo com você diminui num futuro próximo. Atente para isso e não deixe que outros tirem proveito dessa situação.

Como podemos ver, existem diversas formas de criarmos situações favoráveis de acordo com as informações que temos disponível. Esperar apenas por cartas não lhe trará os resultados no longo prazo que você almeja jogando torneios, assim como qualquer outra forma de poker.

Esta última parte que citei pode obviamente pode ser utilizada em estágios anteriores às mesas semifinais e finais. Apenas deixei para citá-la agora pois é onde essa estratégia tem um impacto maior. Sua imagem, por exemplo, conta muito mais pois praticamente todos os jogadores estarão prestando muita atenção ao jogo nesse momento. A questão financeira também possui uma influencia maior. Enfim, busque sempre adaptar novas estratégias a diferentes situações, pois é isso que fará de você um jogador diferenciado.

Um grande abraço a todos e sucesso nas mesas.

Diego Nakama

Se você tiver dúvidas sobre os termos utilizados neste artigo, veja nosso dicionário de termos de poker.

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